22 fevereiro 2007

neruda que me perdoe, mas vinicius é fundamental

há poucos dias comprei o dvd do filme o carteiro e o poeta, ficção sobre a amizade entre pablo neruda e o carteiro da vila italiana em que o poeta viveu durante seu período de exílio.

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há séculos atrás, uma namorada argentina me presenteou com uma antologia bilingüe do poeta. na folha de rosto, uma dedicatória com sua caligrafia que até hoje tenho dificuldade de entender: para leer juntos. ou algo assim. noves fora minha empolgação com a nova língua e o romance estrangeiro, as metáforas nerudianas (existe isso?) quase sempre me desciam quadradas. correndo o risco de parecer repetitivo pela mesma desculpa, lembro que meus livros permanecem encaixotados, portanto não posso reproduzi-las. paciência.

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os extras do dvd trazem um documentário apresentado pela jennifer beals -- que depois do flashdance teve como atuação digna de nota um beijo na boca da elizabeth berkley em roger dodger (esse, sim, um filme de que gosto muito). enfim, o tal documentário é sobre o making of do "carteiro..." e a obra do neruda. tirando as referências ao massimo troisi (esse, sim, um ator de que gosto muito), tudo é meio sonolento. o que me chamou a atenção foi que, por conta do filme, vários atores foram reunidos para gravar um cd com declamações das poesias do "leão-marinho". curioso foi ouvir um produtor contar que, além de nunca ter ouvido falar em neruda, ter recorrido à julia roberts para se informar -- segundo ele "a pessoa mais culta que conhece". paciência.

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essa ignorância me incomodou, porque o fenômeno dessa súbita paixão da intelligentsia roliudiana me pareceu um buena vista social club da poesia. todos repentinamente incensando um escritor "alienígena", adepto de uma filosofia "alienígena" (neruda era comunista). se esse povo tivesse ouvido falar de um poeta puro-sangue que nem o vinicius de moraes, teria vergonha de ficar endeusando o chileno (quase escrevo "pangaré", mas achei que o termo soaria forte demais). são as desvantagens de se falar português em um continente espanhol. paciência.

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no fim das contas, meu romance durou pouco mais de um ano, e também me desceu quadrado. paciência.