o nome do filme é alien vs predador, mas dada a proximidade com as eleições americanas, podia muito bem ser kerry vs bush.
* * *
update:
a sensação de certeza confirmou-se com o slogan dos cartazes do filme pelas ruas: "não importa quem vença. nós perdemos". ironia ou previsão?
31 agosto 2004
cinema ou realidade?
29 agosto 2004
para não dizer que não falei de política
é o seguinte, garotada: a situação tá uma merda? tá. o pt parece estar meio desorientado? parece. o lula anda trocando os pés pelas mãos? anda. veja bem, concordo com todas as reclamações contra o nosso presidente. mas não se pode esperar que o caboclo mude tudo em quatro anos. principalmente se lembrarmos que não houve revolução. as elites políticas e empresariais que estão aí são as mesmas que, há quatrocentos e tantos anos, mandavam cortar os pés dos "negros fujões", e que tratavam índio a fogo de arcabuz. como ouvi por aí, os "empresários do ano" costumam ser filhos de senadores, netos de comendadores, bisnetos de barões e tataranetos de ladrões de cavalo. assim nasceram as grandes fortunas do brasil, e até hoje não apareceu quem me provasse o contrário.
no quesito política internacional, com a tal da globalização, quem acha que o nosso sapo barbudo poderia fazer algo diferente, com a estreita faixa de manobra que o g-8 nos dedicou, ou é louco, burro, ou mal-intencionado. vamos falar a verdade, as ordens vêm de fora, mesmo, e a menos que rompamos os laços com o capital de forma definitiva (e nos tornamos uma cuba, mas aí, meus caros amigos da barra da tijuca e do interior de são paulo, não tem mais jatinho, helicóptero, angra, maresias e daslu...), a coisa não poderia ter um rumo diferente. ainda mais com a herança deixada pelo nosso ex-príncipe, fernando II, o artífice da estabilidade econômica, como ele gostaria de entrar para a história. mas parece que ninguém lembra mais de seu legado de incompetência.
mas hoje, não me lembro porque cargas d'água, comentei com a tati sobre a entrevista do barbosa lima sobrinho para a falecida bundas, em 99. barbosa, que de bobo não tinha nada, já conhecia o potencial lambão do fernando henrique cardoso de outros carnavais. repito: a declaração abaixo é do nosso barbosa lima sobrinho, a única unanimidade do país, a reserva moral da nação. faço questão de reproduzi-la:
Bundas - O senhor votou nele [FHC]?
Barbosa - Não, votei no Lula. O pai de Fernando Henrique, general Leônidas Cardoso, e o tio, general Felicíssimo Cardoso, eram nacionalistas. Seu pai, eleito deputado federal com o apoio dos comunistas - que estavam na ilegalidade - desempenhou seu mandato na Câmara inspirado em ideais nacionalistas. O filho, atual presidente da República, não honrou o nome do pai nem a tradição da família. Empregou o genro numa agência empenhada numa política declaradamente anti-Petrobrás. Gostaria de contar uma história: em 1968 houve uma reunião da Campanha Nacional de Defesa da Amazônia na casa do general Felicíssimo Cardoso, presidente da comissão, tio do atual presidente. Participavam Henrique Miranda, hoje diretor da ABI, o general Carlos Hesse de Melo, Os professores Alvércio Gomes e Orlando Valverde e a geógrafa Irene Garrido. Todos foram testemunhas. Discutia-se a redação de um documento de defesa da Amazônia e Henrique Miranda sugeriu que se mandasse o texto para Fernando Henrique, em São Paulo, para que ele o divulgasse e colhesse mais assinaturas. Aí o general Felicíssimo disse: "Pode mandar, Miranda, mas este meu sobrinho não é de confiança". Concordo com a opinião dele.
28 agosto 2004
pílulas barretianas
afonso henriques de lima barreto. nome de rei ou nobre. na verdade, mulato, pobre, alcoólatra e um dos maiores escritores nacionais. com certeza o mais carioca deles, ao lado de joão do rio.
sua condição marginal lhe conferia uma visão aguda da natureza humana e da sociedade; quase sempre implacável quando o assunto era seu próprio papel nela.
há muito tempo li o "cemitério dos vivos", amargo diário sobre sua derradeira estadia no sanatório da praia vermelha, atualmente, campus da ufrj. é lá que fica, entre outras, a escola de comunicação da ufrj, onde concluí o mestrado (pode-se dizer que há pontos de contato entre o passado e o presente, mas isso é outra história...). hoje, fazendo uma mega-limpeza no computa, achei uns trechos do livro, que faço questão de reproduzir. depois me digam se o sujeito não era um azougue.
"Eu não tenho nenhuma espécie de superstição pelos nossos títulos escolares ou universitários; eles dão algumas vezes algum saber profissional, muito restrito e ronceiro, e nunca uma verdadeira cultura (...)"
"Esta nossa sociedade é absolutamente idiota. Nunca se viu tanta falta de gosto. Nunca se viu tanta atonia, tanta falta de iniciativa e autonomia intelectual! É um rebanho de Panúrgio, que só quer ver o doutor em tudo, e isso cada vez mais se justifica, quanto mais os doutores se desmoralizam pela sua ignorância e voracidade de empregos. Quem quiser lutar aqui e tiver de fato um ideal qualquer superior, há de por força cair. Não encontra quem o siga, não encontra quem o apoie. Pobre, há de cair pela sua própria pobreza; rico, há de cair pelo desânimo e pelo desdém por esta Bruzundanga. Nos grandes países de grandes invenções, de grandes descobertas, de teorias ousadas, não se vê nosso fetichismo pelo título universitário que aqui se transformou
em título nobiliárquico. É o Don espanhol."
" (...) embora a glória me tenha dado beijos furtivos, eu sinto que a vida não tem mais sabor para mim. Não quero, entretanto, morrer; queria outra vida, queria esquecer a que vivi, mesmo talvez com perda de certas boas qualidades que tenho, mas queria que ela fosse plácida, serena, medíocre e pacífica, como a de todos."
só para manter o fluxo...
acordei e fui no mercado comprar pamonha (nota: mercado no fim de semana de manhã é coisa de pobre. não que minha condição financeira me habilite a esse tipo de julgamento, mas a única coisa que me faz encarar esse tipo de programa ianomâmi é a recém-adquirida paixão por pamonha. doce, não. ainda guardo algum tipo de dignidade...).
para variar, estava lotado, e aproveitei para dar uma calibrada na despensa de casa. na fila, quilométrica, pedi pro cara da frente dar uma olhada no carrinho, enquanto voei na banca para comprar um jornal. para variar, nada de novo, mas como faz falta a novidade vazia travestida de informação que nos obrigam a engolir nesse mundo globalizado, para manter-nos dispersos e fragmantados.
na hora de pagar, vi que estava sem dinheiro e sem o cartão. ligo para a patroa (ela vai adorar a denominação), em casa. oi, dá para trazer o cartão? tá, bom, to indo. uns dez minutos depois, ela chega. de perfume. quis ensaiar uma gracinha mal-criada, e ouvi um "quem foi que esqueceu o cartão, mesmo?", só para me botar de volta ao prumo. bonito isso.
e o dia transcorria, preguiçoso. e as preocupações escorriam sob o mormaço, enquanto eu pensava em como é bom estar vivo...
27 agosto 2004
atendendo a pedidos: a lei de imprensa
sei que tenho andado sumidão, mas não ando desligado. as delícias da vida a dois, as agruras de tentar deixar a casa minimamente habitável com salário (qual?) apertado, e o trabalho que não ata nem desata têm consumido tempo e paciência para cuidar do boteco. no entanto, introduzo (epa!) o tema a partir do diálogo travado nos comentários do bostejo anterior, com meu amigo análise, sobre a lei de imprensa. para não deixá-lo sem resposta, reproduzo o artigo do elio gaspari (de 25 de agosto), impecável, que traduz minha opinião melhor do que eu mesmo jamais seria capaz de formulá-la. vai ficar enorme, mas quem tiver saco de ler, lerá.
A essência da LulaPress é a empulhação
Aqui vão dois pares de textos. Relacionam-se com noções de ética e disciplina dos jornalistas. Estão separados pelo tempo, pelo propósito e pela origem.
O primeiro diz o seguinte:
"As notícias devem ser precisas, versando apenas sobre fatos consumados. Não permitir informações falsas, supostas, dúbias ou vagas."
"A divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública, independentemente da natureza de sua propriedade."
A segunda frase está no Código de Ética que servirá de base para a definição da alma do projeto que Lula mandou ao Congresso para "normatizar, fiscalizar e punir as condutas inadequadas dos jornalistas". Esse Código, aprovado num congresso da classe em 1987, é muito mais um manual de conduta. Acoplado ao projeto de Lula resultará num regulamento disciplinar dos jornalistas.
A primeira afirmação é do general Silvio Correa de Andrade, chefe da Polícia Federal em São Paulo, no Manual de Censura que distribuiu aos jornais em dezembro de 1968, horas antes da edição do Ato Institucional n 5.
O problema está na coincidência
O Código de Ética do aparelho sindical diz que "é dever do jornalista prestigiar as entidades representativas e democráticas da categoria."
Outro manual de censura, de junho de 1969, avisava que não se podia "publicar notícias ou comentários tendentes a provocar conflitos entre as Forças Armadas, ou entre essas e o poder público, ou entre esse e o povo."
No mundo dos generais considerava-se desprestígio dizer que em alguns de seus quartéis praticavam-se a tortura e o extermínio como política de Estado.
No mundo dos companheiros, os jornalistas têm o dever de "prestigiar" os sindicatos e a Federação Nacional dos Jornalistas, a Fenaj. Seria desprestígio lembrar a maracutaia das aposentadorias de falsos perseguidos políticos, promovida em 1995 pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro?
Qualquer semelhança entre os manuais de censura e a visão autoritária e aparelhada que acompanha o projeto de criação do conselho federal do ofício é mera coincidência. Quando uma iniciativa de Lula, associado à Fenaj, guarda semelhanças retóricas com o palavrório dos censores, algo de ruim está acontecendo.
O projeto enviado por Lula ao Congresso ficará alguns anos na gaveta, rosnando. É um documento pedestre, mal intencionado. Na exposição de motivos o ministro Ricardo Berzoini diz o seguinte: "A sociedade tem o direito à informação prestada com qualidade, correção e precisão, baseada em apuração ética dos fatos." Sabendo-se que em 1968, durante a reunião em que se decidiu baixar o Ato Institucional n 5, louvou-se 19 vezes a democracia e condenou-se 13 vezes a ditadura, pode-se perceber como palavras bonitas ("qualidade, correção e precisão"), escondem o bornal do controle ("disciplina", "advertência", "censura", "suspensão", "cassação").
O projeto confunde deliberadamente um elemento essencial à profissão (a correção e o zelo pela precisão da notícia) com uma obrigação legal submetida à fiscalização, ao julgamento e à disciplina de um braço sindical sustentado pelo confisco de uma parte da renda dos profissionais.
A imprensa tem horror à fiscalização
Depois de se dizer tudo isso contra o projeto, pode-se argumentar que os jornalistas querem publicar grampos telefônicos obtidos ilegalmente, violar o sigilo bancário dos outros, defender o controle externo dos poderes alheios e escrever mentiras. Quando se fala em fiscalizá-los, esperneiam, cantam a "Marselhesa" e se escondem debaixo da alegoria da liberdade de imprensa. Quem achar assim estará muito mais certo do que errado.
O pior é que essa pessoa pode achar mais. Ela pode achar que há órgãos de imprensa que vendem reportagens, entregando-as aos leitores como se fossem produto daquela tal atividade protegida pela Constituição. Pode também suspeitar que os governos federal, estaduais e municipais gastam o dinheiro da patuléia e das empresas estatais com publicidade geralmente associada à simpatia do noticiário. Pode amaldiçoar jornalistas que escrevem belezas sobre eventos aos quais foram convidados a custo zero. São as chamadas "bocas-livres". Em suma: há corrupção, e muita, na imprensa. Essas práticas não atingem a todos os jornais, revistas e emissoras, mas as maracutaias do mundo das comunicações são menos noticiadas no Brasil do que pedofilia de padre no Observatore Romano.
A imprensa brasileira precisa de algum tipo de fiscalização crítica independente. Uma forma simples, pública e bem-sucedida de fiscalização é a figura do ombudsman, adotada em 1989 pela "Folha de S. Paulo". Depois de passar por memoráveis vexames, o "New York Times" criou o seu ombudsman no ano passado. Pode-se achar que é pouco.
Devem existir instâncias de fiscalização além do Poder Judiciário? Para médicos, advogados e arquitetos, elas existem.
Essas instâncias devem se misturar com o Estado ou devem se confinar ao universo do prestígio profissional? De um lado ficam os conselhos como o que Lula quer criar. São organismos de alistamento e arrecadação compulsória. De outro, entidades como as associações de jornais, revistas ou emissoras. Como as instâncias fiscalizadoras dos agrupamentos patronais freqüentemente não fiscalizam coisa alguma, a bola poderia rolar para a Associação Brasileira de Imprensa?
Essas são questões a respeito das quais cada um deve formar a sua opinião, pronto para mudá-la a cada duas semanas. Debate bonito é assim.
Notícia e verdade não são a mesma coisa
Vale voltar às duas primeiras afirmativas lá de cima. Pode-se sustentar que o Código de Ética dos jornalistas e o Manual de Censura do general dizem coisas parecidas porque dizem coisas verdadeiras. É aí que mora o perigo. Toda vez que se fala em notícias necessariamente precisas, verdadeiras, seguras e claras, o que se quer é embaralhar o debate. Coisa do tipo enquanto-houver-fome-não-haverá-democracia.
A confusão entre notícia e verdade é uma falácia. Ela foi desmontada há quase um século por Walter Lippmann, um dos maiores jornalistas do seu tempo:
"Quem acredita que notícia e verdade são duas palavras que designam a mesma coisa, não vai a lugar algum. A função da notícia é sinalizar um acontecimento. A função da verdade é trazer à luz fatos ocultos, formando um quadro da realidade dentro do qual as pessoas possam agir. (?) Nós não entendemos a natureza limitada das notícias e a complexidade ilimitada da sociedade; nós superestimamos nossa capacidade de resistir, nosso espírito público e nossa competência." Ele se divertiu lembrando que os cidadãos pagam bom dinheiro pelos seus lugares no teatro e pelas passagens de trem, mas querem comprar a verdade, todos os dias, pagando com a menor moeda em circulação (Em 1921 os jornais custavam um centavo de dólar).
"Precisas e corretas" mistificações
Em 1964 num memorável julgamento da Suprema Corte dos Estados Unidos, o juiz William Brennan Jr. redigiu a sentença que assegura à imprensa americana o direito de cometer erros factuais no noticiário relacionado com personalidades públicas. Brennan sustentou que se os jornalistas forem colocados debaixo do medo de punições legais caso não contem histórias "precisas e corretas", quem perde é a sociedade, por ficar menos informada. Nada a ver com licença para mentir. O jornalista obriga-se a demonstrar que não sabia da falsidade da notícia e que não agiu como se pouco lhe importasse o fato de ela ser verdadeira ou falsa. Se alguém acha que a Corte Suprema é leniente com a imprensa, vale informar que, pelos seus critérios, algumas dezenas de jornalistas brasileiros teriam passado pela cadeia por conta da publicação de grampos. As casas impressoras ou transmissoras onde trabalhavam teriam corrido o risco de falir.
O comissariado que produziu o projeto de LulaPress promete ao público um regime de informações "precisas e corretas", sabendo que esse tipo de doce não existe. Às vezes essa empulhação parte dos jornalistas. Outras vezes parte daqueles que pretendem controlar os jornalistas. Em todos casos, o que se quer é empulhar a patuléia.
10 agosto 2004
se não ficou bem...
...é porque ainda não é o fim. na vida, aprendi, tudo se resolve. antigamente, meu lema era "calma, tranqüilidade e cara-de-pau". nada mais útil. hoje, penso em termos de "calma, respiração e cara-de-pau". embora ainda não tenha me decidido pela mudança, atesto e dou fé na eficácia. ajuda mesmo. impressionante.
outro dia vi o michael moore novo. gostei mas me fez mal. hoje o ali kamel veio descascando o diretor, acusando de manipular informações e fatos, de forma a desmoralizar o bushinho. pode ser, mas tem coisa melhor do que falar mal dos outros? e pelas costas, ainda por cima? gostei mesmo.
quer dizer então que só um os poderosos podem mentir e omitir? a direita hidrófoba e os conglomerados de comunicação pintam e bordam, os anunciantes pautam escaradamente e sem vaselina, e que a "cobertura isenta" funciona na base do "aos amigos, tudo, aos inimigos, justiça". agora, porque o "outro lado" tem que ser arauto do factual, a vestal da pureza e da verdade imaculada?
a informação virou moeda corrente, e a luta por sua posse, uma guerra. das sujas. então, meus caros, já que o clima é de vale-tudo, então fiat lux. a verdade é uma abstração, e quem chegar primeiro, leva.
viva michael moore, viva a especulação, o boato e a fofoca. chega de engolir tudo o que te falam, espalhem vocês também as boas novas e a epidemia. como diz o povo do cmi (linque ao lado) parafraseando o jello biafra, "odeia a mídia? torne-se a mídia".
(cara, acho que escolhi a profissão errada...)
...
só para concluir: fiz o teste do dude (águas claras, linque ao lado) e deu o seguinte (e não é que há alguma semelhança com as sandices bostejadas acima?):
Morpheus
Which Of The Greek Gods Are You ?
brought to you by Quizilla
"i give you everything i got for a little peace of mind"...
tempos estranhos, tempos instáveis, tempestuosos...
a força para me manter firme ao timão (não, não sou corinthiano, e para mim, o grande time será sempre o glorioso) drena a disposição de bostejar.
aguardem, em muito breve, definições e mudança de ânimo.
juro que não serei mais tão enigmático, também.
jundas.
02 agosto 2004
pimenta no orkut dos outros
estou no orkut. mantenho-o razoavelmente atualizado, pertenço a comunidades interessantes e engraçadas, e até coloquei algumas fotos nesse último finde.
mas admito que tem que ter um saco de jó para freqüentá-lo. e descobri que, quanto maior a comunidade, menos saco eu tenho para ler as mensagens. às vezes são mais de 100 respostas muito parecidas, sobre um assunto completamente bobo. é uma perda de tempo enorme.
cheguei à conclusão de que só vale a pena participar dos grupos sobre assuntos que me interessam muito, e sobre os quais há a possibilidade de conseguir informações novas. de resto, vou reduzir o número de comunidades drasticamente.
já tenho amigos suficientes. os antigos, com exceção de um ou outro, provavelmente causarão mais constrangimentos do que alegria. além do mais, estou um pouco preocupado com o excesso de exposição. acho que já a tenho em demasia aqui com o borduna!...imagina no outro, em que botei uma descrição detalhada, ainda por cima com fotos!
por isso que não deixo de me solidariezar com o arnaldo bloch, em sua coluna deste sábado passado. fiquem aí com o texto:
Orkut na reta
O Orkut, "site de relacionamentos" do Google, ainda não era a coqueluche que é hoje (com um milhão de usuários, metade deles no Brasil) quando Lia, amiga minha, contou a novidade, numa noitada no Baixo Gávea.
- Gente, é um clube na internet onde várias coisas legais acontecem.
Fiquei curiosíssimo.
- E como faz para entrar no Orkut, Lia?
- Ah, você tem que ser convidado por um amigo. Ou uma amiga.
O jornalista galês (personagem que ora e vez dá as caras nos botecos) interveio.
- Esto é uma fôrma de ecsclusáo !
- Exclusão nada. Tá todo mundo entrando. Todo mundo convidando ? reagiu Lia.
E virou-se para mim, provocante:
- Quer ser meu amigo no Orkut?
- Que isso, Lia. Estou comprometido. Fechei meu botequim.
- Que isso digo eu, Arnaldo. O Orkut é um mundo eletrônico.
- Ah, se é eletrônico tudo bem.
No dia seguinte, recebi um e-mail de Lia me convidando para entrar. Fui conferir e entrei. O Orkut começou a me fazer um montão de perguntas. Tipo: você é mais de sol ou de lua? Gosta de cinema ou teatro? Considera-se um sujeito engraçado, burro, tímido, idiota ou alternativo? É pan, metro, hetero, bi, retro?
Fui respondendo. Depois, descobri que havia um sistema classificatório, no qual você dá estrelinhas para as pessoas. E decide se vão ser suas amigas. E tem foto dos amigos tipo galeria de revista de celebridades.
Então a Lia veio ao meu terminal:
- Aí, Arnaldo, dá estrela pra mim!
Obedeci. Dei estrela para a Lia. Exausto, desliguei o computador.
Foi a última vez que entrei no Orkut.
Mas, a partir daquele dia, os convites começaram a se multiplicar. Quase todo mundo que eu conhecia me convidava para ser seu amigo no Orkut. Inclusive gente legal, inteligente, cheia de conteúdo.
E comecei a ouvir umas conversas estranhas, o pessoal contando vantagem.
- Entupiram meu Orkut de estrelas!
- Ah, mas eu já tenho 60 amigos.
Rapaziada, aquilo começou a me irritar, me irritar... e descambei a falar mal do Orkut pra todo mundo, a encarnar na Lia e nos que me convidavam, inventar gracinhas do gênero ?o que o Orkut tem a ver com as calças??
Aí as pessoas me atacaram: ih, Arnaldo, que mau-humor. Cara chato. Ficando velho.
Lia ainda tentou me convencer a voltar, dizendo que o Orkut é ótimo pra você encontrar pessoas que não vê há décadas, amigos de infância, gente do maternal.
- Mas Lia, quem disse que eu quero rever meus amiguinhos de um ano de idade?
- Qual o problema?
- Coisa chata. Daqui a pouco vou estar formando grupos de ex-amiguinhos de um ano de idade. Prefiro encontrar as pessoas que tiver que encontrar por acaso, na rua. Isso já dá bastante trabalho, entre boas surpresas e grandes decepções e aluguéis.
- Velho - disparou Lia.
- Chata - reagi.
Como vingança, postei um comentário no meu blog. Um curto manifesto anti-Orkut.
Nele eu dizia (e redigo e amplio), que o Orkut é um micromundinho frívolo e vazio que repete o universo da rede num sistema de pirâmide que multiplica seus membros à medida que todos querem ter amigos, ganhar estrelas, fazer parte de grupinhos de interesse e reencontrar coleguinhas de infância.
Uma leitora disse que Orkut é meio bobo mesmo, mas é uma forma de fugir da solidão nesse mundo desumanizado.
Eu respondi que ela corria o risco de ficar presa do outro lado do espelho (ver o "Buraco do espelho", de Arnaldo Antunes.)
Numa apresentação aqui no jornal para colegas que fazem parte do Calandra 2004, um programa de aperfeiçoamento profissional, repeti minhas críticas. E, mudando de assunto, contei um episódio sobre a implicância de uns amigos por eu ter confessado, numa crônica, que fiz pilates (temporariamene).
- Pra vocês verem... tem gente que tem o maior preconceito contra pilates.
A Glauce, colega minha aqui do Caderno Boa Viagem, pediu a palavra.
- Pois é, e tem gente que tem preconceito contra o Orkut.
Silêncio no auditório. Precisei de uns segundos para me reestruturar.
- É verdade, há um certo preconceito. Desconfio dessas manias animadinhas que pegam todo mundo num roldão.
Glauce replicou.
- Você leva muito a sério. O Orkut não é tão sério assim.
- Talvez não seja para você, mas há uma horda de aficionados. Orkut é sintoma de uma época estranha, em que pessoas falam como robôs em telefones e dizem que "vão estar enviando", em que amigos se reúnem para caminhar sobre tabuleiros vivos testando conhecimentos gerais, em que tudo é meio game , em que a galera alternativa vibra atropelando criancinhas na pele de bandido eletrônico, em que os amiguinhos se reencontram em praças imaginárias em shoppings virtuais.
O pessoal do Calandra deve ter achado que estava diante de um maníaco da teoria da conspiração. É o preço de zoar do Orkut...
só para fãs do charlie brown jr.
não conheço quase nada da banda, exceto que eles fazem um esporro desgraçado. mas isso não nos impediu (eu e a tatipiv) de descobrirmos o motivo da agressão do chorão contra o marcelo camelo. ao se encontrarem, o cantor do los hermanos teria, na verdade, elogiado a banda:
- pô, cara, me amarro naquela canção de vocês, "papo seu reto".
...
pano rápido.