desde o fim do ano passado, a tv a cabo vem anunciando a estréia de um tal "canal para homens". na minha concepção, homem só pensa em três coisas: mulher, mulher, e como conseguir mulher. com intervalos para uma cervejinha e um futebolzinho para relaxar. daí que, toda vez que passava um comercial sobre o assunto, eu pensava "vem merda por aí".
não deu outra. o nome da bagaça é "fx", e apregoa que exibe "o que o homem vê". fui procurar no dicionário "onláine" e descobri que a abreviação pode significar uma porrada de coisas, desde "efeitos especiais" a "federal express", passando por "câmbio exterior" (federal exchange). o mais possível é que signifique apenas "fox networks", embora, pela qualidade da programação, eu acredite mais que se trate de um tipo de síndrome para retardamento mental que, segundo minha neurologista de plantão, só acomete homens. isso explica muito...
enfim, segundo a grade disponível no site, há programas sobre automóveis, esportes radicais, filmes de terror, porradaria e comédias babacas; um reality show sobre policiais batendo em negros e pobres, além dos famigerados seriados - que hoje, macaqueando os gringos, chamamos "séries". é sob esse formato infame que entra talvez o único programa que me prenderia em casa. trate-se de um seriado que supostamente acompanha o produtor de pornôs hardcore seymore butts. são duas versões, uma das quais, apregoam "sem cortes". veremos.
tomo a liberdade de uma digressão: não sei quanto a vocês, mas ando farto de "séries". elas tentam cobrir todos os aspectos da vida, mas sempre sob um ponto de vista americanófilo e consumista. tem série sobre tudo: famílas desajustadas, donos de cassino, agentes do governo, advogados bulímicos, mulheres descoladas com a maturidade de ostras, gays engraçadinhos, presidiários barra-pesada, extra-terrestres misteriosos, e por aí vai. mas tudo enquadradinho e quadradinho. isso sem falar nos programas de auto-ajuda que procuram "consertar" as pessoas, para que consumam, consumam, consumam.
voltando ao tema, será que isso tudo é o que o homem quer ver, ou o que os programadores querem nos fazer acreditar que é isso que queremos ver? reparem bem: violência e carros, ok, ambos dão dinheiro, incrementando as duas maiores indústrias americanas, a bélica e a automobilística. mas sexo não pode. certo, sexo também dá dinheiro, e muito, conforme poderiam lembrar os mais espertos. "sim, dá dinheiro, mas não estamos muito familiarizados com o assunto, e além do mais, nos contaram que é sujo, melado, e contrário ao que pregam os mandamentos no quesito fornicação", diriam as centenas de conservadores americanos que ergueram-se em ódio contra o peitinho muxibento da janet jackson exposto na tv, antes de reelegerem bush jr.
mas, como "bízis is bízis", quem quiser ver sacanagem liberada, tem que pagar a mais, lógico. um pacote especial oferece um canal da playboy e outro de sexo explícito. quanto à violência, não há com o que se preocupar, ela está incluída no pacote simples de canais, acessível a qualquer um, a qualquer hora, com todas as variações de intensidade sádica, em todos os matizes de vermelho. liberdade é poder escolher de que forma você quer comprar o seu cadáver.