02 março 2004

1933 foi um ano ruim

dando seguimento à minha saga de enrolar a dissertação além do prazo, no finde li, de uma tacada só o livro "novo" do john fante, cujo título ilustra o presente bostejo. bom, muito bom. mas muito bom mesmo. sabe quando você topa com uns livros que dizem exatamente o que precisa ouvir naquele momento? pois é, foi o que aconteceu comigo, do nada. às vezes dou uma sorte danada...

sábado de manhã saí para encontrar uma amiga no largo do machado, para receber a grana de um frila de janeiro. fomos tomar um café no "pão de minas" (aqueles quiosques que vendem pão de queijo). na saída, me vi de novo na banca em frente às sendas. como o bolso recheado com uns caraminguás, fui, como quem não quer nada, dar uns bordejos nos livrins de bolso. (porra, ando fazendo um marketing desgraçado pra l&pm, acho que deveria receber algum por isso.) aí achei o fante.

de noite já o tinha traçado. dei uma bela pausa à tarde, só para prolongar um pouco mais o desejo. como uma alça de vestido que escorrega pelo ombro e fica quase a ponto de revelar um seio. mas só quase.

o personagem principal mudou de nome, é dominic molise, em vez do velho arturo bandini. mas a situação continua com fortes referências autobiográficas: durante um daqueles invernos gélidos do colorado, rapaz à beira dos 18 anos sonha em ser rebatedor de beisebol enquanto enfrenta seu cotidiano miserável, com direito à mãe carola, penca de irmãos menores, e pai pedreiro, desempregado, jogador de sinuca e eventualmente adúltero.

falando assim, parece uma leitura deprê, mas não. fante tem um carinho enorme pelos seus personagens. ele cria seres humanos reais, vivos, com alma. gente como eu ou qualquer um, patético na maioria das vezes, mas sempre humanamente sublime. não há como não se identificar.

recomendo.

ps: a título de curiosidade, no texto sobre o blog que está no topo da página, a expressão "amigo de homem e de besta", foi retirada de pergunte ao pó, do fante.

ps2: tem gente por aí que está achando que sou um bebum, acredito que pelo conteúdo dos textos e pelas referências. na verdade já bebi bastante, quando meu fígado era mais pujante. hoje não posso mais me dar a esses luxos. prefiro falar a respeito.