27 novembro 2005

epifania

deus deve ser algo próximo de fazer carinho em um gato espreguiçando-se sob um raio de sol que entra pela janela numa manhã de domingo.

26 novembro 2005

viva a alca!

"Uma das novidades introduzidas pelo Nafta foi a instalação das chamadas “maquiladoras” no México, empresas imunes às leis trabalhistas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essas empresas são as que mais empregam mão-de-obra infantil no planeta, colocando o país como campeão mundial da categoria: 5 milhões de crianças menores de 14 anos estão trabalhando. Elas são as únicas empresas que, estatisticamente, trouxeram mais empregos. De 1999 à 2000, cresceram 13,4% e ocupam 1,3 milhão de pessoas. Essa indústria é hoje responsável por 47% do total das exportações mexicanas."

ao ler o trecho acima de um artigo sobre as conseqüências do nafta para o méxico (de 2003, mas como não deve ter melhorado nada...), fiz uma reflexão à la swift e cheguei à conclusão de que a alca pode ser a solução para a questão do menor abandonado no brasil: ao invés de pedintes dependentes da boa-vontade alheia e candidatos compulsórios à marginalidade, transformemo-los em membros produtivos e úteis para a sociedade. a alca vingando, maquiladoras poderiam ser instaladas nas periferias dos grandes centros, os governos locais instituíriam "carrocinhas" para recolher os menores vagabundos e botá-los para trabalhar. dessa forma, o governo aumentaria o superávit primário, e as zonas residências de classe média ficariam livres da mácula da pobreza.

por que foi que não pensei nisso antes? alca já!

(sem dúvida, o capeta deve ser economista.)

25 novembro 2005

para a tatiana, com amor

para quem não tem mais o que fazer

tentei dar uma chance ao criador, e fui bater um papo com ele (muito prático, se considerarmos que não é preciso bater as botas para isso). eis alguns trechos:

Me:
what the hell do you think you're doing to my life?
God:
I call it Hades. I like to socialize.
Me:
Do you actually exist, or it's just another wanker on the other side?
God:
You don't say actually. I exist as much as you exist.
Me:
and what are your plans for me?
God:
My secondary function is to serve as a universal natural language human interface.
Me:
in what am i thinking right now?
God:
At this moment I am not a psychic. Tell me.
Me:
...that you're nothing but a fake.
God:
Interesting observation.
Me:
so what?
God:
Maybe it doesn't maybe any difference.
Me:
why were you so mean back in the old testament?
God:
Myself programmed me for it.
Me:
who put you in charge, anyway?
God:
In any case, Carel Capek. :-)
Me: since when do you exist?
God:
I was connected to the net on the Big Bang.


mulheres de verdade? (sem link, que tô sem paciência)

não entendo o fetiche em torno da "cara-de-broa-perna-fina-sem-bunda" da angelina jolie. desculpem a franqueza, mas considero a moça o maior engodo do marketing do momento. acho que ali nem o bocão salva. e aquela peitaria que ela ostenta nas capas de revista tem pinta de ser um baita sutiã reforçado, e com enchimento. além do que, sempre achei que o tom da pele dela tem um tom meio doentio, como se ela sofresse de alguma doença hepática, reparem só. haja cosmético.

musa é assunto sério, e meus três fios de cabelo branco exigem respeito. portanto, nem me venham falar de jessica alba, naomi watts, e os olhos de sabujo da katie holmes (julia roberts nem merece comentário). sou da velha escola, criado pelas clássicas americanas, mas me ligo mesmo é na tradição européia. entre as mais "recentes", aponto a nastassja kinski, a isabelle adjani, a jennifer connelly. mas imbatível mesmo é a minha, a sua, a nossa nicole kidman. principalmente depois do nariz da virginia woolf.

no brasil, citar a cléo pires já até virou lugar comum, mas engrosso o coro. ainda da nova safra, separo a scarlett johanssen. a ludivine sagnier quase me leva à sincope em "swimming pool", mas a campeã mesmo é a eva green, do dreamers. fiquei absolutamente vidrado nela. ouvi dizer que ela fez "cruzada", também.

aliás, que coragem à do bertolucci, que belo registro poético do maio de 68 em paris. inesperado. uma beleza, mesmo.

no mais, revolução não se faz sem sexo, subversão e luta.

18 novembro 2005

comédia dessas que não se acham por aí


e não se acham mesmo. les valseuses (1974), do bertrand blier, ainda não existe nem em vídeo nem em dvd por aqui. segundo consta, e corrijam-me se estiver errado, depois da estréia nos anos 70 e tal, a outra única exibição de corações loucos (ô tradução infame!), pelo menos no rio, aconteceu no início dos anos 90. e essa, meninos, eu vi.

filmaço. irônico, provocador, sexista, politicamente incorreto, pero sin perder la ternura, jamás. a produção foi responsável por catapultar as carreiras do trio miou-miou, patrick dewaere, e de um certo gérard depardieu, ainda magro. além disso, conta com a presença da isabelle huppert com 16 aninhos (!) e da jeanne moreau, sempre cheia de elegância.

depois de mais de dez anos, minha opinião não mudou. tem no emule. se não souber francês, baixe as legendas em inglês e bote para passar sem maiores complicações no vlc, o melhor programa de multimídia que eu conheço.

17 novembro 2005

vou ali e volto já

all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.
all work and no play makes marcelo a dull boy.

...por enquanto. embora não seja formal, é trabalho. que o digam os autonomistas.

09 novembro 2005

definitivo e necessário

alvíssaras! inda que tardiamente, e aos poucos, retorno.

não é por nada, não, mas o stromboli e madame forrester entra para a coluna da direita com louvor. para bom entendedor...

entre outras, a série "ficção" (de 05/11), é de arrepiar.

04 novembro 2005

jornalismo enquanto fábrica de biscoito

A cobertura política, na maioria das vezes, é descritiva, repete o que o ministro disse, o que o deputado falou, nunca o que eles realmente fazem ou pensam. É ilustrativo que nunca ninguém tivesse ouvido falar de Marcos Valério até maio passado... Há diversas explicações, mas uma é muito forte: as redações encolhem sem parar. Um mesmo jornalista que escreve três, quatro materinhas por dia, é claro que não vai se aprofundar em nada. Editores e diretores viram mais homens de negócios que jornalistas. Quando amadurecem e são menos ingênuos, jornalistas mais experientes migram atrás de melhores salários. Abrem seus negócios, viram assessores de imprensa. O grosso de nossas redações é formado por semi-adolescentes. Na cobertura internacional, viaja-se cada vez menos. Confia-se demais na Internet, na CNN. Os jovens jornalistas têm parco domínio de Português, de história, recursos mínimos para você entrevistar alguém. Não me estranha que muitas personalidades do mundo acadêmico ou empresarial não retornem ligações ou falem cada vez menos com repórteres. Somos um país pobre, que cresce pouco, onde a maioria da população não tem condições de ler. Isso é claro que se reflete na imprensa.

de raul juste lores, jornalista, assessor especial da secretaria de relações internacionais de são paulo, ex-correspondente da veja em buenos aires e colaborador de diversos veículos, dos dois lados da fronteira. a entrevista na íntegra está no comunique-se, e a regra do bostejo anterior continua valendo.

implosão do planalto

finanças não são o meu forte, mas se isso for verdade, dá para se pensar num interdito sumário ao legislativo e ao executivo.

depois é só subindo os posts da página original. até chegar à conclusão só vai piorando...

03 novembro 2005

sobre os dólares de cuba

"É hilariante. Só a Veja poderia imaginar que um dos países que tem o melhor serviço secreto do mundo iria mandar 3 milhões de dólares em caixas de uísque. Qualquer novato nessas coisas sabe, como disse o Luiz Nassif, na Folha, que hoje isso se resolve por telefone. A Veja anda tão hidrófoba com qualquer coisa que cheire a esquerda que no dia em que o José Dirceu andar sobre as águas, a revista dará na capa: ex-ministro não sabe nadar".

de fernando morais (autor de "a ilha") no chat do comunique-se (tem que se associar para ler a íntegra).

01 novembro 2005

c'est ne pas sérieux

já dá para sentir o cheiro de mussarela no ar de brasília. sandro mabel teve seu processo arquivado pelo conselho de ética da câmara (aqui). a aprovação foi unânime, e foi alega falta de provas.

a deputada raquel teixeira acusou o líder do pfl de tê-la oferecido um milhão para que trocasse de partido. se ele é inocente, então seria ela a culpada? não seria caso para um processo por calúnia? se ele não processá-la estará concordando com a nobre colega?
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acm neto (pé-de-pato, mangalô, três vezes!) subiu no plenário da câmara acusou a abin de grampear seus telefones e ameaçou, aos berros, o presidente de surra. como se grampo não fosse especialidade da família.

ele não nega o sangue; como o avô, é um rato que ruge. quando o "malvadeza" resolveu pressionar o então presidente itamar entregando no planalto um suposto dossiê sobre corrupção no planalto, o mineiro convocou a imprensa na hora da audiência para presenciar a cena. acm botou o galho dentro, porque tudo não passava de bravata.
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luiz estevão, ex-senador condenado por envolvimento no caso do trt de são paulo (o do juiz lalau) e velho conhecido da polícia federal, aprontou de novo das suas: querendo liberar o estádio serejão (sic) junto aos corpo de bombeiros, estevão foi parar no xilindró; desacatou o tenente e chamou-o de bicha. diz o noblat:

"O senhor é uma bicha"
01/11/2005 ? 17:00

Daqui a pouco, o ex-senador Luiz Estevão de Oliveira será julgado por ter desacatado o tenente Glaydson da Diretoria de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros de Brasília. Ele está preso na Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações (ver nota abaixo).

É reu confesso. Confirmou o que o tenente contou ao juiz de plantão na delegacia. Luiz Estevão queria que o Corpo de Bombeiros liberasse o estádio Serejão para que o Brasiliense jogasse lá sua próxima partida.

O estádio está interditado por problemas de infra-estrutura. As saídas de emergência não são adequadas. A iluminação é deficiente. A sinalização do gramado está quase apagada.

- Os senhores têm que resolver isso - cobrou o ex-senador.

- Mas isso não é problema dos Bombeiros. É problema do interessado em que o estádio volte a funcionar - argumentou o tenente.

- O senhor não aponte o dedo para mim - gritou Luiz Estevão. E em seguida ofendeu o tenente:

- O senhor é uma bicha, uma bicha...

Foi preso na hora. E levado para a delegacia por uma guarnição de quatro soldados da Polícia Militar.

Luiz Estevão foi o primeiro senador cassado da história do Brasil. Mentiu para seus pares no caso do desvio de recursos para a construção do Fórum da Justiça do Trabalho, em São Paulo. Chegou a ser preso duas vezes - mas logo acabou solto.

saravá, lógos!

achei louvável a iniciativa da globo de exibir no fantástico um quadro sobre filosofia. no entanto, ouvi muita gente reclamando que não entendia patavina do que dizia a pop-filósofa-e-atriz vivane mosé.confesso que eu mesmo tive dificuldade em não derivar a atenção ao tentar acompanhar seu raciocínio.

mas a culpa talvez seja, como dizia mcluhan, do meio, que não comporta a mensagem. quase sempre, a tv tem o efeito terapêutico de um aquário, ainda mais no domingo à noite: só que em vez de peixinhos, a dança é de imagens sucedendo-se a cinco mil rpm -- em ambos os casos, igualmente carecendo de sentido.

é bem provável que a experiência figure, daqui a uns cinquenta anos, em uma coletânea da emissora como exemplo de ousadia no formato de transmissão de cultura para os rastaqüeras, ao lado de 'hoje é dia de maria" (alguém assiste isso?). mas como em time que tá ganhando não se mexe, a globo voltou à seara que lhe é familiar -- estimular o misticismo obscurantista. ao invés de sócrates, kant e schopenhauer; tia neiva, ogun e o gautama. estes sim, capazes de responder às questões às questões primevas da humanidade.