20 novembro 2004

rezar muito pode ser prejudicial

no último feriado fomos para a casa da tatica em lorena (sp). corremos para pegar o ônibus das 12h de sábado. chegamos em tempo hábil na rodoviária, mas qual!... lotado. resolvemos fazer cera para esperar o das 14h comendo alguma coisa.

enquanto os pratos não chegavam, a tatica disse que provavelmente, o ônibus que perdemos deveria estar apinhado de fiéis indo para a basílica de aparecida, que é relativamente próxima de lorena. eu, no meu folclórico sarcasmo mal-humorado, cheguei à conclusão de que havia sido melhor perder o das 12h, porque, afinal, com tantos devotos a bordo, seria bem capaz de o ônibus tombar na estrada.

o raciocínio é bem simples, e amparado por estatísticas: é só verificar as notícias durante os feriados religiosos. os desastres trágicos sempre envolvem os transportes utilizados pelos romeiros, seja um barco numa procissão fluvial em belém, um caminhão de pau-de-arara na direção de juazeiro do norte, ou um ônibus fretado para aparecida. acho que o povo reza com tal fervor, deseja tanto as compensações do paraíso e da vida após a morte, que quando pegam deus distraído, o levam a pensar que estão querendo furar fila para subir. e aí ele chama mesmo.

estão achando que sou louco? e o que me dizem do oscar niemeyer? o caboclo já tá com 90 e tantos, e tá firme aí, com sua prótese peniana a mil. pergunta no que ele acredita. e o martin luther king, malcolm x (não me refiro necessariamente ao deus cristão) e os demais mártires de todas as religiões? quanto duraram? então, captaram? não reze muito não, que senão você corre o risco de conseguir um pistolão.