o banco de boston deve ser uma espécie de vigário geral.
senão, por que anunciaria algo como "bank boston: é impossível chegar lá sozinho"?
10 junho 2005
gênios da publicidade
05 junho 2005
la giralda não tem escada!
estou me tornando um leitor involuntário de dan brown. no natal, ganhei do namorado da minha mãe o "anjos e demônios", a gora, no meu aniversário, como fui educado em elogiar a escolha, ele me presenteia com o "fortaleza digital". apesar de não ter lido o famoso "código...", posso considerar-me um conhecedor, depois de ler mais da metade das obras publicadas no brasil.
sua fórmula é fazer uma suposta investigação sobre os mitos modernos que alimentam a paranóia e a curiosidade geral (os illuminatti, as "verdades" sobre j.cristo que a Igreja não conta, os templários, a agência americana que controla o fluxo mundial de comunicação). as histórias se passam em períodos de mais ou menos 24 horas, com ação do início ao fim, e muita correria por cidades turísticas.
aliás, foram as referências utilizadas que me trouxeram a este texto. o mario sergio conti escreveu um artigo no nomínimo (infelizmente já fora do ar, mas tem o do pedro doria), sobre as gafes cometidas pelo dan brown no "código"; erros na geografia de paris (coisas equivalentes a pegar o rebouças em ipanema e sair em bangu), vacilos artísticos e de verificação trivial pela internet, como o número de quadrados da pirâmide do louvre. quando não se conhece os lugares citados, como foi meu caso no "anjos...", engole-se qualquer informação como se fosse verdade.
mas ele escorrega feio no "fortaleza digital": em sevilha, um assasino persegue um dos heróis, que acaba refugiando-se na torre la giralda. e tome perseguição, com pulos pelos vários lances de "degraus íngrimes". só tem um detalhe: la giralda não tem escada!!!!!!!! a torre foi construída pelos mouros com rampas, para que o muezín (o camarada que convoca os fiéis à oração) pudesse subir a cavalo. em 97 eu estive lá e vi. porra, como é que não deram um toque no caboclo? será que ninguém para quem ele mostrou o texto, nem os editores, jamais foram a sevilha?
entretanto, não resta dúvida de que ele domina a carpintaria do estilo roliúdiano de escrever, apesar dos furos, das situações absurdas e dos personagens chapados. mas está longe de ser literatura. é entretenimento. ponto. é como decifrar uma charada de almanaque.
de qualquer forma, louvo a capacidade de levar à leitura pessoas que normalmente têm ojeriza a livros. sempre resta a crença de que o hábito permaneça e que o gosto evolua.
(aliás, nos dois livros só se torce para os vilões. os heróis são patéticos e obscurantistas, para dizer o mínimo.)