14 outubro 2006

sem título

essa bagaça tá acumulando poeira. juro que gostaria de escrever alguma coisa legal ou esprituosa, mas tô vazio. preciso tomar um banho. acho que vou dar uma flanada pelas ruas e partir para meu passatempo favorito: café-e-água-com-gás. juntando fragmentos do passado, uma peça com cachaça do domingos de oliveira daqui, uma oficina de roteiro com o lourenço mutarelli dali (grande cabra, nunca é demais citar), me deu muita vontade de ler schopenhauer. o mundo como vontade e representação. odeio a união européia, porque disseram que a tradução portuguesa era melhor que a brasileira, mas não há mais escudos no mercado, e o euro está pela hora da morte. justo quando arrumei um canal quente com portugal. porcaria de televisão que não para de matraquear, não importa quantos canais eu troque. deve ser algum tipo de conspiração. feriado é uma droga, perdi a conta dos dias e a minha aula de hoje. era quase uma da tarde quando acordei (porque hoje é sábado, como na poesia) e lembrei do compromisso. fogo é que a mensalidade já foi paga. e os mojitos de ontem voltaram em forma de broca e estão perfurando a base do meu crânio. quase posso sentir o cheiro da poeira de ossos. segunda começo a trabalhar, sem apartamento, financiamento, conhecimento, lenço, mas felizmente documento ainda possuo. esqueci meu cd na casa daquele povo. tudo bem, depois eu pego. tinha uma gatinha cotó, a ponta do que sobrou do rabo era torta para o lado, e os pêlos pareciam um espanador velho, arregaçado. a sensação de tocar naquele rabo torto era meio estranha. dava vontade de desentortá-lo. o gato preto brincava de morder meus dedos, de levinho. fiquei com saudades dos bichanos de casa, da antiga vida. luisinho veio de longe, são vinte e seis anos de bons papos e muitas histórias. pensamos em reunir o resto da turma. pensando bem, só restaram quatro de nós. os quatro cavaleiros do apocalipse. a felicidade dele me fez pesar melhor as coisas. mas é andando que se caminha. o negócio é acreditar que o horizonte a frente é colorido. acho que finalmente entendi o slogan: just do it. que, por outro lado, quer dizer: don't think. ignorance is bliss, ensinou o orwell. baixei o karel capek, com acento circunflexo de cabeça pra baixo no c, por favor, que o cara é tcheco. a guerra das salamandras é muito bom. eu sou muito empolgado com alguns livros, mas esse tornou-se um dos meus clássicos pessoais. e é de 35. será que algum dia escreverei alguma coisa? será que aquele livro que combinei com o fabinho algum dia será parido? se for para ficar só na promessa, é melhor não fazer planos, essa é a lição que tento me ensinar há anos, sem sucesso. não prometa o que não será capaz de cumprir, não envolva os outros nas suas fantasias, a menos que esteja certo do que está dizendo, porque você é bom de papo e as pessoas acabam acreditando que é sério. e é, quando digo, pelo menos, é. nesses momentos, sou incapaz de mentir. mas acho que não basta. o que nos leva de volta ao princípio. segure a língua e seja feliz. segurança da informação, não é assim? acho que meu timo precisa de uma massagem. a dor de cabeça agora é uma agulha perfurando meu olho esquerdo por trás. vou tomar banho e sair para um café. seja o que deus quiser. amém. epluracas orega.