a notícia "Adobe lança versão gratuita do Photoshop na internet" me deu uma baita vontade de bostejar.
atenção: quando um texto começa usando a palavra "advento" logo na primeira frase, pode ter a certeza de encarar um texto teórico, não raro escrito de forma pedante e empolada. vamos ver se consigo quebrar isso:
o advento da internet iniciou um movimento de troca de informações que logo chacoalhou os paradigmas que regiam questões como o direito autoral e a propriedade intelectual.
o copyleft e o creative commons são algumas iniciativas de licenciamento criadas pelos próprios usuários para reforçar a natureza colaborativa que norteou o pensamento dos primeiros desenvolvedores da computação em rede, os hackers.
é isso aí, malandragem: foi graças a uma meia dúzia de ripongas libertários, hoje tachados de piratas e bandidos, que você hoje pode conversar com neguinho do outro lado do planeta num átimo, baixar músicas e filmes de graça, ver as fotos da moça do big brother pelada, e até ler meus bostejos.
desde que os militares abriram mão da administração da rede, em 1995 (se não estiver entendendo nada, veja aqui como se deu essa barafunda), as empresas privadas, novas donas da cocada preta, tentam criminalizar qualquer tentativa de troca que não envolva capital. só para citar um caso mais ruidoso, alguém aí lembra do napster?
mas as corporações de informática aos poucos estão percebendo que o movimento cresce de maneira exponencial e incontrolável, e que se quiserem sobreviver, terão que abrir as pernas. principalmente por conta do desenvolvimento cada vez mais freqüente de softwares similares e "livres" ("free as in free speech, not as in free beer").
os sistemas operacionais nascidos do GNU ainda precisam tornar-se mais acessíveis aos usuários comuns e semianalfabetos como eu (fui obrigado a voltar com o rabinho entre as pernas para o "ruíndous" , depois de levar uma surra do ubuntu), mas as coisas tão melhorando.
ações como essa da adobe (vulgo "tijolo de barro cru") são cada vez mais freqüentes. em vez de perderem todo o mercado para as versões piratas disponíveis on e off-line, as empresas preferiram adotar a tática do traficante: fornecer as primeiras doses (versões do software) de graça até o camarada começar a gostar da coisa, para então cobrar por elas (atualizações). mas para quem não é nerd, o básico já resolve lindamente, com a vantagem de ser gratuito.
isso também é inclusão digital. como diria aquele famoso cantor fanhoso, "the times, they are a-changin'".