13 agosto 2003

"FOM"

Resolvi finalmente tomar vergonha na cara e começar a escrever. Normalmente só escrevo profissionalmente (mal) e às vezes, quando quero impressionar alguém (pior ainda). Mas pô, internet, essa facilidade de publicar, né? Por exemplo, se eu conseguir botar pelo menos um troço desses para rodar por dia, as chances de que algum dia saia algo que preste aumentam.

Isso me lembrou uma história em quadrinhos do Manara publicada na falecida ANIMAL. Um humano e uma criatura de outro planeta, membros de uma mesma tripulação, estão presas num planeta chamado Borges Profeta (hahaha, fina ironia), onde só tem um computador gigantesco, que fica incessantemente produzindo livros que não passam de amontoados de letras, sem obrigação nenhuma com as palavras, muito menos com o sentido.

Enquanto o humano se entrega ao niilismo e à cachaça, o outro inca venusiano fica procurando nos livros uma forma de deixar aquele planeta. Sua teoria é a de que, se tudo estava sendo escrito, em algum momento, algum livro ia dizer como eles podem escapar de lá. Enquanto isso, encontra obras magníficas e coisas incompreensíveis.

Dito e feito. O marciano encontra o tal livro e vai procurar o humano. Eles seguem as instruções, e com alguns percalços (por causa de erros de digitação, que alteram a realidade no que está escrito) eles conseguem botar a nave toda fodida para voar de novo.

Depois que saem da órbita de Borges Profeta, o humano, sempre de saco cheio, pergunta como é que o livro acaba. O lemuriano então solta um suspiro. O livro não tem fim. Tem FOM.






Para quem não entendeu, eles vão ficar eternamente girando no espaço. Legal, né?

Mas idéia é essa: quanto mais escrever, melhor. Alguém ter saco de ler é lucro.