...e não foram poucas vezes. minha vó comprou na prado júnior um "apartamento de praia" (essa é uma prática comum entre tijucanos natos ou de espírito. pergunte para 80% dos moradores da barra, que assim o fizeram antes de emigrar da zona norte definitivamente. sei porque também sou do oriundo do bairro, apesar da trajetória diferente).
nunca entendi bem a escolha da minha avó, dado o fato de a pj ostentar um recorde informal de concentração de garotas de programa por metro quadardo na cidade, só perdendo para o "shopping" da villa mimosa. pensando bem, só copacabana geraria uma comunidade assim.
pois bem, o síndico da quitinete era o clovis bornay. por conta disso, protagonizei alguns encontros rápidos com o museólogo e campeão de fantasias na portaria e elevador do prédio. aos que imaginam histórias desvairadas, decepcioná-los-ei. ele era um gentleman (sic). talvez, dada a liturgia do cargo, portava-se com educação, mas era um tanto seco. confesso que ficava com vontade de puxar assunto, perguntar dos bastidores dos antigos carnavais e bailes do municipal e do glória, da emoção das capas da manchete, mas ficava com um misto de vergonha e medo de ser mal-interpretado. como eu era (?) idiota...
minha vó continua com o apartamento, mas nunca mais me encontrarei com o ilustre personagem, seu rosto europeu marcado pelos rigores do sol tropical, a indefectível peruca, e, juro, uma aura de lantejoulas e vidrilhos que brilhava sob olhares mais atento.
primeiro a emilinha borba, agora o clovis bornay. sei não, vai sobrar alguma coisa para o carnaval do ano que vem?