15 outubro 2004

recado ao poder

wilson das neves é baterista de mão cheia e compositor supimpa, mas não sabia que era vidente. e como bom malandro, dá o recado no sapatinho, em forma de música.

vamos acordar, minha gente: "os hômi" tão brincando, e o bicho não tarda a pegar (pra mim, já tá pegando...). não vai ter passeata na praia e abraço que dê jeito, não, rapeize...

O dia em que o morro descer e não for carnaval
(W. das Neves/ P. Cesar Pinheiro)


O dia em que o morro descer e não for carnaval
Ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
Na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
Vai ser de escopeta metralha granada e fuzil (guerra civil)

O dia em que o morro descer e não for carnaval
Não vai nem dar tempo de ver o ensaio geral
E cada uma ala da escola será uma quadrilha
A evolução já vai ser de guerrilha
E a alegoria é um tremendo arsenal
O tema do enredo vai ser "A Cidade Partida"
No dia em que o couro comer na avenida
Se o morro descer e não for carnaval

(repete tudo)

O povo virá de cortiço, alagado e favela
Mostrando a miséria sobre a passarela
Sem a fantasia que sai no jornal
Vai ser uma única escola, uma só bateria
Quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
Que desfile assim não vai ter nada igual

Não tem órgão oficial, nem governo, nem liga,
Nem autoridade que compre essa briga
Ninguém sabe a força desse pessoal
Melhor o poder devolver pra esse povo a alegria
Senão todo mundo vai sambar no dia que o morro descer
E não for carnaval