12 julho 2006

Balde de água fria na indústria de celulose

a primeira vez que ouvi falar sobre a indústria de celulose foi mais ou menos aos oito anos de idade, numa viagem de carro que fiz com meus pais e meu avô para lages, em santa catarina. no caminho, passávamos por extensos campos de pinheiros que ladeavam a estrada. eram as mesmas árvores que eu via os americanos levarem para casa nos filmes de natal.

meu avô, que não era exatamente conhecido por seu bom-humor, esbravejava contra a indústria de papel, que derrubava as araucárias para plantar aqueles famigerados pinus elliotis, que não produziam nenhum alimento e espantavam a fauna local -- especificamente a gralha azul, agente natural na disseminação e replantio das sementes de pinhão.

aí em março deste ano, teve o caso do mst invadir a planta da aracruz celulose no rio grande do sul. o josé arbex jr. escancarou o tamanho do crime contra o meio ambiente causado por essa indústria em um artigo da caros amigos de abril. até a família real da suécia, acionista majoritária da empresa, desfez-se de suas ações.

e há pouco tempo, nosso ministro da cultura -- sem a menor consideração com a agenda da "ministra-erê" do meio ambiente (reparem na vozinha de criança de centro espírita) -- vende os direitos de uma canção para a publicidade da tal empresa (que deve ter pago o peso em ouro de um casting que reunia o cosmonauta pontes, bernardinho, daiane dos santos e outros que tais).

mas eis que a justiça é feita. segundo o saite do ibase, "A juíza federal Clarides Rahmeier, da Vara Ambiental de Porto Alegre, decidiu nesta sexta-feira (9) que a Caixa Estadual S.A. - Agência de Fomento/RS, o Estado do Rio Grande do Sul e o BNDES deverão suspender, em 48 horas após a intimação, a circulação de qualquer propaganda onde o apelo publicitário seja a mensagem estritamente positiva do plantio de monoculturas de árvores". O texto completo está aqui.

parece, afinal de contas, que os "ciganos" do mst não devem ser os únicos vilões dessa história.