toda vez que o assunto de fetiche vem à baila em mesa de bar (são interessantes os bares que freqüento. uma das minhas poucas qualidades é escolher lugar pra beber), tenho que justificar minha preferência pela pilosidade axilar feminina, vulgo sovaco de moça cabeludo. só porque faço galhofa com tudo, ninguém acredita quando sou sincero. o que posso fazer se minha libido é setentista, cheia de ranços hippies?
é curioso ver os homens rindo, como se eu estivesse fazendo graça. já as mulheres só faltam vomitar. vejam só o que é a imposição artificial da estética. elas estão tão acostumadas, tadinhas, a serem escravas de processos de tortura em nome da beleza (escovas, tinturas, maquiagens, manicures, depilações etc.), que quando se lhes é apontado o caminho da liberdade, ficam horrorizadas como se vissem uma ratazana morta.
enfim, quando toco no assunto, as pessoas querem que eu explique, como se desejo viesse com bula, ou pudesse ser objeto de análise acadêmica. meus camaradinhas, prestem atenção, desejo é para se vivido, e não debatido.
mas para não dar aos distintos cavalheiros e às doces senhoritas a impressão de que os fiz de boi-de-cabresto, trazendo-os até aqui por nada, dou uma pista sobre o que estou falando. minha transa com os pelinhos não funciona com qualquer mulher, qualquer sovaco, ou qualquer penugem. é um troço meio difícil, como disse.
para a química dar certo, é necessária uma conjunção de fatores sutis, porém fundamentais. aí é que está o imponderável da coisa. em minha defesa afirmo que há poucas coisas tão sublimes sobre a face da terra quanto assistir uma moça se espreguiçando, os pelinhos debaixo do braço a brilhar de sol.
aos interessados, termino com uma citação dos nossos luminares propagandistas automobilísticos: "faça um test-drive".