30 julho 2005

para ler nas entrelinhas

o consciência.net faz uma radiografia da opinião da globo através da coluna observatório do jn (lá no pé da página).

nesses tempos de monopólios midiáticos, as opiniões da estrela da morte estão forjando não apenas a opinião pública, mas um modelo de inconsciente coletivo.

é a murdochização tupniquim...que mêda!

29 julho 2005

entrou para a direita

(para a coluna da direita, bem entendido)

tá com saudades dos textos do carlos castello branco? das pretinhas batucadas pelo joão saldanha? e que tal contar ainda com o auxílio luxuoso de lena frias, e dele, o próprio dr. nascimento brito?

só aqui no avenida brasil (que também poderia ser rio branco...).

28 julho 2005

atire a primeira pedra?

em sua biografia, além da frase "esqueçam o que escrevi" (apócrifa, ao que parece, mas nem por isso menos ilustrativa), o príncipe fernando henrique cardoso deveria acrescentar outra, "esqueçam o que fiz". e ficar bem quietinho até 2007, porque sua reputação não resiste a um "olha o rapa!" gritado na uruguaiana.

no mais, o aldir continua afiadíssimo. não por acaso o considero, ao lado do fausto wolff, um dos camaradas mais perspicazes da atualidade. além de um compositor de futuro. guardem esse nome.

Rua dos Artistas: Varejeiras na sopa
Publicado por Aldir Blanc no Jornal do Brasil em 26/07/2005


O deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE) expectorou, na CPI dos Correios, em tom mucho surpreso:

- Nós falamos em milhões como se falássemos de trocados...

É verdade, deputado. Vossa Excelência tem razão. Como político profissional, deveria estar acostumado ao fenômeno (não confundir com o Ronaldo). No textículo abaixo, fornecerei alguns subsídios à perplexidade de Vossa Excelência.

O amigo e leitor Isaac Goldenberg respondeu a meu pedido de ajuda lançado em crônica passada. Recebi um suculento e-mail que, certamente, será de utilidade pra alcatéia que gosta de carniça fresca e omite o que lhe convém. Vamos ver alguns milhões que viraram trocados, deputado Sérgio Guerra:

1. Sivam - O tal Sistema de Vigilância da Amazônia, que derrubou ministros e assessores presidenciais de FHC I e II. Cifra estimada do contrato, entre outras denúncias de corrupção e tráfico de influências: US$ 1,4 bilhão!

2. Com o Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer), tucanagens de FHC I e II beneficiaram com R$ 9,6 bilhões o Banco Econômico, para favorecer o aliado ACM, vulgo Malvadeza. Hoje já temos até o Malvadinho atuando na CPI dos Correios.
3. Precatórios - Mutreta com pagamentos de títulos no DNER (Departamento de Estradas de Rodagem). Prejuízo estimado: R$ 3 bilhões.

4. Compra de votos - Essa foi muito bacaninha, deputado Sérgio Guerra, porque mostra a diferença entre mensalão do PT e mesadão das elites. Aqueles que votaram a favor dos projetos de governo de FHC I e II teriam recebido R$ 200 mil (cada um, claro). O pedido de uma CPI foi afundado pelos dignos parlamentares governistas.

5. Socorro nas coxas aos bancos Marka e FonteCidam - Rombo no bolso da galera em torno de R$ 1,6 bilhão. Tem até banqueiro foragido. Pra variar e ficar igual, proposta de criação de uma CPI foi arquivada pela bancada governista.

6. Apoio à Previ, caixa de previdência do Banco do Brasil, pra uma mãozinha - grande - ao consórcio do Banco Opportunity. Um dos donos do banco era o tucano Pérsio Arida. A negociata envolvia a Telebrás, o BNDES, o então ministro das Comunicações, Luis Carlos Mendonça de Barros etc., etc. Valor estimado da cartada: R$ 24 bilhões. CPI evitada.

7. Denúncia em torno da grande figura tucana Eduardo Jorge, secretário geral da Presidência de FHC - esquema de liberação de verbas no valor de R$ 169 milhões para o TRT/SP; lobbies para favorecer empresas de informática; uso dos fundos de pensão nas privatizações.

8. O procurador-geral da República da época, Dr. Geraldo Brindeiro, foi batizado de ''Engavetador Geral''. Dos 626 inquéritos instalados até maio de 2001, 242 foram engavetados e 217 arquivados. Envolviam 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e ex-ministros e, em quatro deles, o próprio FHC I I e II.

Não apuraram lhufas. De nada, deputado Sérgio Guerra. Disponha sempre.


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ps: fh nega a autoria da frase, mas o globo de 26 de maio de 2003 o desmente. infelizmente, não tenho link ou o autor do texto, mas a referência está na página 27 da prova de vestibular da ibmec para o segundo semestre de 2003 (tem que baixar, por isso demora para abrir):

O presidente Fernando Henrique Cardoso passou seus dois mandatos sob a espada de Dâmocles por causa de uma frase que negou, em diversas oportunidades, ter dito: 'Esqueçam o que escrevi'. A frase literal seria 'Esqueçam o que escrevemos no passado, porque o mundo mudou, e a realidade hoje é outra' e teria sido dita, segundo os presentes, num almoço fechado com empresários, em São Paulo, em junho de 1993, quando ainda era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.

medo da tia regina

na época das eleições, eu fiquei muito puto com a regina duarte. passado o tempo, reflito em como a falta de conhecimento da personalidade das pessoas nos leva a equívocos.

hoje me pergunto como, afinal, pude ter raiva dela?

27 julho 2005

baixo calão

nunca achei que fosse ouvir tantas vezes a palavra "cueca" no jornal nacional.

síndrome de odorico

a síndrome de odorico paraguassú -- mal batizado em homenagem ao imortal personagem do idem dias gomes, e que acomete a maioria esmagadora de nossa classe política -- acaba de fazer mais uma vítima:

“Eu rejeito, reajo com indignidade com relação a essa informação de que a CPMI estaria escondendo ou deixando de deixar informações para os deputados, deputadas, senadores e senadoras. O drama que todos nós temos não é privilégio de um, de dois, de três, de quatro, mas de todos os parlamentares”, afirmou o senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios.

meus pobres tímpanos quase se romperam ao escutar essa pérola do jornal nacional de ontem. daí fui conferir a transcrição; afinal, poderia ter sido apenas um excesso de cerume. mas qual...

é capaz de o nobre deputado ter ficado mesmo muitíssimo indignado, para reagir de tal maneira àquela informação. não tanto "com relação", mas talvez em relação a ela, ainda que sua aplicação fosse desnecessária.

sinceramente, prefiro as metáforas futebolísticas do lula...

tirou as palavras da minha boca

Vingou nas redações a certeza de que qualquer um pode ser crítico de cinema porque todo mundo vai ao cinema desde criança. Na verdade, qualquer um pode ser crítico de cinema, hoje em dia, porque qualquer jornalista razoavelmente adestrado é capaz de redigir um comentário de 30 linhas depois de abastecido de informações que às toneladas lhe chegam às mãos, através de folders promocionais, revistas, sites e programas de TV por assinatura. Se lhe derem menos de 30 linhas, talvez nem precise assistir ao filme—e ninguém irá notar.

retirado daqui. para ser mais exato, do texto do sérgio augusto "o outono (ou já seria o inverno?) da crítica", transcrito no dia 14/07/2005.

infelizmente, o fato não se restringe às redações. por essas e outras que só por educação pergunto às pessoas suas opiniões sobre filmes...

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a propósito, como até o stevie wonder deve ter notado, a cara do blog mudou, graças ao auxílio mais que luxuoso da tati. infelizmente, a inépcia continua a mesma.

16 julho 2005

o flagelo dos anos 80

é, o blog continua uma merda. o computador da tati morreu, e por isso não pude ainda contar com seu auxílio luxuoso para decifrar a merda que deu com o html. acho que pra amanhã tá tudo ok.

mas não era nada disso que eu queria dizer, e sim essa moda -- para mim incompreensível -- de anos 80. admitamos, é uma década boçal, ressaca dos 70 (que por sua vez, já eram o gosto-de-corrimão-de-puteiro dos 60) onde tudo chegou no fundo do poço. política, ideologia, artes plásticas, música. dessa última, então, nem se fala. o tal do rock nacional foi um festival de sorvete-na-testa que me fez parar de ouvir fm's (hoje só o carro de amigos, quando não tem cd) desacreditar de vez na produção fonográfica e em tudo que não fosse mpb (pouca coisa desta, também). há males que vêm para bem, afinal de contas.

para não dizer que nada prestou, destaco as únicas coisas do período que não me envergonho de ouvir hoje: police, paralamas do sucesso e camisa-de-vênus. o resto, na minha opinião, pode ser incinerado sem perdão ou remorso. não é por acaso que a chamam de "a década perdida".

(ah, claro, não poderia jamais deixar de citar o sovaco cabeludo da madonna -- prova inconteste da existência de um tesão superior, responsável na época pelo aumento do meu número de espinhas, cabelos na palma da mão, motivo de destroncamento de pulso e uma quase cegueira. mas, para mim, ela sempre gravitou numa esfera muito distante da música. maltratando manuel bandeira, a madonna foi o meu primeiro porquinho-da-índia.)

no site zerozen tem um especial sobre o período. a descrição do rock brasileiro, apesar de uma escorregadela aqui e outra ali, achei bem fiel. enfim alguém teve coragem de dizer algumas verdades!... do resto, não li nada, mas só o mérito de conseguir que alguns dos manés que se sentiram atingidos respondessem, já vale a visita.

14 julho 2005

eu, héin?!

então passo um carão de tempo sem bostejar, e quando resolvo fazê-lo, esse tal de 'bleggar" me deixa, do nada, um palmo de vazio entre o título e o texto?...

vai entender essa bagaça...

13 julho 2005

se cair na área... ou "como não deixar-se enganar por sofismas"

tem alguém aí?

(quase ouço o eco reverberando pelo vazio, "aí... í... í...")

pois é, estou vivo. andei um tempo cansado de escrever, assoberbado com as tarefas de sair das estatísticas de desemprego do jornal da globo, lavar, passar, cozinhar, e me assombrar com a podridão do congresso (sei que há quem se surpreenda com a minha "ingenuidade". mas no dia em que me acostumar com essa pouca-vergonha, peço para quem estiver mais próximo meter um balaço na minha nuca).

hoje cometi uma ação pouco usual, e não sei se me senti bem depois. hipótese: você entra em uma autarquia, em busca de um serviço qualquer. você entra no tal escritório a um dos inúmeros guichês, em busca de atendimento. o funcionário orienta-lhe a voltar a entrada e retirar uma senha para que o atendimento seja efetivado. você obedece, e ao chegar à maquininha, um outro sujeito, que chegou depois de você, está retirando um número. qual seria sua reação?

a) conformar-se por ter visto o aparelhino depois, retirar sua senha e esperar civilizadamente sua vez, ou
b) pedir para que o rapaz lhe dê a senha dele, alegando que você havia chegado antes.

eu, normalmente, teria optado pela primeira resposta, não sem lamentar minha sorte e falta de atenção. pois bem, hoje fui postar uma carta no correio (que nostalgia...), e me vi na situação do carinha que entra depois. um camarada que havia entrado dez segundos antes de mim, dirigiu-se ao meio da loja, percebeu o equívoco e voltou. ao me ver na maquininha, pediu que eu lhe cedesse a vez, pois ele havia chegado primeiro. detalhe: era um cara saudável, entrado nos quarenta, aparentando ser um profissional liberal de classe média. e só havíamos nós de clientes na agência; não havia viv'alma sendo atendida. fiquei tão perplexo que, por puro impulso, simplesmente retirei a senha para mim, sem sequer dirigir-lhe a palavra. diante do meu gesto, ele indignou-se, e ainda ameaçou-me dizendo que não me iria deixar passar na sua frente.

sentei-me, ainda mudo, mas já disposto a fazer valer minha prevalência, mesmo que só de birra. em alguns segundos, a luzinha anunciou meu número. ao me perceber a caminho do guichê, levantou-se, chamou um funcionário dizendo que havia chegado antes, mas não tinha tirado a senha etc. me emputeci e respondi que quando cheguei ele nem estava lá, e que o problema era dele. e cheguei-me ao balcão, estendendo envelope e senha. ele ainda tentou intimidar-me, falando alto: "ah, vai entra na minha frente, é?" ao que respondi afirmativamente. nisso, um funcionário interveio, oferecendo-lhe outro guichê. ele foi-se, resmungando que era preciso acabar com esse tipo de esperteza pequena.

confesso que senti-me um pouco mal, pois havia tomado uma atitude em completa oposição à minha natureza, mas ao mesmo tempo, meu sangue fervia. rapidamente a carta foi selada, recebi meu troco e me mandei, em silêncio. mas minha vontade era passar por ele e falar algo como "tá vendo, seu chorão? de que adiantou o faniquito?", torcendo para que ele retrucasse algo que me desse motivo para enfiar-lhe um murro na cara. o que é - volto a repetir - o oposto da minha filosofia de vida. na rua, me odiei por não ter sido mais incisivo, de não ter provocado, mesmo porque, sei que esse tipo de pequeno burguês adora latir, mas se a situação sugere qualquer tipo de entrevero físico, afina. é o típico proceder do dito "educado-eunuco", que não tem coragem o suficiente para ser veemente (e não violento, note-se a diferença), na defesa de um ponto de vista. sei disso porque ajo da mesma maneira (e não gosto nem um poucode ser assim). mas desta vez, de certa forma, estava no papel de "aproveitador boçal". fiquei também com raiva de não ter tido a frieza de um roberto jefferson, e tripudiar em cima dele com sutileza, de maneira a desestruturá-lo psicologicamente. técnica básica de retórica, ensinou minha irmã, estudante de direito.

sei que quando cheguei no prédio, subi pelas escadas e fiz umas quinze flexões, para descarregar a adrenalina. bebi água ne liguei a tv. no canal francês tava passando deus e o diabo na terra do sol. conheço a história em linhas gerais, mas ainda não foi dessa vez que consegui escapar às garras do sono e assisti-lo. bem que tentei. acordei com a tati chegando, e comentei-lhe o ococrrido. ela me deu total razão, inclusive na minha reação de não "descer ao nível do bate-boca", o que provavelmente era a intenção dele.

realmente, acho que tenho que parar de ter vergonha de não ceder sempre. e não me intimidar com manifestações pseudo-cidadãs egoístas. enfim, as mulheres hão de achar que essa conversa toda não passa de um conflito entre testosteronas...

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depois conto as coisas legais dos últimos dias. participei de uma "oficina de roteiro" no sesc com o grande lourenço mutarelli.

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sei que ninguém perguntou, mas quem quiser saber qual a minha posição sobre os dirceus, genoínos, valérios e delúbios, basta ler a entrevista com o plinio de arruda sampaio, na caros amigos de maio. depois eu explico.