01 março 2004

lembrando peanuts

citei o joe cool e imediatamente me invadiu uma onda de notalgia pelos peanuts. eu era fascinado pelo snoopy. charlie brown foi a primeira personificação de uma angústia que eu só consegui realmente entender na adolescência, em meio aos fluxos alucinados de hormônios, desejos e frustrações comuns ao período (ah, a garotinha ruiva...).

pô, pensando bem, o schulz nivelava por cima: ao humor do charlie brown é reflexo direto do existencialismo (lembrem-se que a tirinha é de do começo dos anos '50), a trilha sonora é jazz (tem até um disco com o ellis e winston marsalis - pai e filho - reproduzindo as músicas do desenho animado), a lucy tem uma barraca de psicanálise, o schroeder gosta de beethoven, a peppermint patty é hippie, o snoopy viaja que é o barão vermelho e gosta de dar uns beijos nas meninas da tirinha. sem mencioinar os outros...

o filho direto dos peanuts - turbinado - é o calvin. em dez anos, bill watterson fez uma crítica sutil e inteligentíssima ao cinismo e o individualismo do fim dos '80/início dos '90 (eu tenho a edição comemorativa). obra-prima de texto e desenho. e o bill ainda por cima era raçudo: não liberou o licenciamento de produtos com seus personagens, e quando sentiu que seu ciclo deles tinha se esgotado, dignamente parou de desenhá-los. pena que não se veja mais nada dele. já andei procurando na rede, mas nada de novo encontrei.

e ainda vem me falar de garfield. puá! nunca gostei de garfield. acho depreciativo, negativista. pra começo de conversa, ele é castrado. claro! um gato gordo daquele jeito, ter um humor amargo daqueles, e ainda, por cima, não gostar de fêmeas (ok, a arlene não é nenhum modelo de beleza, mas...). só se for castrado. e de castrados já bastamos nós. tô fora.

só para terminar, ainda me lembro do dia em que, indo para o trabalho, casualmente compro o jb para ler no trajeto, abro nos quadrinhos e dou de cara com a nota de despedida do schulz. isso foi em 2000, quando ainda morava no jardim botânico. triste, triste...