06 janeiro 2006

jornalismo: pau-pra-toda-obra

uma das conseqüências do crescimento boçal do poder dos meios de comunicação de massa nos últimos 50 anos foi a transformação do jornalismo numa espécie de "carreira-coringa", um trunfo a mais para quem quer conseguir um passaporte para a fama.

o público adquiriu a percepção distorcida de que os profissionais da área são os arautos do maravilhoso mundo do espetáculo. percepção que, na verdade, nasce e alimenta-se na própria estrutura de produção industrial da mídia.

como consequência, o aprendizado e o exercício profissional acabam tornando-se um terreno pantanoso para os aspirantes a ter sua insignificância eternizada pelo olimpo midiático. daí os "humoristas-entrevistadores", os "atores-repórteres", as "modelos-apresentadoras".

arrisco dizer que chegamos ao ponto em que "jornalista" pode ser usado como eufemismo de "garota de programa", assim como os célebres "atriz-manequim-modelo" e "universitária", versão moderna do antigo "normalista". exagerei? então, faça-se luz:

Uma participante da sexta edição do "Big Brother Brasil" já posou para a revista masculina Playboy. Ela se chama Juliana Canabarro, 23, que é apresentada pela Globo apenas como "promotora de eventos".

Gaúcha de Porto Alegre, ela mora em São Paulo. Quando apareceu como "coelhinha" da Playboy, na edição de junho de 2005 (na capa Anna Flávia, sósia de Daniella Cicarelli), Juliana se apresentou como estudante de jornalismo".


deu no folha online.