segunda-feira de carnaval. pausa na folia. pode ser que, mais tarde, eu saia no "alegria só abunda", na rua do lavradio. só um telefonema confirmará. preguiça. lá fora faz sol, mas aqui dentro o ar-condicionado cria uma espécie de cápsula climatizada, separada do resto do mundo. tirando o batucar das teclas e o ronronar do motor, não há barulho. foi por aí que comecei a refletir.
os quase últimos cinco meses foram um turbilhão, que na verdade iniciou-se dois meses antes, mas foi só depois que a casca rompeu, dando vida à mudança.
emprego diferente, casa diferente, corpo diferente, até algumas idéias diferentes. e compromissos. muitos. a descoberta das decisões solitárias, das alegrias solitárias, das tristezas solitárias. e eu mesmo como único interlocutor do diálogo interno e externo. the sound of silence. hello darkness, my old friend, i've come to talk with you again. minha mestra de hoje e sempre. se a vida te der um limão, atire de volta na cabeça dela, já dizia confúcio. e se não disse, deveria tê-lo feito.
muitas alegrias e algumas tristezas. uns poucos enganos e decepções. fúrias etílicas esparsas no horizonte. energia concentrada? cada vez mais a constatação de que palavras são mais perigosas do que facas.
muita leitura. a redescoberta em português da arte de consertar motocicletas. a intoxicação cada vez mais profunda de vonnegut. aliás, um dos títulos é "solitário nunca mais". ai ô.
pazes feitas com o cinema. "a fonte da vida" me despertou para a constatação de que não existe realidade além do amor no tempo presente. fora isso, só a morte, segundo confirmou gilgamesh. por isso o imperativo de apascentar o boi, manter-se concentrado na respiração, mas alerta e preparado para quando for chegada a hora.
cansei de escrever. depois eu continuo. coisas da vida.