14 fevereiro 2006

a frase que mudou minha vida

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo."

os desenhos enigmáticos da capa me assombravam desde a infância, antes mesmo aprender a ler, quando brincava de encontrar figuras nos livros da estante. ainda não sabia o que era a roda da fortuna, mas a imagem daqueles demônios nus presos pelo pescoço, a mão cheia de hieroglifos (que muitos anos depois vim a reconhecer como a mão de fátima), e aquele estranho homem nu de olhar vidrado e braços e pernas abertos, tudo aquilo, havia algo de mágico ali, um inexplicável sabor de mistério proibido.

apenas aos quatorze anos, no entanto, foi que os desenhos ganharam solidez, um universo ao qual pertenciam, elaborado e, de uma estranha maneira, coerente em seus absurdos. para mim tornaram-se indissociáveis texto e imagens, uma simbiose perfeita, a ponto de eu não reconhecer como legítima nenhuma edição diferente da que contenha as ilustrações do carybé.

acho que deixei de ser menino com cem anos de solidão.

UPDATE:
a pedidos, fotos de frente e verso (com lombada).
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