acabei de desperdiçar 117 minutos da minha vida assistindo a "pergunte ao pó", um massacre cinematográfico do livro homônimo de john fante. acho que passar esse tempo com a cabeça enfiada numa privada suja de botequim, dando descarga sem parar, não se igualaria em degradação. graças à nossa senhora da internet, só gastei a eletricidade para baixar o filme, porque se tivesse pago a entrada do cinema, estaria batendo a cabeça na parede de raiva até agora.
é verdade que desde quando anunciaram, no ano passado, que o canastrão do colin farrell estrelaria no papel de bandini, vi que não sairia boa coisa da touceira. mas a violência cometida contra o espírito do livro foi mais devastadora que uma horda de marines com hidrofobia.
mas mr. tom cruise, um dos produtores, provou o estrago que a combinação "dislexia-cientologia-passa-fora-da-nicole-kidman-ração-de-placenta" causou à sua psiquê. ele o diretor robert towne (responsável por pérolas como orca, a baleia assassina e dias de trovão) transformaram uma puta história, patética e pungente, num aguado "love story" alatinado. o único mérito do filme é mostrar a salma hayek nuazinha em pêlo -- o que não é pouco, mas não o suficiente para livrá-los de um merecido regime diário de surras de pau-de-dar-em-doido.
é por essas e outras que a gente acaba tendo que concordar com o desprezo que o john fante sentia pelo cinema...