10 agosto 2005

ao que parece, nada mudou...

[Os plutocratas acreditam que há algumas coisas piores que a Guerra]: o confisco dos privilégios especiais; a abolição do lucro imerecido; a derrubada do parasitismo econômico; o estabelecimento de uma democracia industrial. Os plutocratas achariam bem-vinda uma guerra que prometesse a salvação contra qualquer uma dessas calamidades; eles também achariam bem-vinda uma guerra que garantisse mais mercados externos, a destruição da competição estrangeira, mais segurança para os direitos de propriedade e uma maior dominação da vida pelo despotismo plutocrático.
(...)
O controle e a posse dos recursos naturais, bancos, ferrovias, minas, fábricas, partidos políticos, cargos públicos, tribunais e decisões jurídicas, o sistema de ensino, a imprensa, o púlpito, a indústria cinematográfica, as revistas -- todo esse poder seria acumulado para nada em uma comunidade que se acreditasse uma democracia, a menos que a opinião pública estivesse por trás dele.

Como poderia a plutocracia -- a desacreditada, difamada plutocracia -- conquistar a opinião pública? Só haveria um meio: ela deveria alinhar-se a uma causa que controlasse a confiança pública. A causa escolhida foi a defesa dos Estados Unidos.

Com o imenso poder da imprensa pública à sua disposição; a posse de meios ilimitados; unidos em torno de uma política comum, a plutocracia espalha o terror sobre a nação.


o texto acima é um fragmento de "the great madness -- a victory for american plutocracy" ("a grande loucura -- uma vitória para a plutocracia americana"), do socialista estadunidense scott nearing. até ai, nada de mais, se o texto não tivesse sido escrito em 1917, em razão da entrada de seu país na primeira guerra mundial.

no dia de seu sexagésimo-segundo aniversário, em 6 de agosto de 45, ele escreveu uma carta ao presidente truman, que tinha acabado de bombardear hiroshima:

Seu governo não é mais o meu. Deste dia em diante, nossos caminhos divergem: você continua em seu curso suicida, explodindo e amaldiçoando o mundo. Eu volto minha mão para a tarefa de ajudar a construir uma sociedade baseada na cooperação, justiça social e bem-estar humano.

algo mais sobre o caboclo, que viveu cem anos, aqui (também em inglês).