Estava agora ouvindo uma sonata do Brahms baixada do Kazaa que quase me leva às lágrimas (para ser mais exato, a Sonata No. 3, Op. 108 in D minor - II Adagio). E cheguei à conclusão de que tenho um xodó especial por pianos.
Debussy, as sonatas do Beethoven, Mozart, o cravo do Bach (ok, cravo é outra coisa). No jazz, Count Basie, Dave Brubeck, Oscar Peterson, Herbie Hancock, Bola de Nieve. E dos brazucas, Villa-Lobos, Tom Jobim, Egberto Gismonti e Hermeto Paschoal (por que não?). É claro que tem outras coisas, outros ritmos e instrumentos que gosto, mas pode-se dizer que há um padrão aí.
Não sou um grande conhecedor musical, mas me considero um curioso. Sempre que ouço algo que me interessa, tento descobrir o que é, perguntando e procurando. Às vezes só saio da sala de cinema depois dos créditos das músicas. Isso já me rendeu boas descobertas, como o ska gostoso do Desmond Dekker (Israelites, em Três formas de amar, nos créditos finais), o proto-rap-funk do Gil Scott Heron (The revolution will not be televised, no Ali e, se não me engano, Malcolm X), o raggae malandro do Third World (Reggae ambassador, de um filme do Ali G, um comediante inglês figuraça). E mais uma pá de coisas.
Para voltar aos pianos, as próprias sonatas do Beethoven eu descobri num filme dos irmãos Cohen, O homem que não estava lá. Acho que o único filme que eu vi com o Billy Bob Thorton. Triste, sombrio, preto e branco e, de uma maneira torta, bonito de doer. (Um dia falo da minha admiração pelos irmão Cohen.)
Descoberta feita, fui ao "São Kazaa" e comecei a procurá-las. E no meio, algum gaiato ou desavisado nomeu a sonata do Brahms como do Beethoven. E aí eu conheci o talento desse compositor, que até então era apenas um dos apelidos pra maconha. Como "brenfa", por exemplo.
Me lembrei (de que não se começa frase com pronome oblíquo) do Bruno Herman e do Marcio Tuchê, que ouviam Brahms fumando charutos e tomando chá.
Taí, quando me mudar, vou defumar o cafofo com um "puro" que ganhei de aniversário. Ao som de Brahms, lógico.