foi tudo muito gostosinho às pampas, mas depois de cinco anos, dois meses e um dia, 818 posts mais esse, cansei.
cansei da cara disso aqui, do endereço e do servidor.
para a infelicidade geral, não cansei das bordunadas.
elas continuam, em casa nova. veremos se muda algo.
até lá.
14 outubro 2008
já comi, já bebi...
26 setembro 2008
poesia pra ela
trecho de cobra norato, do raul bopp.
- E agora, compadre
vou de volta pro Sem-fim
Vou de lá para as terras altas
onde a serra se amontoa
onde correm os rios de águas claras
entre moitas de molungu
Quero levar minha noiva
Quero estarzinho com ela
numa casa de morar
com porta azul piquininha
pintada a lápis de cor
Quero sentir a quentura
do seu corpo de vaivém
Querzinho de estar junto
quando a gente quer bem bem
Ficar à sombra do mato
ouvir a jurucutu
águas que passam cantando
pra gente se espreguiçar
E quando estivermos à espera
que a noite volte outra vez
hei de le contar histórias
escrever nomes na areia
pro vento brincar de apagar
18 setembro 2008
enquanto seu lobo não vem...
como a vida anda acelerada e a agenda, cheia, vou bostejando uns troços legais que cato pela aí, só para não deixar o espaço morrer de vez.
o texto a seguir é a transcrição da coluna do max geringher (mundo corporativo) na rádio cbn, do dia 26 de fevereiro. fez muito sucesso entre os colegas do "selviço".
Nomenclatura de cargos é semelhante em todas as empresas
Os nomes podem variar um pouco, mas de modo geral a nomenclatura dos cargos é bastante semelhante em todas as empresas. Aqui vão os títulos e as respectivas definições:
PRESIDENTE – é o inquilino temporário da cobertura do organograma, com direito a banheiro privativo. É o mesmo que CEO, só que sem sotaque.
DIRETOR E VICE-PRESIDENTE – no fundo, é a mesma coisa. A diferença está no jeito de falar. Enquanto o diretor fala: “Isso aqui está uma bagunça total!”, um vice-presidente diria: “A presente situação requer uma imediata implementação de uma governança corporativa”.
GERENTE – um profissional graduado que ainda não entendeu o que a diretoria espera dele. Quando ele fala em futuro, é acusado de ser pouco operacional. Quando bota a mão na massa, é criticado por não ter visão estratégica.
MANAGER – o mesmo que gerente, só que tem password em vez de senha.
SUPERVISOR – na visão da alta cúpula, é alguém cuja opinião deve: a) ser constantemente solicitada; b) ser imediatamente descartada.
FUNCIONÁRIO – é um indivíduo que ocupa uma função hierárquica semelhante a de uma infinidade de outros indivíduos. Mas, mesmo escondido nesse aparente anonimato, é o profissional mais mencionado nas conversas dos altos escalões. P.ex.: “o funcionário não sabe valorizar o que fazemos por ele”.
ESTAGIÁRIO – é um jovem que se saiu bem em uma infinidade de testes, nos quais foi medida a sua capacidade para se sair bem em uma infinidade de testes.
Se isso tudo pareceu confuso, vamos ao chamado “Organograma Simplificado”:
SUPERIOR HIERÁRQUICO – é o que conta uma piada sem graça;
SUBORDINADO CONSICENTE – é o que ri;
SUBORDINADO ALTAMENTE POTENCIAL – é o que pede para ele contar outra.
mantra contra urucubaca
Discover Aterciopelados!
ouça aqui.
Luz azul - Aterciopelados
Si le cae la roya,
Si lo deja la novia,
Si se lo traga, si se lo traga la tierra.
Si se quedo sin gasolina,
Si lo atracaron en la esquina,
Si le clavaron hondo en el alma una espina,
Ay, si se pone peluda la cosa
Recuerde, la vida es color de rosa.
El cielo es azul,
El espacio esta lleno de luz.
Si esta sobregirado,
Si lo han amenazado,
Si la enfermedad lo tiene desdibujado.
Si el pelo le ha tomado,
Si su rectitud han doblado,
Si con la copa rota, la boca le ha sangrado
Ay si se pone peluda la cosa
Recuerde, la vida es color de rosa, es color de rosa
Y el cielo es azul,
El espacio esta lleno de luz.
Deje que la emocion de la musica penetre
Lo disonante, que le resbale.
Y el cielo es azul
El espacio esta lleno de luz (bis)
Ay, si se pone peluda la cosa
Recuerde, la vida es color de rosa
La novia, a lo bien,
No lo convenia,
Lo que es bien.
El cielo es azul
El espacio esta lleno de luz,
Lleno de luz
10 setembro 2008
casar na melhor idade
recebo um imeio da maffalda chamando para uma comemoração de um ano de sua volta aos braços da cidade. ela engrossa o convite com a desculpa de celebrar o casamento de sua babá, aos 77 anos!
achei a idéia do casamento nessa idade tão sensacional que estou seriamente inclinado a segui-la. vejam:
- nessa idade, você é imediatamente apresentado a todas as manias, achaques e esquisitices do seu cônjuge;
- as brigas serão raríssimas, já que é provável que os dois estejam com a audição bastante debilitada. se já não estiverem completamente surdos;
- em vez de os filhos serem uma preocupação futura, o futuro de vocês é que será uma preocupação para os filhos;
- como são remotas as chances de se chegar até a crise dos sete anos com lucidez, atingi-la será uma vitória, e que dirá ultrapassá-la;
e por aí vai. acrescentaria outros proveitos, mas talvez traísse a boa educação recebida dos meus pais. apelo, portanto, à imaginação(?) dos leitores(?).
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daqui a três dias faz um mês de atraso do aniversário de cinco anos do borduna!
ia aproveitar a ocasião para também comemorar o centésimo bostejo do ano. cheguei a pensar nums troços bacanas pra escrever, com frases e trechos retirados de leituras recentes.
tem razão o amigo babelikós quando diz que ando muito ocupado vivendo. por esse motivo acabei adiando a escrita até o trágico passaralho metafísico da semana passada, que nos arrebatou de uma vez o fausto wolff, fernando barbosa lima, fernando torres e waldick soriano. e nós, emburrencendo...
pensei em homenagear pelo menos "o lobo", mas não tava disposto a remexer em assunto relativo à magrela de preto, que andou rondando perto demais ultimamente. aí, a história do casamento da babá veio bem a calhar.
e antes que me esqueça, parabéns por perder tempo aqui. meu ego agradece.
27 agosto 2008
só dói quando eu rio de janeiro
você passa na rua e vê um autidór com aquela atriz da tevê bonitona, de peito estufado. quando vai reparar melhor no belo trabalho de deus, vê que ela anuncia uma campanha de vacinação contra rubéola. teus colegas de repartição explicam o caso e dizem que você está na faixa etária correspondente.
você encontra na internet um sáite todo bonitinho, mas os únicos postos de saúde indicados na sua cidade estão no subúrbio, em favelas ou dentro de presídios (!) e "casas de custódia". teu passado -- e parte do presente, é verdade -- te condena, mas por nada que chegue ao ponto de te fazer hóspede de instalações dessa natureza.
o sáite exibe um 0800 do ministério da saúde para informações. uma atendente educadíssima e com voz de veludo pergunta o estado de onde fala, indica dois números da secretaria estadual de saúde, e pede permissão para realizar um breve questionário, a título de pesquisa: idade, estado civil, e como chegou a esse número. deseja mais alguma coisa? obrigado por ligar.
você desliga achando que o país, afinal, está indo pra frente, que o governo está realmente tentando cuidar dos cidadãos, que a saúde pública talvez tenha solução.
aí você disca os telefones da secretaria estadual, um de cada vez pra não embolar. jacaré conseguiu? nem você. os números estão constantemente ocupados, provavelmente fora do gancho, para não atrapalhar a lixada de unhas da atendente. assim caminha o rio de janeiro.
dez minutos e quinze tentativas depois, fui atendido, o que invalida o pequeno trecho acima. na verdade, a impaciência em ver respondida minha pergunta misturou-se à vontade de falar mal do governo do estado, o que em tempos de serginho cabral, sempre vem a contento.
26 agosto 2008
arrentina (parte 2)
gerundismos à parte, costumo dizer que gosto de "estar viajando", em oposição a "ir viajar". trocando em miúdos, isso quer dizer que detesto arrumações & preparativos de viagem (malas, reservas, etc.), mas adoro estar fora da minha zona de conforto cotidiana, experimentando lugares e situações diferentes.
na argentina não foi diferente, fiz várias descobertas interessantes:
- achei que sentiria mais fome no frio, suposição que não se confirmou;
- entendi na carne o significado da expressão "frio de doer", ao tomar o primeiro banho frio com a temperatura abaixo de 9oC;
- porque ele reina absoluto sobre a paisagem, o pôr-do-sol do pampa é o mais lindo que já vi;
- aliás, o pampa, como bem dizia minha anfitriã, é uma vertigem horizontal. no campo, salvo por uma ondulação no terreno, você consegue facilmente enxergar todo seu entorno num raio de cinco quilômteros;
- os homens lá se beijam no rosto. fui a um jantar em que um cara chegou atrasado e foi mecanicamente estalando a bochecha de todo mundo, inclusive a desse que vos escreve. e o sacana ainda estava com a barba por fazer, o que tornou a coisa toda muito mais desagradável. até beijo alguns parentes e amigos mais chegados, mas acho que, como na música do gil, ainda vou demorar muito tempo até aprender a beijar outros homens como beijo meu pai;
- no geral, bem geral, achei a alimentação do argentino médio muito pobre: basicamente carne (muito boa, faça-se justiça) e batata. senti falta de mais hortaliças e frutas;
- chimarrão (que eles chamam de mate) é a bebida socialista por excelência. todo mundo bebe na mesma bomba, democraticamente. achei a erva "picotada" de lá é melhor que a "moída" daqui;
- o hábito de passar horas em cafés lendo e bebericando devia ser previsto na declaração universal dos direitos dos homens, na convenção de genebra, ou coisa que o valha...
- o espanhol é uma língua muito mais objetiva e incisiva que o português. o pessoal lá não é muito dado a circunlóquios e diminutivos;
- eu teria sido um adolescente felicíssimo em buenos aires: lá é possível vestir, sem dramas térmicos, todo e qualquer figurino americanizado que se vê nos comercias e seriados de televisão da moda: casacões de pele ou nylon para rappers, blazers sobre moletons com capuz para os descolados urbanos, longos sobretudos negros para góticos e soturnos em geral; casacos de couro para punks e roqueiros, minissaias com meias-calças de todas as cores imagináveis para as alternativas, além de outras coisas que não reparei;
- depois de 15 dias, não agüentava mais escutar e (tentar) falar espanhol. até ouvir a conversa alheia me irritava. no fim da viagem já buscava me comunicar por gestos;
- e finalmente, a tal convergência digital é uma falácia. as mídias podem até atingir um padrão comum, mas os fabricantes continuam querendo ser "autorais". minha bagagem ficou atulhada com cinco tipos de fios diferentes para o celular, a câmera e o ipobre.
17 agosto 2008
topas as tropas?
o tribunal superior eleitoral aprovou na última quinta-feira o uso das tropas federais para garantir a segurança do processo eleitoral no rio. da maneira como vem sendo noticiado, a impressão é a de que elas não vêm para garantir a isenção dos eleitores nas áreas carentes, onde os traficantes de drogas, parece, estão até exigindo foto dos votos nos candidatos de sua preferência.
as forças armadas vão é fazer a segurança dos candidatos na entrada em favelas e comunidades, onde eles continuarão fazendo seu joguinho demagógico de comício-churrasco-aperta-mão-e-tchau. e depois da eleição, tudo continua na mesma, a população oprimida e mal-paga.
se nos últimos 30 anos os políticos eleitos olhassem para as favelas um pouquinho que fosse, a escala de violência no rio e na baixada não chegaria ao ponto em que chegou. eles estão simplesmente colhendo o que plantaram. refiro-me ao rio, mas o mesmo vale para as outras grandes capitais.
curiosamente, os candidatos da direita foram os que aprovaram as tropas. eduardo paes -- aposta do governador sérgio cabral para o comando da cidade -- chega inclusive a expressar o desejo que elas ficassem no rio "para sempre", delegando a terceiros o trabalho que seria da responsabilidade de seu aliado.
ao sugerir medidas que contemplem apenas a repressão, duda mostra o mesmo despreparo do colega serginho, preferindo atacar as consequências em vez das causas. como o cara da piada que pega sua mulher com o amigo no sofá da sala e para resolver o problema, vende o sofá.
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aliás, ao criticar o general comandante militar do leste de "falta de pró-atividade", o filho do sérgio cabral dá outra demonstração de arrogância, imaturidade e desconhecimento da hierarquia militar. ou então é tudo jogo de cena, o que também não o isenta em nada. a nós cabe o papel de bobo.