29 agosto 2006

gênios da publicidade

já repararam a semelhança entre a nova campanha do net vírtua e o logotipo dos carrinhos hot wheels?
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fica a pergunta que não quer calar: plágio ou ignorância? ou será que em propaganda existe um nome inglês que defina esse conceito?

20 agosto 2006

money for nothing

em entrevista à caros amigos de agosto - a que tem a opus dei como chamada de capa - o sr. nagashi furukawa, ex-secretário da adminstração penitenciária de são paulo, diz com todas as letras na página 34: "Em Presidente Bernardes, a manutenção de um preso custa cerca de 3000, 3500 reais por mês".

prestaram atenção aos valores? um camarada, sem produzir nada, recebe invetimentos mensais mais altos que o salário pago a vários profissionais que conheço, com mestrado e dez horas de trabalho diário.

bom, levante a mão quem acha isso um absurdo. e essa excrescência nem é exclusiva do brasil. arrisco chutar mais longe e identificar o problema com o próprio sistema econômico que alimentamos e que nos sujeita. o truque é naturalizar as coisas ao ponto de nos fazer repetir "ah, mas essas coisas são assim mesmo". assim mesmo o cacete, farroupilha! se tá todo mundo insatisfeito, vamos ousar levantar a cabeça acima da manada e pensar que pode as coisas podem sim, ser diferentes. o "como", fica a cargo da criatividade de cada um.

17 agosto 2006

análise combinatória

sem motivo aparente, ando obcecado com uma música há dias. enquanto não conseguia baixar a danada, dei uma circulada na rede e encontrei o vídeo abaixo. duas coisas muito boas em síntese perfeita. o que é o talento criativo, não é mesmo minha gente? (regina style)

11 agosto 2006

cadê o fidel?

podem me chamar de baba-ovo, mas não me canso de tecer loas ao fausto wolff, talvez o único (será o último?) cérebro pensante em atividade na grande imprensa brasileira. ouvi falar sobre o artigo a seguir numa aula dessa semana, aparentemente tendo sido publicado nojb. não sei. achei-o no saite do lobo.

Fidel já morreu?

Se morreu, foi-se, na minha opinião, o maior herói do século 20. Com ele morrem muitos personagens: o jovem advogado, filho de rico fazendeiro envergonhado de viver numa pátria em que um patife vagabundo como Batista havia transformado num bordel de luxo para a máfia e políticos norte-americanos corruptos. Morreu o rapaz que passou dos 27 aos 29 anos na cadeia por não aceitar a democracia imposta pelos americanos com votos comprados ou obtidos à força.

Morreu o leitor de Martí, de frei Bartolomeo de las Casas, de Marx e, certamente, de Cervantes. Morreu o homem mais amado de Cuba e o mais odiado pelos cubanos que preferiram Miami e Disney. Morreu também o homem que condenou muita gente à morte, entre elas, o número 2 das Forças Armadas Cubanas, envolvido com o tráfico de drogas. Morreu o homem que a CIA tentou matar mais de dez vezes e que suportou o maior embargo econômico da história moderna.

Morreu o homem que fez a reforma agrária como já poderíamos ter feito há muito tempo: pagando aos latifundiários o que declararam que valiam as terras na hora de pagar seus impostos. Morreu o homem que devolveu a auto-estima aos cubanos. Morreu o homem que diziam possuir a quinta fortuna no mundo. Fidel respondeu que, se encontrassem um dólar numa conta em seu nome no exterior, ele resignaria ao cargo. Morreu o homem que acabou com o analfabetismo, tornou obrigatório o ensino médio e financiou universitários. Morreu o homem que fez de Cuba um exemplo para a medicina da América Latina. Morreu o homem que fez de Cuba a maior potência atlética da América Latina. Morreu o comunista que o papa abençoou.

Certa vez, em Cuba, comecei a entrevistar passantes nas ruas. Todos estavam empregados, ninguém morava em casa alugada e todos, de certa forma, eram funcionários do Estado. Menos um. Perguntei ao senhor carequinha se era funcionário e ele, sorrindo, disse-me que não. "Profissional liberal. Soy limpiabotas."

Na verdade, foram os americanos que jogaram Fidel nos braços da União Soviética. Queriam eleições em Cuba e tinham um candidato que - como já haviam feito com Batista - seria apenas um homem de palha. Foi muito ingênuo achar que, depois de limpar e dedetizar a casa, Fidel deixaria que os americanos colocassem alguém como Collor, por exemplo, lembram-se? Ou como Sarney e FHC, que deixaram o poder riquíssimos e o povo cada vez mais pobre e ignorante.

Arthur Miller, Robert Frost, Edmond Wilson, Sartre, Russell, Clifford Odets, Adlai Stevenson, John Steinbeck, entre outros grandes intelectuais da época, escreveram artigos pedindo a Kennedy que deixasse Cuba em paz. Mas ele preferiu promover o fiasco da Baía dos Porcos e receber, como hóspedes, cubanos leais que em Cuba ninguém queria.

Estive duas vezes com Fidel. Da primeira, perguntei-lhe (ordem da direção da TV) por que não instituía eleições livres. Ele me declarou que sairia muito caro para eles e mais caro ainda para os americanos que mandariam dinheiro para corromper os poucos indecisos. Da segunda vez, eu e outros jornalistas o acompanhamos num passeio pelas ruas - e não vi um guarda-costas.

Formou-se uma multidão gritando "Viva Fidel!" e uma mulher grávida o abraçou. Perguntou-lhe quantos filhos já tinha. Ela disse que este seria o terceiro, e ele: "Por que não está tomando pílula? Que seja o último. Nossa ilha não pode alimentar mais do que o seu espaço permite". Hoje em dia falam muito das prostitutas de Cuba, mas esquecem-se de falar dos milhões de mulheres que, graças a Fidel, salvaram-se da miséria, da fome e da prostituição. Podemos dizer a mesma coisa?

Mas Cuba é uma ditadura e Fidel um ditador. Pois eu lhes digo que 80% do povo brasileiro jamais viu tal democracia. Da última vez que estive em Cuba, entrevistei Teófilo Stevenson, cinco vezes campeão mundial olímpico dos pesos pesados. Ele me apresentou a mulher e filhos, bem como os alunos de educação física. Perguntei-lhe por que não aceitara o contrato de US$ 5 milhões que os americanos haviam lhe oferecido. Respondeu: "Havia muito a fazer em Cuba e, além disso, há coisas mais importantes que o dinheiro".

Fidel já morreu? Não? Então, viva Fidel.

nova identidade

esse ano passei por um acontecimento de forte carga simbólica, e repleto de sentidos ocultos. durante o carnaval, em pleno cordão do bola preta,perdi minha carteira com minhas mirradas economias e todos os meus documentos. para dar uma melhor dimensão dramática ao incidente, posso resumi-lo ao dizer que no bola preta perdi minha identidade.

mas só me dei conta disso muito depois de enfrentar a via-crúcis de registrar um b.o. na polícia, dar baixa no cartão do banco, e entrar com a solicitação para os novos documentos. foi a resposta de uma amiga à notícia de que o rg havia ficado pronto. "parabéns pela nova identidade!", escreveu ela no msn. foi então que pensei em como seria saudável se as pessoas pudessem trocar as identidades quando julgassem estar entrando numa nova fase de vida, ou superassem um grande problema, por exemplo.

mal sabia eu o quão profética era minha divagação: em menos de um mês, comecei a vivenciar um processo de melhorias que deu uma guinada radical na minha realidade, de forma que eu sequer podia sonhar (e ainda está longe de completar-se). e por mais que pareça exagerado, junto com as mudanças externas, uma metamorfose psicológica também está em curso. aos poucos sinto que, sob vários aspectos, antigas perspectivas de visão de mundo estão sendo abandonadas por outras mais frescas. é como se eu fosse uma cobra trocando de pele.

nem preciso dizer que para um geminiano triplo, esse é o melhor dos mundos.