03 março 2004

sonho estranho

acabei de despertar de um sonho estranhíssimo. depois de enfrentar um temporal, chego na casa de campo de um tio (a casa realmente existe). tomo um banho, e aí começa a parte da qual realmente me lembro. chego na sala e vou cumprimentar os parentes, que estão sentados um tanto bovinamente em frente à televisão. esta, que por sua vez, está na frente da lareira acesa. entre eles está minha irmã. depois dou a volta no sofá para falar com meu tio, que encontra-se sentado numa mesa, mais atrás. há outra pessoa com ele, que não identifico agora. me aproximo, ele está com um copo de uísque na mão. delicadamente, não me deixa beijá-lo, e pergunta quantos anos tenho:

- é que fulano vem aí para jantar, e a filha dele tem mais ou menos a sua idade, e pensei que talvez você fosse gostar dela. - agradeço a lembrança, um tanto constrangido pela sua rudeza etílica, que nunca vi antes. e me sento na outra cabeceira da mesa. do meu lado, há outra televisão ligada, que passa um documentário sobre a genial carreira de meu tio.

conta o locutor como ele uma vez largou os convidados inesperadamente, no meio de uma visita à essa mesma casa de campo, sendo encontrado em seguida, em pé no seu quarto, escrevendo mais uma leva de seus geniais versos. entre os quais, o locutor destacava aqueles que provavelmente ficariam gravados na história como seu epitáfio (que me soaram o supra-sumo do mau gosto):

...e pouco me importa
se não reconheço o estilo de Gabo
neste mal-traçados versos:
só sei que tenho 26 anos,
estou desempregado,
sou bom de cama,
e tenho uma lista de resoluções
escrita com lápis vermelho
que inclui entre as prioridades
um encontro marcado com a felicidade,
a despeito de mim mesmo.

...
nesse ponto despertei imediatamente, as palavras ainda borbulhando, quentes. salvo um ou outro lapso, é isso mesmo. por sorte, um bloquinho estava perto da cama. e aqui vai o detalhe cômico: antes de dormir, eu estava lendo cartas a um jovem poeta, do rilke.