acredito que todo mundo deve ter liberdade para fazer o que quiser com o próprio corpo, desde que assuma a responsabilidade por seus atos e depois não aporrinhe ninguém. por isso sou favorável à descriminalização das drogas e do aborto.
esse segundo assunto me chamou a atenção ontem, quando, na volta do trabalho, topo na cinelândia com uma manifestação nas escadarias da câmara dos vereadores de um suposto grupo "a favor da vida".
posso pensar em argumentos científicos, psicológicos, sociais, humanistas e até malthusianos para defender a interrupção de uma gravidez. entretanto, o único argumento em contrário é ordem divina. e contra crença e fé não há debate.
enquanto pensava nisso, escuto uma das manifestantes dizer:
-- as pessoas falam em direito da mulher, mas o que dizem do direito de um ser inocente e indefeso à vida?
peraí, se a questão é defender o direito à vida de seres indefesos, o que me dizem do tratamento cruel dispensado aos frangos, vacas, carneiros e outras delícias criadas apenas para o abate?
parece tratar-se de um caso de dois pesos e duas medidas. porque se emplaca a modesta proposta do escritor-patê jonathan swift, será que eles defenderiam a mesma posição com tanta veemência?
por via das dúvidas, a partir de agora só discutirei a legalização do aborto com vegetarianos.
31 outubro 2007
papa-anjo
29 outubro 2007
pérolas do mundo corporativo
em tom de galhofa, uma colega de batente me traz um texto que ela recebeu para divulgação interna, onde se lê:
"(...) o portal amplia, portanto, a visibilidade das atividades das unidades".
não merecia o primeiro prêmio no mundial de aliteração?
e ainda ousam questionar o porquê de contratarem tantos jornalistas...
25 outubro 2007
nós "semo" tatu!
há um mês e pouco tatuei meu braço direito.
lá em casa sempre se considerou tatuagem coisa de marginal. o assunto era tão distante de nossa realidade, que discuti-lo seriamente pareceria um absurdo risível.
até a adolescência, jamais havia pensado na possibilidade de me tatuar. a exceção foi quando os hormônios resolveram jogar pingue-pongue com meu raciocínio, e, influenciado por uma matéria na falecida revista "animal", pensei em tatuar meu rosto todo, a exemplo de horace ridler, vulgo "o grande omi" (sem trocadilho).
nessa mesma época, cultivei o desejo de pular de um avião sem pára-quedas, de modo que o que eu digo não se escreve.
lembro do meu pai dizendo, quando as meninas começaram a prestar atenção em mim (porque até então só eu as via), que "mulher tatuada, ou é perdida ou já se perdeu na vida". essa opinião acabou sendo revista anos depois, quando tanto minha mãe (já separada) quanto minha irmã pintaram os corpos, por motivos diferentes.
minha irmã, para completar, meteu até uns piercings no "embigo", nariz e orelha, para seu desespero. ao vê-la "furada como um índio", perguntou, desconsolado: "você está com algum problema, minha filha?" juro que fiquei emocionado.
a idéia de me tatuar voltou na época do mestrado, quando assolado pelo desespero de escrever minha dissertação, resolvi que se saísse de tal enrascada com a sanidade apenas um pouco (mais) avariada, marcaria o período na pele.
no começo de 2004 tive minhas primeiras idéias. mas no fim, achei o urobouros meio pretensioso, uma amiga comparou o "allah" ao desenho de um ralo, e o salsão, meu consultor para assuntos macumbísticos, com quem eu morava na época, disse que caveira é uma imagem carregada.
três anos depois, equivocadamente me sentindo dono do meu nariz, mas já capaz de pagar minha contas sozinho, resolvi concretizar o plano, e quando esbarrei com umas "calaveras" do dia dos mortos mexicano, tive a certeza do que buscava.
sempre me atraiu a idéia da morte como celebração, como acreditam os mexicanos. acho que há algo de anárquico em subverter a tristeza da perda, talvez porque ela traga implícita o fim da ilusão de posse. afinal, ninguém é de ninguém, nem é dono de nada. portanto, encontrar a morte seria libertar-se de todas as coisas terrenas, de todas as agruras da vida.
voltando ao assunto, perdi o medo e fui ao king seven tatoo, estúdio recomendado por nove entre dez tatuados responsas que conheço. além de gente finíssima, o pessoal de lá contou umas histórias engraçadíssimas (depois eu conto). mostrei umas referências pro nino, que sacou o espírito, acrescentou uns rococós em volta e ainda meteu um dentão de ouro. classe!
quem disse que tatuagem vicia, tava certo. se achar um desenho bacana, também rabisco o outro braço.
16 outubro 2007
nota mental
comentário de uma amiga sobre a sensação de se chegar aos 60 anos, no dia de seu aniversário:
não dói. mas dá um medo...
14 outubro 2007
à sinistra
li um troço bacana na "norótica", que resolvi imitar: trata-se de pegar o livro mais próximo de você (mas não pode escolher), abrir na página 161 e publicar a quinta frase. tem mais, mas como não gosto de alimentar correntes, não repasso para ninguém.
"Mas o dinheiro da venda dos jornais ele acabava invariavelmente gastando em gibis."
o trecho é de à mão esquerda, do fausto wollf. um dos melhores livros que já li, e arrisco dizer, um dos maiores romances da literatura brasileira recente. talvez um dos mais injustiçados, também. porque se não fosse leitor do "lobo", jamais teria ouvido falar nele, que foi até agraciado com o jabuti, em 96, se não me engano.
quanto à frase, se trocar "jornais" por "alma" e "gibis" por "livros", fica igualzinho a alguém que eu acho que conheço.
forma e conteúdo
dá pra resistir, não, camará. ó o suíngue do caboclo.
Ebony eyes - Stevie Wonder
She's a Miss Beautiful Supreme
A girl that other wish that they could be
If there's seven wonders of the world
Then I know she's gotta be number one
She's a girl that can't be beat
Born and raised on ghetto streets
She's a devastating beauty
A pretty girl with ebony eyes
She's the sunflower of nature's seeds
A girl that some men only
find in their dreams
When she smiles it seems the stars all know
Cause one by one they start
to light up the sky
She's a girl that can't be beat
Born and raised on ghetto streets
She's a devastating beauty
A pretty girl with ebony eyes
When she starts talking soft and sweet
Like birds of spring her
words all seem to sing
With a rhythm that is made of love
And the happiness that she only brings
She's a girl that can't be beat
Born and raised on ghetto streets
She's a devastating beauty
A pretty girl with ebony eyes
12 outubro 2007
valei-me pelos outros
hoje é sexta-feira de feriado (sei lá qual), acabei de chegar em casa para pegar um dinheiro e esticar o programa de praia em algum bar. ao dar um telefonema convidando uma amiga para se juntar à trupe, aprendo mais uma lição de um curso expresso de comportamento humano do qual nem me sabia inscrito.
já tive amores que me trocaram por outros homens, mas sempre mantive um mínimo de dignidade. nunca importunei ex-namorada que me largou. se tivesse do que me queixar dela -- coisa que sempre se faz quando se é "largado", mesmo que tenha sido eu o agente da separação -- tinha a decência de chorar minhas pitangas para os amigos, em mesa de bar. jamais liguei de madrugada ou chamei a própria na cara de puta sem-vergonha nem nada do gênero.
por isso não há como não sentir uma certa revolta quando vejo baixarias desse calibre acontecendo com uma amiga querida de longa data. acompanho a história à distância, e até aconselho quando acho que tenho abertura para tal.
filho de xangô que sou, não agüento injustiça, e poucas não são as vezes em que sinto o sangue ferver nas orelhas quando a vejo caluniada. a vontade que dá, mesmo fraquinho que sou, é ir até o camarada e sentar-lhe uma porrada nos cornos do qual ele nunca se esquecerá, e da qual se quiser se vingar, vai ter que contratar uns peemes para me dar uns tecos. torcendo para que acertem, porque se errarem, eu volto para encestá-lo com gosto.
nesse momentos, é preciso respirar muito fundo e lembrar que a demanda não é minha. não posso resolver os problemas dos outros. portanto, vou tomar uma ducha e encontrar os amigos. antes de sair de casa vou rezar para o diabo não me tentar, porque pode dar um merdê dos grandes.
então, só me resta apelar:
Justiça, Xangô, justiça!
Justiça, justiceiro de Oxalá!
Aqui se faz, aqui tem que pagar
Quem planta rosa não pode colher jasmim
Quem planta vento colhe tempestade
Quem faz o bem não pode fazer o mal
Quem faz o mal a si mesmo se destrói
Justiça, Xangô!
10 outubro 2007
"minhas férias"
não tenho escrito porque estou de férias. tirei quinze dias para dar uma acelerada na "montagem" da minha casa, e até que tive um relativo sucesso. salvo um ou outro sobressalto, os dias têm sido plácidos, como devem ser os dias de folga. poucas preocupações, livros, boa comida, alguma bebida, livros e descanso em demasia.
perdi um pouco do tom esverdeado, e talvez tenha ganhado peso, mas não posso dizer ao certo. desde que adotei o princípio de não subir em balanças, descobri que vivo mais feliz. hoje meu referencial para esses assuntos são as calças, e elas estão mais frouxas. dois cintos ganharam um furo extra cada.
nas minhas peregrinações em busca de móveis, descobri uma livraria na real grandeza, entre a voluntários e a visconde de caravelas, que está se desfazendo de grande parte de seu estoque. comprei uma pá de livros, a preços que variavam entre cinco, dez e quinze pilas. foi um estrago no bolso.
cheguei à conclusão que falei tanto em computador por dois motivos: primeiro, para um geminiano disperso e absorvente como eu, a internet foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. encontro de tudo, e quanto mais acho, mais procuro. é uma deliciosa corrida de ratos. segundo, meu computador novo é o primeiro que comprei, de maneira que pude, finalmente, formatá-lo do meu jeito. a primeira coisa que fiz foi me livrar do bill guêitis, daí a novidade. como é doce a ilusão de poder...
enfim, durante o tempo que fiquei sem bostejar, acumulei um monte de lixo para aporrinhar meus eventuais leitores, mas jacaré tá com disposição de escrever? nem eu.
como diria meu herói macunaíma, "ai, que preguiça..."
05 outubro 2007
brinquedinho novo
ninguém perguntou, mas digo assim mesmo. achei mais uma nova maneira de perder tempo online, e ainda dar dar uma melhorada no blog. o site abaixo tem acervo de música, vídeos e o escambau, e ainda deve dar para abrir no trabalho, onde o you tube não pega. saca só o frank zappa em "king kong":
mais uma daquelas listas
achei na tatipiv, meio sem entender o contexto, mas gostei. é sobre músicas apropriadas para diversos contextos:
1* pra dançar freneticamente: shout, otis day and the knights.
2* pra dirigir a toda numa estrada deserta: the grand wazoo, frank zappa.
3* pra adormecer: estate, com joão gilberto.
4* pra tocar diariamente no seu despertador: give me love, george harrison.
5* pra cantar num karaokê: a minha teimosia é uma arma pra te conquistar, jorge ben.
6* pra fornicar: apesar do péssimo termo, o bolero de ravel. deve ser meio lugar comum, mas não inventaram nada melhor.
7* pra fazer amorzinho: um pouco contrariado com outro termo indecente, e meio sem entender a diferença para o item anterior (seria mudança de intensidade?)... dindi, com a gal.
8* pra servir de trilha-sonora pro filme da sua vida: i'm feeling good, nina simone.
9* pra tocar no telefone enquanto você aguarda ser atendido por aquela maldita prestadora de serviço: blessed relief, frank zappa. pra ter paciência com os seres inferiores.
10* pro seu velório: in the mood, glenn miller. com direito a muito uísque e cachaça.
atualização:
correção nos itens 6 e 7: trilha sonora pra furunfar, calminho ou nervoso, é songs in the key of life, do stevie wonder. os dois álbuns, de preferência. de cabo a rabo.
03 outubro 2007
e por falar em plágio...
baixaria na rede. parece que a coluna do fausto wolff no jb em 30 de setembro teria sido plagiada de um texto publicado na rede há mais de cinco meses pelo marconi leal.
vítima de um plágio insignificante comparado a esse, me solidarizo com a indignação do marconi, de quem me tornei leitor há pouco tempo, graças ao sopa de tamanco (link na coluna da direita). por outro lado, acompanho o fausto há anos, e me dói imaginar que ele tenha sido capaz de (na melhor das hipóteses) um vacilo desses.
tomei conhecimento do assunto ontem, através de um editorial publicado no site do fausto. o marconi também tem comentado o assunto, em capítulos, desde 1o de outubro. recomendo a leitura de ambos.
atualização:
fausto explicou-se hoje, com a verve que lhe é peculiar. confesso que achei as desculpas meio canhestras, não sei se agradarão. de qualquer forma, este leitor agradece a consideração.
não falo, computo
marinho é um amigo de longa data. se algum dia houver juízo final (minha religiosidade, ou falta dela, variam de acordo com a conveniência), a única coisa que poderei alegar a meu favor diante de deus é que fiz uma pessoa gostar de ler. essa pessoa é o marinho.
o ritmo de nossas vidas fez com que nos vejamos pouco, mas hoje em dia ele me indica livros. e nossos papos regados a decalitros de café nunca são suficientes para atualizarmos nossas novidades literárias. no entanto, essas sessões de "filosofices escalafobéticas" são sempre muito divertidas.
programador de talento ímpar, marinho também me ensinou que existe beleza e criatividade na tecnologia. talvez se não fosse por ele, hoje eu ainda ficasse perguntando aos outros como se mexe no msn. mas ontem nos falamos rapidamente ao telefone, e ele reclamou que só ando escrevendo sobre o meu computador. vou isentá-lo de sua parcela de culpa, e ao mesmo tempo pedir-lhe desculpas por retornar ao assunto. pela última vez, juro.
é que a pancada, uma colega dessa categoria estranha que são as pessoas que só conheço através da internet, fez um comentário num bostejo abaixo que merece resposta. reproduzo:
Voce nao pediu opiniao, mas vc sabe como eu sou abelhuda....Segundo meu marido, o kurumim é mais pra ignorante, digo, amador. Pra cobra em informática (rasteja e leva paulada). Falando sério, pra ele os scrips do kurumim nao rodam perfeitamente... ele gostou mto do ubuntu pq nao tem tanta "porcariada" (entenda como quiser), mas diz que ambos rodam todos os aplicativos perfeitamente.
Voce vai particionar o disco e instalar um em cada partição?
pancada | 03.10.07 - 12:47 am |
********
pancadinha,
para não desperdiçar trocadilho, botei (n)o ubuntu, mas num particionei nada, não. testei antes o kurumin, minha escolha inicial pela facilidade da língua, mas ao instalá-lo a resolução de tela apareceu errada, talvez por barbeiragem minha. as imagens ficaram descentralizadas, faltando de um lado e sobrando do outro. medrei. como o outro deu certo de cara, nem pestanejei.
o bicho é levinho, roda bem, mas de vez em quando tomo umas surras. o linux é uma mudança de mentalidade em relação à tecnologia. é sair do ostracismo de apenas olhar para a janela (windows), e meter a mão na massa.
nesse pouco tempo de uso, confesso já ter perdido um par de noites tentando instalar bobagens que, no sistema operacional antigo, seriam meros plug-and-play. mas é imensa a sensação de vitória que um leigo como eu sente ao desvendar os mistérios contidos nas linhas de código.
é bem verdade que, ao terminar, mal consigo descrever o que fiz (o que dirá repetir as mesmas coisas), mas quem se importa? eu não. apenas respiro fundo, à espera do novo desafio, com esperança de um dia entender o funcionamento desta joça.
pronto, falei. não encherei mais o saco de ninguém com esse assunto. só com outros.
01 outubro 2007
ctrl c ctrl v na mão grande
agora descobri o que é o sucesso. plagiaram meu blog. fiquei surpreso e até um pouco perplexo, mas no fundo vi a coisa como um atestado de qualidade. afinal, ninguém quer copiar a mediocridade (embora percebê-la seja difícil, e nesse caso, errado estaria eu. mas, parafraseando aquele filme clássico, dr. divago).
nem adianta espernearem, me oferecerem dinheiro e virgens em holocausto, que não dou o link. só digo que o autor identifica-se como madeira de dá (sic) em "DOIDO"(sic). para bom "googador", meia dica basta.
relutei, mas escrevi ao sujeito, porque ele também tarrou o subtítulo e o usou como perfil. sem nem ao menos lê-lo, porque o cabra parece ser baiano (pelo menos, escreve coisas sobre o estado), e o texto diz "carioca", e "botafoguense". é preguiça demais.
para os curiosos, segue a tônica do texto. perdi o original e não pude recuperá-lo, porque os comentários lá passam por moderação. se ele se sentir ofendido, talvez nunca consiga reler o que escrevi. foi mais ou menos assim:
meu caro amigo madeira,
percebo com orgulho que você utilizou um nome quase idêntico ao do meu blog para o seu. sinal de que os quatro anos de escritos na rede estão dando certo. ou que, pelo menos na hora do "batismo", fiz uma escolha feliz.
também fico lisonjeado ao ver meu subtítulo copiado como seu perfil. as definições vieram do dicionário houaiss, mas os números 3 e 4 foram criados por mim. o "carioca" não deve se aplicar a você, que parece ser baiano. talvez isso acabe por confundir seus leitores.
no mais, sucesso com o blog. mas da próxima vez use um pouco mais a criatividade, e não copie tudo dos outros.
um grande abraço,
marcelo.
atualização:
parece que o texto foi aprovado e está aqui. como não vi que tinha moderação, bostejei duas vezes.