1. "kid cavaquinho" - joão bosco e aldir blanc:
minha primeira lembrança musical é a versão da maria alcina para essa canção. achava engraçadíssima a voz dela, e o fato de a música conter as palavras "genésio" e "vagabundo". anos depois, já morando com salsão e gabi, perderíamos preciosos minutos fazendo análises sintáticas da letra para tentarmos descobrir a relação entre o "genésio", a "mulher do vizinho" e o narrador. até hoje não chegamos a nenhuma conclusão.
2. "heart of glass" - blondie:
desde cedo tive a sorte de desfrutar da companhia de mulheres mais velhas, como primas -- muitas --, e as amigas da minha irmã bete. numa das vezes em que moramos em brasília, no começo dos anos 80, tive a oportunidade de acompanhá-la em algumas festinhas. nessas ocasiões, tornava-me "mascote" das meninas, e recebia dos caras valiosos conselhos dos sobre como tratar as mulheres. além disso, fui apresentado para as músicas de gente grande. lembro-me bem do que se ouvia na época, mas fui contagiado pela debbie harry. principalmente depois que a vi no muppet show (até hoje é um dos meus programas favoritos).
3. "supper's ready", genesis:
posso dizer que -- estranhamente, devo ressaltar -- minha fase psicodélica começou com black sabbath. ouvi muito seus quatro primeiros discos. depois tive uma fase meio mahavishnu orchestra e emerson, lake & palmer, mas graças a deus passou rápido. o auge mesmo foi com o genesis. os discos da fase peter gabriel foram importantíssimos para minha formação. quantas vezes nas férias não abarrotamos o carro de um amigo, e seguíamos em direção à joatinga, prainha ou grumari, com essa música aos berros? quantas vezes não subi a cachoeira do primata, no jardim botânico, com seus versos na cabeça? é um tema épico de mais de 20 minutos sobre a batalha entre o bem e o mal, com direito ao retorno do messias e a convocação para a "ceia do todo-poderoso" (daí o título).
4. "o que é que a baiana tem?" - dorival caymmi:
aqui, se eu quisesse fazer justiça, teria que ter colocado a discografia inteira do caymmi, por isso escolhi essa por ser a mais representativa. foi ele quem me resgatou para os braços da música popular brasileira. foi só a partir de então que vieram joão gilberto, cartola, nelson cavaquinho e guilherme de brito, francisco alves e mário reis, a divina elisete, geraldo pereira, almirante, sinhô, donga, joão da bahiana, pixinguinha, clementina, cadê você? digo sem medo de errar que foi um dos germes que deu vida ao cordão do boitatá. enfim, até hoje ando atrás de saber o que é que a baiana tem...
5. "remember" - air:
meu onze de setembro começou em agosto de 2001. a bolha da internet tinha estourado, e com ela, meu emprego, meu casamento e minha casa. obrigado a voltar para a tijuca, morar com minha avó, com quem nunca tinha tido muita intimidade, resolvi encarar um mestrado. afundei na bibliografia recomendada dia e noite, passando em claro à base de cigarros e café. de vez em quando parava e escutava um cd. um dos que figuravam na bandeja era um do "air", uma dupla de quase-adolescentes franceses que abusam dos teclados e sintetizadores com timbres setentistas. quantos pôres-do-sol não assisti da varanda do meu pai (antes que construíssem um maldito arranha-céu em frente), filosofando sobre a incerteza do futuro, tendo apenas a esperança como sustentação. como no caso anterior, seria covardia escolher apenas uma, já que tinha também playground love, all i need e kelly, watch the stars.
se a brincadeira permitisse mais, eu ainda metia um billy paul, um frank zappa, um novos baianos, mas, por enquanto, é isso aí, pe-pe-pessoal.