31 maio 2007

tora! tora! tora!


já devo ter dito isso antes, mas faço questão de repetir: sou daqueles que consideram a paranóia como uma forma evoluída de inteligência.

pode ser que esteja errado, mas farejo sinais de uma nova invasão nipônica, como a que assolou o mundo nos anos 80. começou com a bela e subnutrida miss universo, agora isso.

23 maio 2007

"lá vou eu de novo, como um tolo..."

a crônica abaixo já é minha conhecida de muuuitos anos. apesar de a parte do "irmão pára-quedista" ser a que melhor se gravou na memória, o universo tijucano em que nasci e me criei até os sete anos, e por onde gravitei por boa parte do meu tempo na terra, guarda muitas semelhanças com o grajaú retratado.

agora que, ironicamente, a vida parece imitar a arte, lembrei-me do texto. a situação não parece muito diferente.

na atual conjuntura, as fichas estão sobre a mesa -- embora ainda fechadas na minha mão. a roleta já começou a rodar, e se ainda não as soltei, e porque a aposta envolve dois universos distintos e antagônicos. um representa a pirueta que minha vida deu há oito meses, e o outro... bem, o outro é um salto no escuro. situação que, convenhamos, excita deveras minha natureza mutante.

vejamos que bicho vai dar. alea jacta est.
ah, não esqueçam o texto, pô!

As noivas do Grajaú - Luis Fernando Veríssimo

Acho que todos deviam ter uma noiva no Grajaú, principalmente os homens casados. Antes que me acusem de incentivar o adultério e a licenciosidade suburbana, esclareço que minha noiva do Grajaú é puramente teórica. E note que falo em noiva, não em amante. As noivas do Grajaú são castas e recatadas. Só deixam pegar na mão e assim mesmo com recomendações. Aquele montinho de carne na base do dedão, por exemplo, só depois de casados.

Você leva duas semanas para encostar, não na noiva do Grajaú, mas no portão da sua casa. Se tocar no seu cotovelo, soa um alarme dentro da casa e o irmão dela, ex-pára-quedista, vem ver o que está acontecendo. Um homem casado que tem uma noiva no Grajaú é mais fiel à sua mulher do que a sua mulher merece. É quase indispensável para a felicidade de um casamento que o marido tenha uma noiva no Grajaú e a visite diariamente das 5 às 6. Menos às quintas, quando ela tem aula de piano.

Como explicar o fascínio das noivas do Grajaú? Não haverá, na sua relação com ela, qualquer promessa sexual. Com sorte, depois de um ano e meio de noivado firme, você morderá a sua orelha. E ela pedirá que você nunca mais faça isso porque ela sente muitas cócegas e, olha aí, quase perdeu um brinco. Um dia, quando conseguir convencer o ex-pára-quedista a deixá-la ir com você até ao bar da praça tomar uma Mirinda, você conseguirá intrometer uma mão nervosa entre o seu braço nu e a blusa até quase em cima, mas aí ela apertará o braço contra o corpo com força e você temerá pela gangrena nos dedos.

E a conversa? A coisa mais íntima que ela perguntará a você será:

- Acompanhas alguma novela?

Você experimentará com assuntos mais conseqüentes.

- És ciumenta?

Ou, afoitamente:

- Qual é teu sabonete?

Mas ela repelirá todas as tentativas de uma conversa séria. Até rirá quando você tentar ser poético,
pomba!

- Esta hora, este crepúsculo, sei lá...

Ela se dobrará de tanto rir. E a mãe dela aparecerá na janela para ver se você não avançou na orelha outra vez.

A vigilância é constante. O pai dela - aposentado, espiritualista - usa um coldre preso à cinta. O coldre está vazio, mas o seu tamanho é eloqüente: em algum lugar está guardada a grande arma com que ele zela pelo seu patrimônio, incluindo a virgindade da filha e uma coleção encadernada de Malba Tahan. Na única vez em que conversar com ele você ficará sabendo que ele já expeliu 17 pedras pela uretra e foi militante da UDN. Cuidado. A mãe tem bigode. Seus olhos pretos na janela são como dois faróis que guiam a virtude de Grajaú para a cama, intacta, todas as noites.

* * *

- Sua mãe não vê novela?

- Só a das oito.

- Não tem o que fazer na cozinha?

- Temos empregada.

- Ela não...

Mas a mãe interrompe:

- Olha esses cochichos, olha esses cochichos...

As noivas do Grajaú têm um irmão menor que se diverte tentando chutar você nas canelas. Um dia ele erra, acerta o muro e vai correndo dizer para a mãe que você lhe bateu.

É uma provação noivar no Grajaú. Por que você insiste?

As noivas do Grajaú têm amigas que passam em bandos pela calçada de braços dados e rindo, você não tem a menor dúvida, de você.

É demais. Você não precisa disso. O casamento está fora de questão. Você já é casado. Ou tem outra noiva em algum bairro onde a vigilância é menor e o acesso é mais fácil. Mas você persiste. O fascínio é irresistível. Às seis em ponto, a mãe dela acende a luz do alpendre. É o sinal para você ir embora. Você jura que nunca mais volta.

Mas aí ela cospe fora o chiclé e pergunta:

- Amanhã você vem?

E você vai.


********

sem comentários.

22 maio 2007

"It can only be attributable to human error"

quem não costuma ter muito o que fazer e gosta de perder alguns preciosos minutos lendo as bobagens que bostejo aqui, pode até pensar que (parafraseando o gande mauro duarte) pelo curto que eu sumi, notaria-se aparentemente que eu subi. mas a verdade a meu respeito muito me entristeceu, porque meu computador morreu. ele morreu.

foi no domingo passado, enquanto eu jantava em frente à tv, esperando umas músicas serem baixadas. do nada, o monitor desligado espoucou num flash de luz. depois de ligado, a tela permaneceu apagada, e a luzinha indicativa, verde intermitente. tentei desligar o computador, e nada. tentei "resetá-lo" (ô, troço feio!), e nada também. desliguei direto no filtro de linha. até aí, tudo bem, visto que meu computador é velho, cheio de achaques e macetes operacionais que já aprendi a dominar. dizem que, com o tempo as máquinas adquirem certas características de quem as opera. pode ser, mas isso é outra história...

no dia seguinte comprei um novo monitor e nada. então senti que a naba era mais grossa do que eu pensava. hoje tive dois diagnósticos à la chico xavier (por telefone, baseados apenas nas minhas descrições), que geraram duas conclusões: ou queimou a fonte, ou a placa-mãe. ambas ruins, e que apressarão minha decisão de comprar um computador novo. o problema é que, neste exato momento, estou mais duro que... bem, estou cheio de contas e dívidas.

inferno astral é isso aí.

********
PS: a propósito, a frase do título é uma fala do computador hal 9000, de um dos meus filmes-fetiches, 2001. há dias estou me deliciando com "os mundos perdidos de 2001", que encontrei num sebo. é uma espécie de relato do arthur clarke sobre a colaboração com o kubrick para a criação do roteiro do filme.

PS2, a missão: outro dia comprei o dvd do filme barbarella, que de tão tosco e ruim, é genial. o que é mais curioso é que o filme, uma ode à beleza da jane fonda (e que beleza! nem vou citar o strip-tease clássico da abertura do filme), é do mesmíssimo ano de 2001. noves fora barbarella ser adaptação de uma história em quadrinhos, não me furto a elocubrar sobre as diferentes visões sobre a conquista do espaço.

12 maio 2007

sobre a canonização do frei galvão

...finalmente acharam um brasileiro santo!

01 maio 2007

divagações no lusco-fusco da consciência (I)

às vezes, grandes pensamentos ocorrem durante o sono, quando o cérebro se liberta das peias da consciência.
Free Image Hosting at www.ImageShack.us
outro dia, à beira do "dorme-não-dorme", tive um estalo: o nome "brainiac", do robô vilão dos superamigos, é uma junção de brain (cérebro, em inglês) com eniac (nome primeira geração de computadores).

ou seja, braniac é, literalmente "o" cérebro eletrônico -- que era como se chamavam os computadores antigamente. deveras curioso...