27 agosto 2008

só dói quando eu rio de janeiro

você passa na rua e vê um autidór com aquela atriz da tevê bonitona, de peito estufado. quando vai reparar melhor no belo trabalho de deus, vê que ela anuncia uma campanha de vacinação contra rubéola. teus colegas de repartição explicam o caso e dizem que você está na faixa etária correspondente.

você encontra na internet um sáite todo bonitinho, mas os únicos postos de saúde indicados na sua cidade estão no subúrbio, em favelas ou dentro de presídios (!) e "casas de custódia". teu passado -- e parte do presente, é verdade -- te condena, mas por nada que chegue ao ponto de te fazer hóspede de instalações dessa natureza.

o sáite exibe um 0800 do ministério da saúde para informações. uma atendente educadíssima e com voz de veludo pergunta o estado de onde fala, indica dois números da secretaria estadual de saúde, e pede permissão para realizar um breve questionário, a título de pesquisa: idade, estado civil, e como chegou a esse número. deseja mais alguma coisa? obrigado por ligar.

você desliga achando que o país, afinal, está indo pra frente, que o governo está realmente tentando cuidar dos cidadãos, que a saúde pública talvez tenha solução.

aí você disca os telefones da secretaria estadual, um de cada vez pra não embolar. jacaré conseguiu? nem você. os números estão constantemente ocupados, provavelmente fora do gancho, para não atrapalhar a lixada de unhas da atendente. assim caminha o rio de janeiro.

dez minutos e quinze tentativas depois, fui atendido, o que invalida o pequeno trecho acima. na verdade, a impaciência em ver respondida minha pergunta misturou-se à vontade de falar mal do governo do estado, o que em tempos de serginho cabral, sempre vem a contento.