natal não é das épocas que mais gozam da minha simpatia. depois que deixei de ganhar a montanha de presentes da infância, então, nem se fala. além disso, não sou fã de peru (em nenhuma de suas manifestações), avelãs, nozes etc. mas o desse ano foi legal.
uma semana antes, minha mãe organizou um jantar na casa dela com a parentada do lado wanderley. um povo ótimo, mas que, estranhamente sempre ficava do lado mais comportado da sala nos pagodes (vai no dicionário!) da casa da minha vó. gente muito boa, com laços fortes entre eles, com tias portadoras da história da família.
o melhor de tudo é que não teve cara de natal. as crianças receberam presentes, e foi tudo. comemos, conversamos e nos divertimos.
na data propriamente dita, estava combinado de irmos para a casa de zé luis, em niterói. confesso que fiquei um pouco dividido entre a satisfação de passar com um pessoal muito animado, mas ao mesmo tempo, que me era totalmente desconhecido. e fora do meu território. mas, ok, vamos lá.
estava combinado de rolar uma leitura de poesias, o que achei por deveras chique. para mim, achei perfeito o o oitavo poema do guardador de rebanhos, de alberto caeiro, vulgo f'rnando p'ssoa.
como era de se esperar, a reação da minha mãe foi mesma de quando a li para minha irmã: ficou chocada. não adiantou argumentar que, apesar das blasfêmias, o menino zizús saía limpo da história, e que os dogmas da igreja católica são apenas representações falhas - e muitas vezes contraditórias - do espírito dos ensinamentos de jotacristo. mas qual, de nada adiantou meu latim. fiquei puto e, de pirraça, me recusei ler o beijo de papai, do meu bisavô eustórgio wanderley (calma, revisão!), já que era o único de nós que conhecia bem a métrica e que conseguia lê-la sem chorar. (no final das contas, já com várias na cabeça, eu a declamaria de bom grado, mas não houve impressora na casa, e "o beijo..." acabou ficando para o ano que vem.)
lá na casa do zé luis almoçamos, e depois o povo seguiu para decorar a outra casa, onde seria a festa. mas fiquei foi na rede, de papo pro ar, meio lendo o jornal, meio cochilando. aí o marim me ligou. disse que tinha comprado um carro, e estava passando lá para me dar um abraço de natal. carro é o cacete! era uma puta caminhonete mitsubishi, a diesel, com direito a cascata artificial com filhote de jacaré. rodamos até achar uma padaria aberta, onde trabalhamos uma cerveja boa, e depois ele me deixou em casa.
de noite apareceram os filhos e sobrinhos. uma molecada dos 25 aos 27, todos quase o dobro do meu tamanho, mas uma rapaziada engraçada e acolhedora. tava também a paula, de quem me haviam falado tanto. o repertório de palavrões no começo me deu um susto, mas depois me acostumei. eu mesmo tenho uma boca suja pra caralho...
amigo-oculto, ceia etc. aí veio a roda de poesias, cantei nelson cavaquinho acompanhado pelo zé luis, aprendia a tocar harpa de nariz, e terminamos a noite todos bailando e forrozando. ah, descobri que não sei dançar.
boa, a noite, boa.
depois segui com o marão para tomarmos a saideira, perto do country. tinha uma festiva onde toda niterói estava. inclusive os galalaus lá da minha festa, só que os caras tinham uns ingressos vips, que davam dierito a tudo de grátis. íamos mesmo apenas tomar uma cerveja, mas um amigo do marão me deu o convite que tinha sobrando. entramos, mas achei um bobódromo. cheguei de manhã em casa. minha irmã disse, para minha surpresa, que ronquei direto.
boa, a festa, boa.