realmente, odeio trabalhar. não é figura de linguagem, não; embora reconheça a importante parcela que ele tem na manutenção da minha sanidade e do meu humor. mas não gosto de ver minhas capacidades condicionadas ao recebimento de salário, e nem o corte dele como punição. não sou foca de circo, caso ainda não tenham percebido, para tocar as buzininhas em troca de peixe. o sistema capitalista naturalizou o trabalho (transformou-o em verdade "natural" e inquestionável, como se fosse um fenômeno como a chuva ou o calor), e agora, até as cabeças mais coroadas da esquerda acham que ele é necessário. é preciso superar essa praga.
vejam bem, não sou ingênuo a ponto de propor a todos largar seus empregos e deitar sobre a relva, com um capinzinho no canto da boca. mas é preciso saber o que é esse deus ex-machina. vamos botar o trabalho em perspectiva, porque aí sim, será possível ter real consciência da exploração.
quem estiver com tempo de sobra - ainda não tiver sido cooptado pelo trabalho, ou expelido de sua esfera - pode dar uma olhada no maravilhoso manifesto contra o trabalho, do grupo de teóricos alemães auto-intitulado "krisis", ou procurar os livros do henri david thoreau, como "desobediência civil", e "walden: life in the woods" (esse não sei se tem em português, vale a pena procurar). domenico de masi não gosto tanto. é bem verdade que o li pouco, mas suas considerações não oferecem alternativa ao trabalho, não rompem com sua naturalização.