até agora, ainda não me tinha decidido sobre o referendo do dia 23. vinha acompanhando o debate com uma dose grande de isenção e afastamento, embora achasse alguns argumentos dos defensores do comércio um tanto americanófilos e paranóicos (desconfio que, no brasil, a maioria dos que defendem o uso de paus-de-fogo como forma de auto-defesa sequer sabem manejar um revólver de espoleta).
a leitura do artigo "Tudo o que o lobby das armas não quer que você saiba", da carta maior, me fez bater o martelo. para o autor, a violência causada por armas de fogo só não é considerada um escândalo no Brasil, porque a maioria das vítimas são jovens pobres e negros." lembrou-me da pesquisa do caco barcellos no livro Rota 66, A história da polícia que mata, de 1992 (aqui uma boa entrevista com o repórter).
de volta ao desarmamento, um trecho do artigo merece destaque:
Rolim também analisa alguns dos argumentos utilizados pelos defensores das armas no Brasil. Um deles é aquele que afirma: “armas não matam; são as pessoas que matam”. O autor comenta: “Esta é uma daquelas afirmações muito ao gosto de um público televisivo, acostumado com a exigência intelectual de programas como Big Brother e que, por isso mesmo, agradam muito e tendem a ser repetidas infinitas vezes como se, de fato, dissessem algo”. Na verdade, acrescenta, trata-se de uma afirmação tautológica [vai ver no dicionário, pô!]. E propõe a seguinte estratégia de resposta: “Caso você tenha que enfrentar este tipo de lógica não tente falar em tautologia. Seja mais simples e direto. Diga algo como: É verdade, armas não matam. E também não morrem. Quem morre são as pessoas. Seu interlocutor, então, terá no que pensar, por alguns dias”.
ps: aposto minha mão esquerda que se o referendo passar, alguns "coleguinhas" também vão utilizar o título do livro do hemingway.
update: afinal encontrei um argumento fortíssimo a favor do "não": o carlinhos brown aparecendo na campanha do desarmamento.