28 março 2007

sonata de outono

finalmente chegou o outono. "mas que diabos é isso?", perguntará a quase totalidade dos cariocas, que só acreditam em duas estações: a do sol e a da chuva, sendo a segunda aquela em que eles aproveitam para retirar os casacos do armário, confundindo umidade com frio -- um conceito tão desconhecido quanto absurdo nessa latitude.

o outono no rio é sutil, e talvez a única característica perceptível seja a mudança de luminosidade. nessa época, o céu fica azulado e o ar adquire uma limpidez que mantém nítida mesmo a paisagem mais distante. é quando o sol começa a traçar uma trajetória oblíqua. reparem só.

na cápsula climatizada com vista para o pão de açúcar que chamo de escritório (podem me chamar de sortudo), o dia parece fotografado pelo vittorio storaro. ia escrever que dá até prazer de trabalhar, mas seria carregar demais na licença poética.

é uma pena o horário de verão não ter permanecido, porque não há nada mais belo que flanar num fim de tarde assim, de preferência bem acompanhado. infelizmente, não se pode ter tudo, e tenho que me contentar em ver -- e não viver. coisas do capitalismo.