uma das coisas que mais me dão prazer é flanar pelo centro da cidade. é bem verdade que me divertia mais quando ia a passeio, mas mesmo agora, como mais um proletário na multidão, tento manter a cabeça acima da manada, e o distanciamento de quem não se locomove apenas por necessidade, com um destino definido a cumprir.
tem dias em que fico sem tostão, e tenho que me contentar com uma refeição de três saquinhos de amendoim a um real. especialmente nessas ocasiões, preencho a hora do almoço no trottoir (meu francês merece a guilhotina), e me deixo levar para o interior de galerias e outros buracos escuros que abundam no centro (sem trocadalho, por favor). dia desses saí sem destino e descobri algumas coisas interessantes:
1) na são josé, em frente a uma farmácia, tem um camelô de dvds e softwares único. rodrigo (ou ricardo) tem os últimos lançamentos: kill bill (xibiu) volume 2, o pornô novo do alexandre frota, o filme da rita cadillac, e uns outros troços que não me lembro. o diferencial é que rodrigo (ou ricardo) faz dois preços (com ou sem a capa do filme), fornece garantia e o celular para reclamações e encomendas. e jura estar sempre no mesmo ponto.
2) na esquina do carmo com a rua sete (de setembro, para os menos íntimos) tem uma banca de jornal exibindo entre várias revistas antigas de mulher pelada, um exemplar palstificado da status da xuxa - a única em que ela aparece nua EM PÊLO. tive a sorte de ter essa revista nas mãos, quando do lançamento, por intermédio de um primo mais velho, que infelizmente já cantou para subir. na época, eu sequer sabia a utilidade de uma mulhwer pelada, mas se tivesse um palpite de que essa revista seria tão disputada hoje, teria guardado uma comigo. ah, o preço? uma bagatela de R$ 300,00. (aliás, para quem se interessa, a cavídeo tem uma das únicas cópias do filme "amor, estranho amor" do walter hugo khoury. para os mais novos, a película mostra uma cena em que a "rainha" demonstra a origem de toda a sua intimidade com os baixinhos. talvez seja a única cópia não recolhida pela xuxa.
3) na saraiva da rua do ouvidor, descobri que desprezo praticamente toda a atual cena musical brasileira. ivete sangalo, adriana calcanhoto, jota quest, maria bethânia, ney matogrosso e a parede, sandy e junior, pitty, sepultura e ana carolina são igualmente chatos pra caralho. até o ed motta anda me enchendo o saco. me dão náuseas as campanhas publicitárias, as promoções, os apelos, as fotos, as temporadas, os clipes, os acústicos, as harmonias, os arranjos, as entrevistas. não ouço rádio. não tenho mtv. não vou a shows. salvo quando viajo no carro da tereza, que às vezes sintoniza numa rádio que só toca música nacional 9algumas boas, até), meu conhecimento musical raras vezes chega aos anos 80. rock nacional? puá! deixei de gostar aos 15 anos, quando era punk. outro dia ouvi o disco da plebe rude, e tive vergonha de ter gostado tanto daquilo. sou obscurantista mesmo, fazer o quê? do pouco que conheço, talvez salve o lenine e os los hermanos, mas não devo conhecer mais de três músicas dos dois juntos.
mas o que isso tem a ver com centro da cidade, mesmo? pelo menos deu a impressão daquelas reflexões que surgem quando se está andando...