11 março 2005

eu sabia que tinha razão...

Que raio de coisa é essa TV paga no Brasil? Algumas conversas com pessoas extremamente bem informadas da indústria me revelaram uma resposta simples e dolorosa: um universo de frustrações, conseqüência de um velho erro que pensei que jamais fosse se repetir, a noção de que “América Latina” é uma coisa só, com uma única mente, gostos e hábitos homogêneos.

A minha geração cresceu sob o medo de que o Brasil se tornasse um país de cultura traduzida, e que, depois de se livrar (será?) do risco da tradução do francês, sucumbisse à tradução do inglês ianque. Hoje, no entanto, vemos que esses medos não eram ambiciosos o bastante: estamos vivendo uma cultura traduzida do espanhol que por sua vez traduziu o inglês ianque. Uma tradução de terceira mão, que tal?

Com raríssimas exceções, os canais por assinatura entram aqui fechados, gerados de algum ponto extra-fronteiras, programados para uma “América Latina” que só existe nos power points de seus departamentos de marketing. Produzem pouco, mal, com recursos limitadíssimos, pequenos gestos que nem sonham em tirar uma lasquinha do monopólio vigente. Enquanto isso, fazem parcerias e produzem abundantemente em todo o resto do mundo civilizado.


trecho de artigo da ana maria bahiana, no comunique-se. achei que fosse coisa de crítico ranzinza esbarrando no anti-americanismo. ainda bem que não.

mas tá provado que a mentalidade corporativa é tacanha. não sei se apenas acima do rio bravo, ou, se, por ter sido nascido lá, esse modelo de burrice infecta todos os países.