28 setembro 2005

minha namorada não fala klingon

outro dia, um episódio dos simpsons que assisti se passava numa convenção de quadrinhos (ou de cinema, sei lá, não peguei do começo). num dado momento, aparecem uns camaradas vestindo fantasias futuristas de escola de samba, de testas falsas com uns chifrinhos no meio, falando como se fosse de trás pra frente. grito eu para a tati, que estava no computador:

- olha lá, tati, os caras falando klingon. o que eles tão dizendo?

- sei lá. eu não entendo nada de klingon - respondeu, sem despregar os olhos do sims (um dia ainda entendo qual é a graça desse jogo).

- como é?? você não sabe klingon? que espécie de nerd é você?

pois é, amiguinhos, meu mundo caiu. minha namorada, que me iniciou no culto a asimov; que me fez assistir e gostar! de friends e "er" (eu confesso); que ainda tenta bravamente, apesar do pouco sucesso, me fazer entender qualquer coisa das teorias do stephen hawking; que além do sherlock holmes, leu tudo de dostoiévski, checov, goncharov e outros palavrões russos; que gosta de heavy metal alemão (!) estilo rpg - role playing games - e dos solos masturbatórios de rush, steve vai e afins; que tem tesão no rutger hauer; que morre de rir com os clipes do "weird al" yankovic; que leu "eurico, o presbítero" aos sete anos, e é capaz de devorar trezentas páginas em uma tarde; que vestia cloak de maga patalógica; uma mulher maravilhosa, enfim, que bate no peito com orgulho de ser nerd; pois bem, essa mulher não sabe falar klingon. como assim, perguntarão vocês? pois, é. não sabe.

vocês podem avaliar o tamanho da minha decepção? será então que tudo o que eu acreditava sobre ela era mentira? eu, que já via com carinho tantas bizarrices, senti o chão faltar sob meus pés. quase tive um "teto preto".

com os dias, minha pressão voltou ao normal e pude ser desamarrado da cama, de onde minhas únicas frases inteligíveis eram "por quê? por quê? porquê?".

em nome da manutenção do meu casamento (sejamos realistas, tá morando junto há mais de um ano e meio, casou, né?), usei meus dotes de bom fuçador de internet que suponho ser - e cada dia descubro que não -, para encontrar a solução para o problema:

THE KLINGON LANGUAGE INSTITUTE

o site ensina a escrita, os sons dessa... ahram... língua, com direito a vocabulário e frases para o dia-a-dia (!). agora, sim, poderemos voltar a ter uma vida normal e pacífica.