07 janeiro 2004

às vezes elas voltam...

cenas recentes. sempre com um quê de constrangimento.

cena 1: festa. na sala, duas mulheres. uma, há muito tempo. uma combinação de tranqüilidade e delicadeza talvez desconcertantes demais para a minha ansiedade. paralisia total. medo. não durou. a outra, algum tempo atrás. como um trapo emocional, sou colhido, as feridas tratadas, o ego afagado. amado. idolatrado. salvem-me, salvem-me. sufocado, escapo pela tangente. soube por aí que ambas andaram falando mal de mim. aguardo na cozinha até que a multidão de convidados me tornem invisível.

cena 2: festa. terraço. primeira: uma aposta recente, de várias fichas, que resolveu voltar atrás para o antigo proprietário. sem maiores dores e feridas. limpo. segunda: um encontro inconseqüente, mas muito prazeroso. sem maiores alongamentos, embora alguma expectativa rondasse a outra parte. terceira: uma possível futura conquista, ávida. com o timing, entretanto, defasado em alguns dias. pena. nenhuma das três agraciadas, mas até a situação chegar a termo, o livre circular esteve algo prejudicado. prefiro acreditar que, até agora, ninguém fala mal de mim.

fim de episódios? difícil, pela certeza de que amigos comuns me presentearão com a visão de um passado recente aparentemente bem superado. e por melhor que a coisa esteja, é sempre chato ver que seu tempo passou e sua presença não é mais necessária. fatos da vida...

por essas e outras é que ando cansado de topar com esqueletos saídos do armário. esqueletos, é bom que se diga, descarnados pela minha completa ausência de tato e etiqueta sentimental. canso-me, fico ansioso; o passado volta e, com ele, uma certa culpa injustificada e desnecessária. culpa o cacete! tô fora.

tenho buscado contornar a situação com um esforço combinado de atenção, paciência e observação. mas não sei cafajestar. não sei não ligar depois. tampouco sei estabelecer os limites entre envolvimento e curtição. é este o ponto em que troco os pés pelas mãos; onde o caldo entorna e eu me queimo.

procuro familiaridade e disparo no coração. corpo sem cabeça é conjunto vazio; o ideal é a interseção dos elementos. menos do que isso, dispenso. faço o possível para me manter atual. a meu favor, cada vez menos estereótipos.

a seguir, cenas dos próximos capítulos. veremos.