10 novembro 2007

a noite é uma criança

querido diário, há uma semana ando num ânimo péssimo, dando bronca até para bom-dia, mas ontem tava demais. nem eu estava me agüentando.

a salvação foi caroline café me convidar para a coisa mais legal do mundo, que é jogar conversa fora em mesa de bar. aí percebi o quanto estava com saudade das pessoas.

como não queria ter que pegar condução pra beber, rumamos para o capela. tracei uns oito chopes, que desceram como água. ela repetiu pela pentelhonésima vez que foi ali que madame satã matou geraldo pereira, e mais uma vez expliquei que não tinha sido naquele capela, e sim no antigo, no largo da lapa.

caroline café não estava bebendo, e queria comer alguma coisa láite, depois fazer mercado, faxina, sei lá, essas coisas que as mulheres adoram. então propus que dali seguíssemos para o mercadinho, onde chamamos outros dois outros comparsas de copo, nego véio e gabi.

nego véio levou metade da noite contando suas desventuras com outro amigo nosso para comprar um laptop nos subúrbios de roma, onde césar perdeu as botas. o mercadinho não estava rendendo, e posto que a sede era de anteontem, descemos até o lamas, para ficarmos idem.

lá entornamos mais uma fábula de chopes. mostrei para eles o machado de assis escondido na foto do pulmão que ilustra as costas dos maços de cigarros, e comemos um sei-que-lá à piamontese (ou será à piamontesa? cartas para esse endereço).

na saída, ainda encontrei a maffalda com um gringo a quem ela chamava "gringo", mas que falava português como se fosse gente grande. cheguei em casa sabe-se deus como, desabei na cama de luz acesa e as roupas espalhadas pelo chão.

de manhã fui botar a roupa para lavar e encontrei no bolso da minha camisa um bilhete escrito numa toalha de papel, com a minha própria letra, onde se lia:

por que você acha que só mulher pode ser mãe?

vai entender...