27 fevereiro 2008

pequena radiografia das corporações

"Neste momento o senhor é tão fácil de ser investigado pela Comissão de Valores Mobiliários quanto um homem na esquina vendendo maçãs e pêras. Mas imagine o quão difícil seria investigá-lo se o senhor tivesse um edifício de escritórios cheio até a tampa de burocratas industriais -- homens que perdem coisas e utilizam formulários errados e criam novos formulários e demandam tudo em cinco vias, e que entendem talvez um terço do que lhes é dito; que habitualmente dão respostas erradas para ganharem tempo para pensar, que tomam decisões apenas quando são forçados a isso, e que depois cobrem seus rastros; que cometem erros perfeitamente honestos em operações de adição e subtração, que marcam reuniões sempre que se sentem solitários, que escrevem memorandos sempre que não se sentem amados; homens que nunca jogam nada fora a menos que achem que podem ser despedidos por isso. Um único burocrata industrial, se for suficientemente vigoroso e tenso, deve ser capaz de criar uma tonelada de papéis sem sentido por ano para a Comissão de Valores Mobiliários examinar. E no seu edifício, o senhor terá milhares deles".

o texto é do vonnegut, em "as sereias de titã".

a má-tradução e a adaptação são culpa minha.

26 fevereiro 2008

constatação

para quem esperou 25 anos para conhecer e nove anos para voltar, uma segunda visita em pouco mais de dois meses faz de fortaleza praticamente meu segundo lar.

com todos os méritos, que fique registrado.

25 fevereiro 2008

retrato do artista enquanto jovem (?) macunaíma


(d'après verrissimô)

19 fevereiro 2008

eu sempre soube!

deu no plantão do globo de hoje:

convenhamos, já não era sem tempo.

sem loção

sempre gostei dos comentários dos leitores do globo onláine.

assombra-me a falta do que fazer de quem lá escreve (e minha, por tabela, por lê-los).

mas nessa notícia sobre a infestação de mosquitos na cidade, neguinho se superou.

Atualização:

eis que, quando eu achava que já tinha visto de tudo...

14 fevereiro 2008

me engana que eu gosto

tenho alguns imeios que utilizo como filtros para o meu endereço pessoal. toda vez que tenho que me cadastrar num sáite público ou em promoções onláine, por exemplo, é um deles que indico. este mesmo no topo da página à direita é um deles.

de quando em vez os leio, para ver se não há nada importante, mas a maior parte das vezes são apenas mensagens me oferecendo viagra ou para aumentar não-sei-quantas polegados do meu pênis (devem ter espalhado alguma coisa por aí...). e também tem aqueles milhares de spam prenhes de vírus disfarçados de cartões virtuais, avisos de que vão cancelar minha conta do orkut, meu cpf, pedidos de recadastramento em todo tipo de instituição oficial, financeira e outros babados.

geralmente eu abro para ver a criatividade "dos puxual" que inventa isso. eis que hoje me deparei com a seguinte pérola. leiam com atenção:


como é que os caras acham que alguém vai cair nesse golpe se eles nem se dignam a escrever o português corretamente? é como diz o filósofo, "quer comer minha bunda, tudo bem, mas pelo menos me beije na boca".

13 fevereiro 2008

minhas férias (parte 2)

a demora em continuar o relato da viagem ao ceará está por conta de uns palpites infelizes, que acabaram por levar meu computador a embaralhar tudo o que aparece no monitor, tornando impossível qualquer ação ou leitura.

enfim, o que eu queria dizer é que tenho me lembrado bastante da festa da taíba, a praia perto de fortaleza onde passei o segundo melhor reveillon da minha vida. o primeiro foi involuntariamente sozinho na casa da minha mãe, assistindo a um festival dos irmãos marx na tevê a cabo. distraí-me com os filmes, e só dei por mim quando os fogos começaram a espocar.

não a vi de dia, mas afirmo que a taíba tem a noite mais estrelada e bonita do mundo. mais até do que jericioacoara, para onde fui alguns dias depois. se bem que meu julgamento pode ter sido influenciado pelos fogos e as vibrações da ocasião. vibrações, aliás, em grande parte proporcionadas pelos anfitriões, em especial a marreca, a figura iluminada que a gabi tem como mãe.

a simpatia com que recebeu a mim e outros desconhecidos foi tão grande que não havia como não se sentir bem-vindo, aconchegado e, arrisco dizer, fundamental ali. pouco antes da virada, recebemos rosas e palmas para ofertarmos à iemanjá, e rumamos em fila para a praia, segurando uma corda puxada por ela, que nos explicava ser "o fio que nos une".

de frente para o mar, sob a escuridão quase total, uma doce melancolia tomou conta de mim, e aproveitei para me afastar um pouco e refletir. pensei em perda, solidão e amor ao próximo. mas não estava triste, e sim confortado comigo mesmo e feliz por estar pulsando na mesma freqüência que todos. um estado de espírito parecido com o que senti no carnaval do ano passado.

outra lembrança que permanece, igualmente forte e querida, é a do quase desvario dançante causado pela qualidade do som comandado pela júlia lopes. só que, mais que os pontos de macumba-palavrão do otto, o que não desgruda da mente é a canção lourinha americana, do mestre laurentino, que sabe deus em que furna obscura do passado a ouvi pela primeira vez. isso é que é eterno retorno, o resto é onomatopéia de espirro.

essa lourinha americana
está querendo me esculachar
foi dizendo que eu sou neguinho, e bem neguinho
e lá na américa eu não posso entrar

mas o que eu mais me admiro
é de ver o americano
quando chega no brasil, no brasil
com negro vem se misturar.

mas o que mais eu me admiro
de eu ser um nego brasileiro
e estou noivo pra casar com uma lourinha
e ela é filha de estrangeiro.

07 fevereiro 2008

frases memoráveis do cinema

revendo snatch numa das muitas noites chuvosas que ensoparam o carnaval, topei com a seguinte pérola, proferida por um dos personagens mais sinistros da minha pobre biografia cinematográfica, o gângster bricktop, interpretado por alan ford:


"Do you know what 'nemesis' means? A righteous infliction of retribution manifested by an appropriate agent. Personified in this case by an horrible cunt... me."