04 fevereiro 2004

manara, pratt, corto & bergman

manara conheci por volta dos 14, apresentado por um amigaço. para quem não sabe, maurillo (milo) manara é para a minha geração o que o carlos zéfiro foi para a do meu pai. desenhista italiano de primeira linha, é doutor em safadezas. suas mulheres de papel estão entre as mais gostosas do mundo, concorrendo inclusive com as de carne e osso (aliás, “homem de papel” é um de seus títulos lançados no brazuca).

hugo pratt eu só descobri mais tarde, já batendo a casa dos 30. quer dizer, conhecia algo de sua obra, mas tive que amadurecer para me apaixonar pelo seu traço. esse é MESTRE, com direito à maiúscula em tudo. veneziano, das viagens que empreendeu por boa parte do mundo, tirou subsídio para histórias inesquecíveis, muitas delas vividas por seu personagem-alter-ego, corto maltese.

marinheiro mercenário, charmoso e enigmático, corto é filho de uma cigana feiticeira, "la niña de gibraltar". ainda menino, nota a surpresa da mãe ao constatar que o filho nascera sem a “linha do destino”. assim, corto pega escondido a navalha de seu pai e traça-a ele mesmo na palma da mão. suas histórias ocorrem por volta das décadas de 10 e 30, passando pela primeira guerra até a guerra civil espanhola, onde relatos dão conta de que ele desaparece de vez.

guiseppe bergman é o cruzamento da colaboração dos dois mestres. ganha vida em 78, pelo traço de manara, no álbum hp e guiseppe bergman. na história, bergman, de saco cheio da vida, aceita a proposta de uma grande corporação de viver uma aventura onde ele imaginar, com tudo pago, em troca da exploração comercial da mesma. só que o personagem é incapaz de lidar com os imprevistos. maldizendo sua sorte a todo momento, ele tenta se convencer de que “agora, sim, começa a aventura!”. seu mestre de aventuras, espécie de quebra-galhos para orientação nos momentos críticos, é um certo hp, ou, nada menos que o hugo pratt em pessoa. bela e merecida homenagem.

tudo isso para dizer que, bom a dissertação não anda, mas “agora sim, começa a aventura!”

alea jacta est!