02 março 2004

perla

a família do meu pai é toda do sul, de lages (sc) e vacaria (rs). por isso, quando ia à casa da minha avó (com quem morei recentemente), de vez em quando ouvia uns troços tipo teixerinha (do churrasquinho de mãe), renato borghetti e perla (kleyton e kledir já era muito pra-frentex). desde então, sempre nutri um certo quebranto pela cantora paraguaia. verdade, gente, fico falando dessas músicas metidas a besta, mas não posso ouvir índia, que me dá um arrepio.

enquanto estava no bostejo anterior, ouço da sala um som altíssimo de guarânia. achando que a febre tinha finalmente fritado os miolos do salsão, fui ver o que estava acontecendo. era um regional tocando no ratinho, enquanto uma menina de uns 19 anos pedia uma harpa, que ela amava, mas não tinha condições de comprar. seu namorado atá havia construído um arremedo de instrumento (epa!) para ela. e a danada (a harpa, não a menina) era realmente bem-feitinha.

no fim, ela acabou recebendo uma de verdade das mãos de ninguém menos do que a perla, em pessoa. e não é que ela continua bonita? o tempo a tem tratado bem... toda vestida de rendas vermelhas, com aquele cabelão característico. e ainda por cima cantou índia. e por um momento, me lembrei daquela criança que fui, "pequenino e cabeçudo como um anão de velásquez" (não resisti, mas o trecho entre aspas é do nelson rodrigues).