na adolescência, dei para me meter com poesia. além de ler bastante as dos outros, cometi umas por aí. talvez por educação, talvez para se livrarem do fardo de ouvi-las, os amigos diziam que gostavam. depois cresci, brutalizei-me, e as poesias tornaram-se um fino e raro acepipe.
nesse tempo, minha prima cláudia me apresentou uma coletânea de poemas de um certo maiakovski. tudo ali era lindíssimo, desde a arte da capa. na melhor tradição concreta, era composta apenas de linhas horizontais separavam o nome do poeta, intercalando a grafia cirílica e ocidental.
foi paixão à primeira vista. a grandiloqüência do estilo lírico/político-revolucionário conquistou meu coração idealista de adolescente. depois veio a própria figura sólida, o triângulo amoroso com o casal brik (lília e ossip) etc.
mais tarde ainda ouvi a tão proclamada "voz de trovão", graças a um vinil com declamações gravadas por vários poetas russos, de posse do meu grande amigo arima, o "oscar mourave" do finisterra, na coluna aí à direita (também foi responsabilidade dele minha paixão por marina tsvetáieva).
bom, vamos ao que interessa: senhoras e senhores, o "poema-anel" que maiakovski compôs para lília brik.