quem quiser ver o tamanho do estrago que 500 anos de exploração capitalista fizeram ao brasil, basta fazer compras nas sendas. na hora em que se chega ao caixa, a impressão que se tem é que são escolhidos a dedo os mais lerdos e ineficientes espécimes humanos para integrar o quadro de funcionários. e que a casa direciona todo seu orçamento na reforma e embelezamento das lojas, sem deixar um tostão sequer para o treinamento de pessoal.
às vezes, como aconteceu comigo hoje, não dá nem para ter raiva dos empregados, porque vê-se que o caso não é de má-vontade. é incapacidade mesmo. a falta de alimentação decente nos primeiros anos de vida, com proteína animal (leia-se carne e leite), compromete o desenvolvimento neuronal e limita a capacidade de aprendizado. para piorar, o sistema educacional é uma piada, incapaz de atingir sua meta principal -- adestrar os jovens para tornarem-se mão-de-obra para a produção capitalista (se duvida, é só procurar o significado das siglas sesi, senai, senac, sesc).
a quantidade de carboidratos presentes na cesta básica pode ser boa para dar energia para o trabalho braçal, mas para usar a cabeça... não creio que um exército de peões, ascensoristas, caixas de supermercado e empregados domésticos -- por mais dignas que sejam essas profissões -- seja capaz de elevar o pib de um país. então como é que se espera que uma determinada classe social possa manter-se produtiva (expropriada, sim, mas produtiva) num mundo cada vez mais dependente da tecnologia, sem proverem-na minimamente com condições de desenvolvimento mental e capacitação profissional? será essa uma das tais "contradições do capitalismo"?