Não gosto mais tanto de Pink Floyd quanto no passado, quando o The Wall era capaz de expressar todas as minhas angústias adolescentes. Depois que cresci, aprendi que certas coisas na vida não precisam de tanto peso, e passei a achar o Roger Waters um mala sem alça. E o Pink Floyd ficou relegado ao hall das lembranças "carburadas".
Mas outro dia, sei lá porque, me deu vontade de ouvir o Meddle. É aquele que tem uma foto indefinível, mas abrindo a capa dupla do LP, via-se que era uma orelha. Se não me engano, submersa. é de 71, acho. Enfim, esse disco andou lá em casa há um tempão, emprestado por alguém. Devolvi-o, mas sem prestar muita atenção. Só lembrava que a onda era boa. E no geral, continua sendo.
Ele passa igualmente longe da chatice-psicodélica-interminável do começo da carreira, e da choradeira recalcada do Roger Waters no fim. Nessa época o Syd Barret, o grande responsável pelas "viagens", já tinha ido para o vinagre, piradão, mas ainda tem uns climinhas estranhos. O fim da Echoes é meio Bruxa de Blair misturado com Os pássaros e Arquivo X.
No entanto, há canções bem legais. Um pop melosinho gostoso, de tarde de mormaço. Estou preferindo ele ao Dark side of the moon, muito grandioso, mas que de tão tocado, perdeu um pouco o viço.
Destaque para San Tropez e Seamus, um bluesinho sem vergonha sobre um cachorro uivando para o poente. Se eu tivesse saco pra ter cachorro, daria o nome de Seamus (Xêimas, se diz).