estava lendo uma reportagem sobre o excesso de reality shows que vêm tomando conta do mundo.
e pensei que talvez esteja marcando bobeira. poderia estar faturando com a venda dos direitos autorais da minha vida para um seriado de tv. aí vai um resumo:
assessor de imprensa part-time (e a outra part desempregado), vai morar com um casal de amigos roteiristas alucinados num bairro transadinho da zona sul carioca. enquanto tenta acabar uma dissertação de mestrado que ele nunca realmente começou, vai vivendo suas aventuras de balzaco boa-pinta. ele se mete em mil trapalhadas, como pegar trabalhos free-lancers que nunca lhe pagam, ou tentar engajar-se em namoros enrolados. o tom cômico fica por conta do dia-a-dia com seus bem-humorados amigos de casa, ou quando ele se encontra com outros amigos, e esporadicamente entorna algumas, faz palhaçadas e discute cinema, artes, política e, claro, mulheres.
(podemos dar destaque para quando ele tenta tocar caixa num bloco de carnaval, ou quando finge ser cego de um olho para desarmar a empáfia de um valentão, durante um show de forró, ou quando tem seus sapatos roubados numa oficina de teatro alternativo.)
o público infantil vai se deliciar nos episódios em que os dois filhos pequenos do seu homemate (existe isso?) vêm passar o fim-de-semana. eles brincam de desenhar, de pancadaria, de tocar berimbau, de cantar marchinhas e músicas escatológicas, e nosso herói se transforma em dinossauro, para o assombro da petizada.
outro ponto forte para realçar o caráter do protagonista e conquistar o público feminino, é mostrar sua relação com a família, quando ele visita sua mãe-garotona. aí ele e sua irmã mais nova trocam confidências, filosofam sobre a vida e sacaneiam programas de televisão. sua mãe cura-lhe as feridas, dá-lhe carinho, e fala sobre as mil atividades que vêm desenvolvendo. às vezes aparece o namorado da mãe, com quem o protagonista conversa sobre jazz, e com quem faz sessões de piadas.
o pai do protagonista é outro reforço da série. ele mora no maranhão, mas vem ao rio a trabalho ou de férias. as diferenças de temperamento e visão de mundo dos dois podem render bons momentos cômicos.
não é legal? um programa para todas as idades.
acho que poderíamos botar o murilo benício fazendo o papel principal (se a sony comprar, entra o robert downey jr.), e a patrícia perrone (sumiu ela, né?) para ser a ex-namorada que virou amiga - esqueci de citar na sinopse, mas ela é uma espécie de contraponto do protagonista. o fernando meirelles ou o waltinho salles podiam dirigir, mas a fotografia seria do walter carvalho.
pronto, formou.