29 março 2007

em defesa da alma norte-americana

antiamericanismo comigo não cola. acho quase tão estúpido quanto qualquer outra forma de intolerância ou racismo. e, embora não tenha o menor desejo de voltar àquelas bandas, onde já morei e de onde tenho ótimas recordações, não posso negar a profunda admiração que sinto pelos estados unidos.

não pelo que ele representa no cenário político/econômico mundial nos últimos 50 anos, pela qualidade de grande parte do que é produzido artisticamente lá, e muito menos pelo puritanismo das tradições herdadas dos quakers. aliás, com a licença do meu mestre suassuna (o ariano, não o ney), diria que sou atraído pelo espírito do país "real", não pelo "oficial".

amo o que aquele torrão representa em termos de inovação transgressora, não simplesmente no sentido de novidade mercadológica, mas de novas possibilidades efetivas de criação. o grande mérito dos estados unidos, na minha opinião, é possuir em seu dna os cromossomos da grande depressão e da imigração de cérebros, principalmente depois da segunda guerra.

pensem no que seria de roliúde, da literatura, das artes plásticas, das ciências exatas e humanas (comunicação inclusa), sem a oxigenação que veio com os fugitivos de uma europa cada vez mais sufocada e neurótica. sem citar a contribuição anterior da salada formada por africanos, franceses, irlandeses, italianos, chineses, mexicanos e índios, à música, culinária, costumes, vestimenta, etc.

oquei, o velhíssimo continente hindo-europeu foi o berço da civilização e outros babados, mas se não fosse pela retroalimentação do novo continente, ele teria sucumbido ao próprio peso da cristalização de seu formalismo. enquanto isso, desde seu nascimento, os estados unidos foram berço e guarida de tudo o que era desviante. assim surgiram os blues, o jazz e o rock, os beats e os hippies, o new journalism, a internet, a bomba atômica (por que não?).

é óbvio que, em muitos aspectos, o país só anda fazendo cagada, que as nações européias também contribuíram pra cacete para as maravilhas do progresso humano e material, que o brasil e os demais países da américa latina representam hoje e no futuro próximo o embrião de um sopro de vida que vai mais uma vez sacudir o status quo. tudo isso eu sei e ponto.

no entanto, o que me levou a bostejar essa defesa rastaqüera é ver a atitude crescente de hidrofobia contra o local que foi e é o lar de tanta gente que eu admiro. thoreau, clint eastwood, josephine baker, richard stallman, fred astaire, kurt vonnegut, timothy leary, lou reed, mary cassat, miles davis, groucho marx, sam shepard, jennifer connely, frank zappa, malcolm x, al pacino, john fante, charlie parker, edward hopper, paul auster, henry fonda, billie holiday, winslow homer, mark twain, além dos adotados frank capra, elia kazan, salma hayek, billy wilder... e por aí vai. a lista é imensa.

28 março 2007

sonata de outono

finalmente chegou o outono. "mas que diabos é isso?", perguntará a quase totalidade dos cariocas, que só acreditam em duas estações: a do sol e a da chuva, sendo a segunda aquela em que eles aproveitam para retirar os casacos do armário, confundindo umidade com frio -- um conceito tão desconhecido quanto absurdo nessa latitude.

o outono no rio é sutil, e talvez a única característica perceptível seja a mudança de luminosidade. nessa época, o céu fica azulado e o ar adquire uma limpidez que mantém nítida mesmo a paisagem mais distante. é quando o sol começa a traçar uma trajetória oblíqua. reparem só.

na cápsula climatizada com vista para o pão de açúcar que chamo de escritório (podem me chamar de sortudo), o dia parece fotografado pelo vittorio storaro. ia escrever que dá até prazer de trabalhar, mas seria carregar demais na licença poética.

é uma pena o horário de verão não ter permanecido, porque não há nada mais belo que flanar num fim de tarde assim, de preferência bem acompanhado. infelizmente, não se pode ter tudo, e tenho que me contentar em ver -- e não viver. coisas do capitalismo.

27 março 2007

febeapá perde

lendo um artigo no blog do fausto wolff, descubro que existe em florianópolis uma estátua em homenagem à polícia militar, que a população, em sua infinita sabedoria, apelidou de "no meu, não".

foi o suficiente para me levar ao google numa busca ensandecida pela imagem do monumento, já esperando a bizarria. eis que topo com coisa pior.

na página de leis sancionadas em 1997 pela câmara municipal do município, a 5136/97 traz o seguinte título: "AUTORIZA A EREÇÃO DE ESTÁTUA DO SENHOR HILTON DA SILVA, O POPULAR LAGARTIXA NA PASSARELA DO SAMBA NEGO QUIRIDO, LOCALIZADO NO ATERRO DA BAIA SUL".

a íntegra do decreto está aqui.

25 março 2007

23 março 2007

mais uma bobagem irresistível

tarrei do dude, que por sua vez, tarrou sei lá de quem:

- um personagem de cinema:
qualquer um interpretado pelo groucho marx, ou o personagem do robert downey jr. em two girls and a guy.

- um personagem de desenho animado:
samurai jack ou o coiote do papa-léguas

- um homem/uma mulher:
aldir blanc, cyd charisse (por causa dela comecei a gostar de musicais).

- um cantor/cantora:
pensei em frank zappa, mas cantor mesmo é o paul mccartney. e das mulheres, fairuz.

- e se eu não fosse jornalista?
seria palhaço, beduíno ou o jorginho guinle.

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prometo que daqui a pouco escrevo de verdade.