31 outubro 2004

jerusalém da razão

deu no globo de hoje que a doença do arafat pode ser apenas uma infecção viral (nada mal, em comparação com um suposto diagnóstico de leucemia). diz o periódico:

Por sua parte, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, prometer manter sua dura política de repressão a radicais palestinos e que nem morto Arafat entraria em Jerusalém, cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos. o grifo é nosso.

se a cidade encontra-se num enclave fundamental para a paz mundial, não seria o caso de a onu considerá-la patrimônio internacional (por que só querem fazer isso com a amazônia?), administrada por um conselho supranacional, com direito a tropas para garantir a paz e o livre acesso de qualquer pessoa?

*UPDATE*

retificando minha ignorância no tema, minha médica disse que infecção viral não pode ser classificada nunca como "apenas". primeiro que doenças simpaticíssimas como a aids e o ébola são infecções virais. ela disse também que esse negócio de "queda de plaquetas e firulas afins" cheira muito a coagulação intravascular disseminada, geralmente causada por vírus do tipo filovírus, da família do ebola. ou seja, amiguinhos, pode se tratar de um caso de envenenamento biológico básico.

por isso que eu amo minha médica. e sou dos que acreditam que paranóia é uma forma evoluída de inteligência...

30 outubro 2004

traças (1)

tendo finalmente completado a mudança da antiga casa, deparei-me com a tarefa de reduzir uma pilha babilônica de papel aos padrões aceitáveis. esbarrei com antigos trabalhos e anotações do período de faculdade, praticamente todos relacionados à aula de português da conceição - sem sombra de dúvida, a única matéria que justificou os quatro anos de curso. vou bostejar os mais queridos, para azar de quem os ler.

o texto a seguir é fruto da primeira aula, quando ela já entrou de sola, pedindo para que escrevêssemos a seguinte redação: "quem sou eu?". a minha ficou entre as lida em voz alta para a turma, o que me encheu de orgulho e vergonha.

Bom, eu sou esse nome aí no topo da página. Mas às vezes não sou apenas um nome. Sou também adjetivos. Vários. Poderia gastar cadernos e mais cadernos só me adjetivando. E não seria narcisismo, não. Porqeu nem todos os adjetivos que me dou são agradáveis; mas esses eu prefiro guardar para mim mesmo.

é lógico que há também os que me atribuem. Alguns são simpáticos, outros não são do meu agrado, mas normalmente consigo sobreviver a eles. E até gosto, porque me servem de ponto de partida para auto-análises e reavaliações de comportamento.

Acho que poderia falar mais de mim, mas não gosto de parecer impertinente - não há nada mais maçante do que alguém falando de si mesmo o tempo todo. não é mesmo.

28 outubro 2004

meu qi é 133

não sei se é bom ou ruim, mas foi o resultado desse testezinho. segundo ele, sou um filósofo visionário. meu pai não discordaria muito.
foi assim a resposta:
Your Intellectual Type is Visionary Philosopher. This means you are highly intelligent and have a powerful mix of skills and insight that can be applied in a variety of different ways. Like Plato, your exceptional math and verbal skills make you very adept at explaining things to others — and at anticipating and predicting patterns.

ética e capital

Da terra vos sei dizer que é mãe de vilões ruins e madrasta de homens honrados. Porque os que se cá lançam a buscar dinheiro, sempre se sustentam sobre a água como bexigas; mas os que sua opinião deita a las armas, Mouriscote, como a maré corpos mortos à praia, sabei que, antes que amadureçam, se secam.


Carta de Luís Vaz de Camões, escrita da Índia a um seu amigo, resumindo a ética da civilização cristã e ocidental. mas, diante dos recentes eventos, pode-se dizer que se encaixa como uma luva à (falta de) moralidade capitalista. enquanto essa praga não for superada, só haverá dor e escravidão.

17 outubro 2004

Não poderia ser mais certo

You are .swf  You are flashy, but lack substance.  You like playing, but often you are annoying. Grow up.

Which File Extension are You?

conclusão

falando, a fernanda abreu é a versão feminina do evandro mesquita.

15 outubro 2004

recado ao poder

wilson das neves é baterista de mão cheia e compositor supimpa, mas não sabia que era vidente. e como bom malandro, dá o recado no sapatinho, em forma de música.

vamos acordar, minha gente: "os hômi" tão brincando, e o bicho não tarda a pegar (pra mim, já tá pegando...). não vai ter passeata na praia e abraço que dê jeito, não, rapeize...

O dia em que o morro descer e não for carnaval
(W. das Neves/ P. Cesar Pinheiro)


O dia em que o morro descer e não for carnaval
Ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
Na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
Vai ser de escopeta metralha granada e fuzil (guerra civil)

O dia em que o morro descer e não for carnaval
Não vai nem dar tempo de ver o ensaio geral
E cada uma ala da escola será uma quadrilha
A evolução já vai ser de guerrilha
E a alegoria é um tremendo arsenal
O tema do enredo vai ser "A Cidade Partida"
No dia em que o couro comer na avenida
Se o morro descer e não for carnaval

(repete tudo)

O povo virá de cortiço, alagado e favela
Mostrando a miséria sobre a passarela
Sem a fantasia que sai no jornal
Vai ser uma única escola, uma só bateria
Quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
Que desfile assim não vai ter nada igual

Não tem órgão oficial, nem governo, nem liga,
Nem autoridade que compre essa briga
Ninguém sabe a força desse pessoal
Melhor o poder devolver pra esse povo a alegria
Senão todo mundo vai sambar no dia que o morro descer
E não for carnaval

14 outubro 2004

associação direta

os portões dos campos de concentração alemães eram encimados pela inscrição "arbeit mach frei" ("só o trabalho liberta"). donde se pode concluir que o trabalho não apenas é uma violência brutal, como tem o sabor de uma cruel ironia nazista.
cqd.

chupado de outro blog...

Enviado por César Seabra - 5/10/2004 - 18:24

A idiotia americana

Papo fresquinho, agora há pouco, num elevador da Chambers Street, em Manhattan. Dois amigos brasileiros conversavam, quando uma agente imobiliária americana interrompeu:

- Me perdoem, mas vocês são de onde? E que língua estranha é essa que vocês falam?

- Somos do Brasil e falamos Português - respondeu um deles.

- Ah, eu tenho uma amiga de Portugal, ela também fala Português - disse a gringa.

- Sim, o Brasil foi colonizado por Portugal, por isso falamos o Português. Assim como os Estados Unidos foram colonizados pela Inglaterra e vocês falam o Inglês - respondeu o outro brasileiro.

- Ah... quer dizer, então, que o Brasil faz fronteira com Portugal? - perguntou a americana.

Os dois brazucas se entreolharam e disseram baixinho:

- Não faz isso comigo... Mauuuuuuuuuuuuu...


salve, joão cabral!

uma amiga usou o poema abaixo nos agradecimentos de sua dissertação. eu não poderia estar mais de acordo. até porque as circunstâncias me levaram a utilizar do mesmo expediente.

Num Monumento à Aspirina

Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda a hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia...

13 outubro 2004

autonomia carioca: eu apóio

já tinha ouvido falar, mas pensei em rumores e delírios. no entanto, um outdoor na real grandeza me alertou: o negócio é sério. o movimento pretende separar a cidade do rio do resto do estado, recuperando o antigo estado da guanabara. uma proposta assaz interessante, seja pelo lado político, seja pelo econômico.

carioca ou não, se você ama o rio, não perca tempo. vamos lavar a escória dos "politiquinhos" de volta para o buraco de onde eles nunca deveriam ter saído.

saiba aqui como participar.

12 outubro 2004

adiós, mestre.

meu gosto pela leitura, teve também o mineiro fernando sabino como grande culpado. não me esqueço da primeira vez que que li suas crônicas - forma de literatura pela qual nutro preferência até hoje - no exemplar do "para gostar de ler" que exibia na capa a ilustração de um pintinho, em referência a um dos textos. além dele (o sabino, não o pintinho), paulo mendes campos, carlos drummond e o urso braga: uma trinca da pesada.

mais tarde, foi com ele meu "encontro marcado" com as dores das transformações da adolescência, e os primeiros vislumbres da maturidade. eduardo marciano foi meu modelo de erros e acertos, uma espécie de grilo falante.

foi também graças ao fernando sabino, ou melhor, de sua filha, verônica, que descobri minha paixão por mulheres narigudas.

e agora ele me apronta uma dessas e se vai, provavelmente ao encontro dos outros três cavaleiros do apocalipse - o já citado pmc, hélio pellegrino e otto lara resende. a freqüência lá em cima está cada vez melhor, enquanto que aqui embaixo...

nesse momento de tristeza (fiquei arrepiado quando ouvi a notícia), deixo uma crônica ainda não conhecida - linda - que ma foi apresentada pela tati (linda também).

09 outubro 2004

"era urso?"

era uma vez um livrinho que um dia foi lido por um menino. o menino nunca mais esqueceu da história escrita naquele livrinho, e tampouco dos desenhos que ilustravam suas páginas. passados muitos anos, é possível entender que muitas das escolhas feitas por aquele menino foram influenciadas por aquele livrinho. e hoje, quase vinte e cinco anos depois, o menino descobre o nome do autor: frank tashlin.

o livrinho?
"era urso?"

mesmo sem as ilustrações (primorosas), é uma obra-prima.

respostas cretinas para perguntas imbecis

este questionário tarrei na mão grande.

Adjetivo: imprevisível (dica da tati, de quem roubei o questionário);
Alergia: a estudante de marketing e administração (se tá estudando é porque não sabe);
Amigo(a): o reflexo do espelho;
Amuleto: meu canivete;
Ano: 2004;
Aperitivo: os que vêm antes da comida;
Área: dentro da calcinha;
Arma: língua afiada;
Barulho: gemidos;
Bebida: cerveja;
Bebida alcoólica: grão destilado da caledônia (essa é para os fãs de asterix);
Bordão: "vai por mim que eu te quero bem", "só alegria";
Brega: chorar em filme. choro mesmo;
Brincos: que isso, rapá?! tá me estranhando?;
Calçado: CONFORTÁVEL e durável;
Carne: lombo - no bom e no mau sentido;
Cheiro: mulher de cabelo lavado;
Chocolate: meio amargo;
Cigarro: semedão;
Colégio: nenhum presta;
Cômodo: mais ou menos;
Cor: preto no branco (epa!);
Data: 09/10/2004 (hoje);
Doce: não, obrigado;
Esporte: purrinha;
Fantasia: de esqueleto, fosforescente - sempre quis ter uma;
Fetiche: sandálias pretas em pés de marfim;
Flor: de cactus;
Fruta: não tenho nada contra;
Horário: sem;
Instrumento: caixa de guerra - ainda chego no violão;
Irmão: não, só irmã, a "coisinha";
Junk Food: Bob's;
Língua: português, mas tá cada vez mais difícil encontrar alguém que saiba, para conversar;
Livro: "era urso?", frank tashlin;
Loucura: shopping no fim de semana;
Lugar: colo;
Medo: de ETs, mediocridade e ignorância;
Mobília: rede;
Música: "don't you eat that yellow snow", zappa;
Nome: marcelo;
Número: três, porque é demais!;
Ódio: burrice,
Paisagem: mulher pelada;
Parte do corpo: Meus seios (da tati). A única coisa que gosto mesmo em mim, sem quaisquer ressalvas (deixa ela...);
Perfume: o que eu ganhar de presente. nunca comprei;
Pergunta: "quo vadis?";
Pessoa: fernando;
Piercing: só cerveja;
Programa: comprar pamonha;
Queijo: minas;
Recheio: queijo;
Religião: só lamento;
Revista: trip;
Roupa: limpa;
Ritmo: o que dê para chacoalhar;
Sentido: sem;
Sentimento ultimamente?: prefiro não;
Série: de números;
Signo: gêmeos com peixes, lua em touro, ano do boi de água;
Substantivo: próprio;
Tara: a fazenda de "o vento levou...";
Tatuagem: vai chegar;
Temperatura: 36 graus;
Time: botafogo, botafogo, campeão desde mil novecentos e sete;
Verbo:o que se fez carne;
Viagem: álcool;
Virtude: vai saber...

07 outubro 2004

nasruddin e o acadêmico

a tradição sufi tem as histórias como um dos pilares de seus ensinamentos. e o mullá nasruddin costuma ser o personagem principal delas. ora sábio, ora bobo, nasruddin personifica o ensinamento, que muitas vezes assume a forma de anedotas, e outras, não fazem o menor sentido - na hora. dizem que ele viveu no século XIII etc., mas é besteira. segundo o livro "os sufis", idries shah afirma que nasruddin foi criado pelos dervixes para expressar determinados estados de consciência - ou coisa que o valha. seja lá o que for, esse papo começou com um post da maffalda. bom, vamos ao que interessa:

um dia, nasruddin convida um importante acadêmico para comer na sua casa. o sujeito, muito convencido e cheio de si, chega à casa e bate várias vezes à porta, sem resposta. circunda a propriedade chamando por nasruddin, e nada. depois de várias tentativas, ele se enfurece e, antes de ir embora, escreve na porta: "idiota".

horas depois, nasruddin chega à casa, completamente esquecido do encontro. quando vê o escrito, toma um susto, lembra-se de tudo e corre ao mercado, chamando pelo acadêmico, a quem logo encontra.

"oh, mil desculpas, por favor, perdoe-me. eu só lembrei de nosso encontro quando vi seu nome escrito na minha porta!"


gostou? pra quem manja do idioma do bush, tem mais aqui, aqui e aqui.

06 outubro 2004

força na peruca

sempre que vejo o resultado de uma escova japonesa, me questiono se os americanos não fizeram um mau negócio em poupar tóquio e o resto do país...

metamorfose ou coincidência?

o (via) dinho não está ficando a cara do cantor/ator/whatever fabio jr?
no entanto, o paulo ricardo é que seria o fabio jr amanhã. já o (via) dinho está mais para jerry adriani...

04 outubro 2004

problemas 2, a missão

o espaço dos comentários voltou, mas todos foram apagados. depois da pernada do blogger br, passei pro haloscan. espero que esses não dêem uma de enron, e me deixem na mão de novo. veremos.

problemas

vou tentar resolver o problema nos comentários. espero não tê-los perdido.

01 outubro 2004

"Sizenando, a vida é triste"

o título refere-se à uma crônica do mestge rubem braga que encontrei por acaso, enquanto fazia uma pesquisa. o esperanto pode estar morto, mas o braga pulsa de vitalidade.