este foi o saldo dos últimos três dias: sábado e segunda-feira fui a dois casamentos de amigos. no domingo, teve um típico e folclórico churrascão de subúrbio e, mais tarde, um puta show cover dos beatles.
os dois casamentos foram vizinhos: o de sábado, no topo do forte do leme, a uns 800 metros de altura, com uma vista acachapante estendendo-se desde a baía até o fim de copacabana. o de segunda, foi morro abaixo, no salão do círculo militar, de frente para a praia vermelha.
(aliás, só entende o nome da praia quem vem do mar. à distância, a areia adquire uma coloração avermelhada. já fiz a experiência uma vez, num veleiro.)
no sábado, valsei com minha irmã, forrozei com uma curitibana espetacular, e bailei esse tal de roquenrrou. tomei "chicote" selo preto, e, pasmem! peguei o buquê da noiva. terminamos, umas treze pessoas, na suíte dos noivos, bebendo prosecco (me segurei para não fazer um trocadilho de baixíssimo calão) no gargalo. resumindo, uma pândega.
depois fui à praia, brinquei muito, suei tudo o que podia e o que não podia, e acabei chegando em casa às sete e tal da matina, nas nuvens, com o espírito leve leve de alegria.
às onze acordei, piano, e fui devidamente rebocado para a casa de uma ex-empregada que foi praticamente criada com a minha mãe. zarpamos para o caju, depois do cemitério e do arsenal de guerra da cidade. ela se emocionou quando nos viu chegar, e nós também. e a parentaia estava toda lá. uma festa como nos tempos da casa da minha vó. e tome cerveja, e tome papo, e tome churrasco (ela cozinha às pampas). nos fez questão de mostrar a casa, apresentar a família etc. digam o que disserem, a velha cortesia e a gentileza sobrevivem no subúrbio. gente de peito aberto, recebendo com carinho e com fartura, sem desconfiança.
o filho dela, meu chapinha de brincadeiras e implicâncias dna infância, é professor de percussão e sax, e toca no centro de artes e cultura banto - ou algo assim, não estou muito certo do nome - lá na lapa. do lado do casarão do grupo de teatro tá na rua. quando falei que tava arranhando uma caixa no Laranjada, me chamou para participar das aulas de bateria do bloco dele. aceitei na hora, e se deus quiser, sexta à noite tô eu lá, mais banto do que nunca. negão de nascença.
cheguei em casa, dei uma dormida, e às nove tava tinindo para assistir a mais um show da pepperband. os caras fazem cover dos beatles, e são tão bons que já ganharam prêmio de melhor banda no concurso promovido pelo cavern club, de liverpool. concorrendo com gente do mundo inteiro. neguinho é foda.
todo o primeiro e terceiro domingos do mês eles tocam no far up, na cobal do humaitá. a sensação é a de estar ouvindo o quarteto ao vivo. de arrepiar. entre outras coisas, tocaram a day in the life, e tive que me segurar para as lágrimas não descerem. essa é, por sinal, a interpretação mais pungente do john lennon, na minha opinião. a única que me faz lembrar "putz! john lennon morreu!..." .
os caras não fazem feio. todos cantam, e os efeitos sonoros de estúdio e orquestrações estão todas lá. um dos integrantes é meu bróder de colégio militar, gustavo camardela, na guitarra solo e nos vocais de deixar o paul mccartney de queixo caído.
o casório de ontem também foi jóia. outra faixa etária, universitários. muita dança, biritinha e bifê de primeira. depois conheci um camarada gente fina, e fomos com um grupo para o espírito do chope. lá encontrei mais alguns amigos, e acabei chegando em casa um pouco mais tarde do que devia.
minha maré está definitivamente mudando para melhor. sinto no ar. basta uma sintonia fina minha com o mundo, e de 2004 em diante, ninguém me segura.
caô cabecile, meu pai Xangô!