25 fevereiro 2005

quantos idiotas mesmo?

contando comigo, são seis bilhões e meio de pessoas no mundo. em 2050, segundo o le monde, serão NOVE bilhões. se já não estiver dando de comer para os vermes, estarei pedindo meu boné.

por isso faço um apelo sério: às vezes, é melhor o esforço de educar crianças que já existem do que botar novas no mundo. é mais barato, mais divertido, e não sacrifica tanto o planeta. por isso sempre fui favorável à adoção.

24 fevereiro 2005

gênios da publicidade (3)

não agüento mais ouvir everybody's talkin', do harry nilsson. é que uma operadora de celular está martelando a bela canção do filme midnight cowboy em sua nova campanha de mídia.

só o primeiro verso é cantado nos comerciais, mas o bucéfalo do marketing que deve ter achado que só ele a conhecia, porque o verso seguinte contradiz o anterior (everybody's talking at me/ I don't hear a word they're saying), e a mensagem da música toda, num sentido geral, fala sobre a incapacidade de comunicação. o efeito da publicidade, pelo menos para mim, é justamente esse. o tiro saiu pela culatra.

receita contra o mau-humor

tá com raiva? nervoso? jururu? com banzo? enfezado? deprimido?

se tiver orkut, entre aqui. passa rapidinho.

frases preconceituosas que me mataram de rir

"Ela é do tipo que só gosta desses mulatinhos fortes pagodeiros, que andam de óculos escuro na cabeça raspada."

"alexandre pires é um preto caladryl."

"como é que eu posso acreditar nessa ministra marina silva falando com voz de erê!"

23 fevereiro 2005

pergunta retórica

do androids dream of electric chip?

update:
link para o livro que gerou o filme. em ingrêis.

sólo le pido a dios

que não chegue o dia em que eu use esse espaço para comentar seriados americanos a sério.

A Caixa-preta da Polícia Militar

esse foi o título de um dos meus maiores orgulhos na vida. eu e minha amiga bella carter (que por razões profissionais tem que usar esse pseudônimo) entrevistamos o ex-capitão do bope rodrigo pimentel para o exemplar de setembro de 2001 da revista geração (pouco antes dos aviões do bin laden). ele descasca a política de segurança do então governador garotinho. analisem e vejam o que mudou.

o que me deixou prosa mesmo foi saber, pela chefe de reportagem da revista (cujo irmão trabalhava no gabinete de um deputado aliado), que o garotinho leu e ficou puto. depois, esse irmão ensaiou me chamar, numa boa, para trabalhar com o tal parlamentar, mas desconversei, e não rolou.

ei-la:

A Caixa-preta da Polícia Militar
Ex-capitão expõe como a política de segurança do estado contribui para a violência


Rodrigo Pimentel seria como qualquer outro garotão da Zona Sul do Rio, a não ser por um detalhe: os doze anos em que integrou a elite da Polícia Militar, servindo no BOPE (Batalhão de Operações Especiais). Depois de sofrer represálias e prisões que começaram com a sua participação no documentário "Notícias de uma guerra particular", de João Moreira Salles, o capitão Pimentel pediu baixa da PM em abril desse ano. Aos 30 anos, mesmo tendo aposentado a farda, ele não entrega suas armas, mantendo a postura crítica em relação à política de segurança do estado. Pimentel falou à Geração sobre a banda podre da polícia, liberação de drogas, e apresentou soluções para uma cidade mais tranqüila.

Sua participação no documentário "Notícias de uma guerra particular", de João Moreira Salles,foi muito criticada.
Eu fui escalado para acompanhar o João dentro do BOPE, para não deixá-lo muito à vontade dentro do batalhão. Depois de um dia inteiro de filmagens eu falei: "João, tudo o que você viu aqui é uma grande mentira, nada funciona do jeito que você está vendo. A política de segurança pública se resume a operara em favelas. Em matar, matar, matar. Em morrer, morrer, morrer". Quando o general Nilton Cerqueira assumiu a Secretaria Estadual de Segurança Pública (no governo Marcello Alencar), instituiu uma política de confronto que foi de um descontrole total. A prioridade eram as operações em favelas para prender e matar marginais, e apreender armas e drogas. Nós ficamos quatro anos morrendo como nunca morremos, e matando como nunca matamos. Chegamos a ter dois policiais baleados por dia, e um morto a cada dois. Os índices de segurança permaneceram os mesmos e a população continuou a se sentir insegura.

E quando você teve consciência disso?
Eu sempre comentava com meu pai, que era militar, o resultado de nossas operações. "Essa semana matamos cinco, seis marginais..." Foi quando ele disse: "Filho, eu sou da classe média. Não estou preocupado que você vá à favela e mate seis ou sete. Estou preocupado é em caminhar na praia com a sua mãe e ver policiais na rua". Foi aí que vi que estávamos distantes dos anseios da população. Até quando morre um traficante no morro do Alemão, aquilo não diz nada aos moradores. O que eles gostariam é de acordar e ver a polícia trazendo mais tranqüilidade para a comunidade.

Então, qual seria o caminho para a Polícia Militar, hoje?
É fazer exatamente o que a população espera dela. Dar segurança. Se a polícia ouvir mais a sociedade, vai saber o que ela quer. A sociedade não quer uma polícia fazendo operação em favela toda noite. Ela quer uma polícia lá, constantemente.

As "blitzes" dariam esta segurança?
Não. A maioria das pessoas tem medo da blitz. Primeiro, porque elas são facilitadoras da corrupção. O policial que está fazendo a blitz não está devidamente orientado, fica apontando o fuzil quando não deveria apontar. E quando tem apenas um carro, a gente já sabe que é coisa armada. Então, a blitz já deixou de dar segurança. Hoje ela causa desconforto.

Existe algum tipo de controle sobre o que a polícia está fazendo nas ruas?
Não existe nenhum mecanismo de fiscalização. O policial faz o que quiser na rua. Todas as denúncias recentes envolvendo violência ou corrupção policial são feitas pela imprensa, pela população ou pelos próprios traficantes. Nenhuma pela corregedoria da PM. Aí você vê o quanto nossos mecanismos são frágeis. Não tem fiscalização, não tem supervisão. Se a Polícia Militar fosse uma empresa, certamente estaria sofrendo uma auditoria.

Isso não acaba influenciando na questão da honestidade?
A falta de honestidade está diretamente ligada à questão dos baixos salários. Não que um salário alto vá acabar com a corrupção, mas vai acabar com os R$ 20,00 da "cervejinha". Porque hoje, a "cervejinha é a cesta básica, o leite em pó do filho. Se você tivesse um salário de R$ 1500,00, atrairia pessoas da classe média que utilizariam a polícia como uma ponte para outras carreiras. Seriam pessoas mais cultas, menos preconceituosas.

Falta instrução para a PM?
Nunca foi tão fácil entrar para a Polícia. Hoje são admitidos quatro mil policiais por ano. As turmas com o maior nível de escolaridade foram também as de maior evasão. Porque são mais questionadores, se decepcionam rápido. Hoje, o cara já faz o segundo grau pensando em ser PM. Só que não é o segundo grau de 10 anos atrás, é um nível muito mais baixo. E o curso de formação na academia de polícia só dura 90 dias. A PM vai dizer que são seis meses, só que são 90 dias na Academia e o resto é estágio, na rua. Ninguém consegue moldar ninguém nesse tempo.

Quem quer ser policial hoje em dia?
A pessoa que não conseguiu ser trocador de ônibus. O salário é o mesmo e o risco é menor.

Dá para fazer um raio-x da PM hoje?
A Polícia Militar hoje é uma caixa-preta. Ninguém sabe o que acontece lá dentro. Se você ligar para pedir uma estatística de homicídios, você não vai ter.

Mas os números são publicados mensalmente no Diário Oficial.
Os índices da secretaria de Segurança Pública são manipulados. Por exemplo, a Secretaria divulga que acabou com os seqüestros no estado. Mas isso não quer dizer que a polícia esteja mais eficaz. Os seqüestros acabaram porque essa modalidade de crime estava ficando perigosa. E quem era seqüestrador passou a fazer roubo de carga.

A "banda podre" da polícia existe?
Existe.

Mas banda é metade...
Mas eu acho que é a metade. A banda podre existe, sim, mas não é uma organização, tipo "Banda Podre S.A.". Eu prefiro um policial que passa o ano sem prender ninguém, mas que seja decente, honesto, do que um policial bandido que prende dez. Esses caras vão até prender um traficante, mas antes vão "mineirar" (extorquir, na gíria policial) muita gente.

Recentemente, alguns policiais que fazem parte da Força-Tarefa (grupo criado para combater o crime organizado) foram acusados de participar de uma tentativa de seqüestro seguida de extorsão. O que você achou disso?
Isso me deixa chocado. A Força-Tarefa é subordinada ao gabinete do Secretário de Segurança (Josias Quintal, secretário no governo Garotinho, hoje deputado federal pelo PMDB). Pelo menos ali tinha que ter policiais de elite.

O que diferencia um policial comum de um que integra grupos especiais como o BOPE?
Teoricamente, o policial do BOPE era para ter mais treinamento que qualquer outro policial normal. Mas como o BOPE cresceu muito, esse treinamento deixou de existir, e o policial está cada vez mais próximo ao de uma unidade comum. Antes, o policial passava por um cursoonde dava, pelo menos, uns 1500 tiros.

O que você acha dos batalhões especiais?
Se você precisa criar batalhões especiais, é porque alguma coisa não está bem. É o sinal de que o batalhão da área não está trabalhando bem. O GETAM (Grupamento Especial Tático Móvel, criado em 1999 para fazer o policiamento das áreas de alto índice de criminalidade), por exemplo, foi criado para atender a situações emergenciais. Só que se o batalhão da área atendesse à necessidades, você não precisaria do GETAM ali.

Como você avalia o trabalho do GETAM?
O GETAM é uma forma burra de policiamento.

Por que?
Porque engana muito a população. É bom ter dez policiais passando em três carros e depois não passar mais ninguém? Se você dividisse esses homens, ganharia dez ruas com policiamento. Então, essa é uma forma ineficaz de policiamento, que não está presente, que passa e vai embora. Seria melhor diluir esses policiais e ter sempre alguém passando.

Mas isso não funcionaria em toda a cidade...
Não. Há lugares, como a área da [estação de trens] Leopoldina, o buraco Quente da Mangueira, em que você precisa de um policiamento mais forte. Tirando a Zona Sul e o Centro da cidade, a situação do rio hoje é muito perigosa. Não daria para deixar um policial sozinho numa viatura à noite.

Qual seria o lugar mais seguro e o mais perigoso do Rio?
Com certeza os mais seguros são a orla de Copacabana e aLagoa Rodrigo de Freitas. Existe muito policiamento ali. Mas veja bem, só a orla. Se você andar uma rua para dentro, não vê mais ninguém. De perigoso, eu diria que é toda a zona da Leopoldina, Penha, Bonsucesso. O grande Méier, também. Tem muita favela ali, eles fazem muito "bonde" por ali.

Como é que agem os "bondes"?
O objetivo dos bondes é levar armas, drogas e efetivos de uma favela para outra. E se o bonde cruzar com um carro veloz, de quatro portas, ele vai querer levar esse carro. É um roubo com muita violência. Eles querem o seu carro rápido, e estão drogados, nervosos. É bem diferente de um roubo comum.

A secretaria de Segurança gosta muito de anunciar os "inimigos-públicos-número-um". Existe isso mesmo?
Isso é uma mentira. Na primeira vez em que o Marcinho VP foi preso, ele tinha se tornado o inimigo número um por ter dado uma entrevista autorizando o Spike Lee a gravar um clipe [do cantor Michael Jackson] no morro Dona Marta. Aliás, ele foi preso pelo meu batalhão e eu estava de serviço no dia. Ele ofereceu R$ 30 mil para ser solto. Eles simularam que queriam o dinheiro, mas ele não pagou. Não pagou porque não tinha, disse que já tinha sido "mineirado" naquele mês. Que inimigo público número um é esse, que não tem R$ 30 mil para dar pela sua liberdade?

Isso então é um charme da secretaria de Segurança?
É E posso até dizer que o [Fernandinho] Beira-Mar não é tudo isso que dizem.ela não é mais que um varejista de drogas, já passou para um nível intermediário, como o Uê, o Orlando Jogador, o Escadinha [todos líderes de facções do tráfico em diferente épocas, já mortos]. Mas até 1994, só quem tinha servido em Caxias sabia quem era o Beira-Mar. Em 97, conversei com um delegado da Polícia Federal responsável pela Divisão de Entorpecentes e ele não sabia quem era o beira-Mar. Em quatro anos ele ganhou notoriedade, mas não é nenhum Scarface.

Qual foi o maior mico da polícia do Rio?
Sem dúvida o episódio do 174. Ele chocou a população mais do que [os massacres de] Vigário Geral e Candelária. Nesse dois casos foram maus policiais, policiais bandidos que tomaram a iniciativa. O 174 foi uma ação oficial. O que me impressione é que aquilo estava previsto. A única mágoa que eu tenho do tenente-coronel Penteado (José Oliveira Penteado, então comandante do BOPE) é que ele nunca recusou uma missão. Sabia das nossas dificuldades, mas tudo o que mandavam, ele fazia. Isso jogava a nossa eficiência lá embaixo. O Marcelo Santos, policial que errou o tiro, é um ótimo atirador, mas estava cansado. Aliás, estou produzindo um filme com o José Padilha (diretor de "Os carvoeiros", premiado no Sundance Festival) chamado "O outro dia de cão", contando justamente o episódio do 174 [posteriormente, o filme acabou se chamando apenas "Ônibus 174"]. Queremos lançar o filme em junho do próximo ano, perto de completar dois anos da tragédia.

De lá para cá, alguma coisa mudou?
Nada. É uma pena que a morte da Geísa Gonçalves (refém que acabou morrendo no episódio) não tenha servido para nada.a instrução ainda é insuficiente, e o armamento e os equipamentos prometidos na época, até hoje não chegaram.

Você é a favor da legalização das drogas?
Sou. O que já vi de viciado morrer em favela, só para comprar droga, é impressionante. E são pessoas comuns, profissionais liberais, que correm risco à toa. Além disso, o tráfico é o grande facilitador da corrupção policial. A gente tem que parar com essa hipocrisia e repensar esse modelo. Dois terços da população carcerária do Rio são de presos por crimes relacionados ao narcotráfico. Então, com a liberação iria haver também uma redução da população carcerária, o que seria ótimo. O único problema é que haveria um aumento de outras atividades criminosas. Hoje em dia, o cara não assalta banco porque é mais seguro vender cocaína. Mas haveria menos corrupção.

Por que você pediu baixa da corporação?
Eu gostaria de ficar na corporação até o fim da minha vida, como coronel. Mas decidi sair em função da perseguição. Fui preso uma cacetada de vezes por estar pedindo uma polícia melhor. Da penúltima vez, fui preso porque a gente estava recebendo soldados que formaram sem dar um único tiro. É como formar um cirurgião que nunca operou ninguém. O instrumento de trabalho de um policial é a arma. A minha última prisão foi revogada por um juiz que entendeu que o que eu falava era de interesse público. A segurança é pública, pertence à sociedade. Então, porque eu não posso dizer que o governo está comprando essas Blazers, mas não está comprando pneus? Elas estão baixando no batalhão por falta de pneus. Nós ficamos dois anos sem termos baterias. Você chegava no pátio do batalhão e via um monte de carros parados, porque eles não compravam baterias, compravam mais carros.

Você se arrependeu?
Eu acho que tenho que falar muito mais. Essa catarse é importante para quem tenha saído da polícia. Tem muita gente que pensa como eu lá dentro, mas que não fala porque não tem coragem, porque sabe que vai preso. Gente que sabe que a polícia hoje não está bem. Até o Comandante-Geral da PM, coronel Wilton Ribeiro, sabe disso. Ele falou dia desses numa reunião que o padrão de qualidade está caindo, mas que a ordem do governador é contratar o maior número de policiais, mesmo que isso reduza a qualidade.





desabafo na nuca

tô de saco cheio de arrastar esqueletos de histórias mal-resolvidas, de saco cheio de me acovardar, de andar com medo de ser apontado por conta de algum equívoco que ficou mal-esclarecido. vontade de dizer um caralho! puta que o pariu!, mas acho que não pega bem. enfim, é isso mesmo: tem que meter as caras, parceiro! vai tentando remendar as pontas das merdas passadas com ações profiláticas agora. não dá é para bancar a carolina e ficar vendo o tempo passar na janela. o mundo corre, os afetos tão comendo solto, e tem uma porção de coisas a conquistar.

como dizia a velha canção composta por joão e por mim numa longíqua noite de substâncias estupefaciantes, "veja que isso é passado/ veja/ deixa o medo de lado/ enfrenta/ veja, faz tanto tempo".

mas lembre-se: nem só de flauta vive o homem. é preciso empenho e atenção ao processo.

boa sorte para mim mesmo.

22 fevereiro 2005

minuto de silêncio

foi o dude quem me cantou a pedra, via msn: hunter s. thompson, ou raoul duke, morreu na noite do dia 20 (no mesmo dia morria a virginal atriz sandra dee. talvez haja algum tipo de ironia divina nisso, mas, sinceramente, o sentido me escapa). meteu um balaço nos cornos. como hemingway. como maiakovski. pai do jornalismo-gonzo (segundo o próprio thompson, o termo significa "com total comprometimento, total concentração, e uma petulância meio louca"), por baixo da capa de doidão bizarro, o cara era um puta texto. seu livro sobre os hell's angels, de 1967, que agora saiu em português, é uma aula de jornalismo investigativo, sem ser arrogante ou presunçoso.

esse blog está de luto, em homenagem ao jornalista que todos os coleguinhas gostariam de ser.
leiam as notícias abaixo (todas com quase o mesmo lead, reparem):

san francisco chronicle
the guardian
abc news
aspen times
cnn news
blog dvorak uncensored (dia 21/02)

em português:
terra

sobre os livros:
observatório da imprensa
sobrecarga

texto do caboclo:
scream & yell
por enquanto é isso aí, pe-pe-pessoal!

21 fevereiro 2005

desabafo

assistir pela segunda vez o informante reforçou meu comprometimento com a realização da justiça maior, benção e maldição apontada a mim por meu pai xangô (caô cabecile!).

por isso me tornei jornalista; por isso pretendo fazer com que paguem os que tiraram proveito das minhas melhores capacidades, submetendo-me as piores humilhações e à degradação de meu corpo e espírito nos últimos sete meses.

por isso sou contra um sistema cuja principal característica é a exploração do homem pelo homem; por isso tenho como missão maior abrir os olhos dos quem me cercam, para que vejam como somos silenciosamente conduzidos ao moedor que cria monstruosidades a partir dos nossos sonhos. e para que, cada vez menos pessoas sejam vítimas do mesmo conto do vigário em que caí.

podem dizer que estou impregnado de messianismo demagógico, mas foi sobre esse emaranhado torto que construí minha razão de viver. e é a partir dele que construirei as ferramentas que me levarão à redenção, o que quer que isso signifique.

não tenho mais tempo a perder.

19 fevereiro 2005

dedução lógica

Muito já foi dito sobre a responsabilidade do PT e do governo Lula na eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. Soberba, incompetência, teimosia, teve de tudo nessa novela com final imprevisto.
Falta registrar apropriadamente a responsabilidade dos cardeais da oposição na eleição desse rei do baixo clero. Que argumentos terão os luminares do PSDB e do PFL para terem votado em Severino?
Será que vale o preço de ter eleito um polí­tico como ele para o cargo de presidente da Câmara. A polí­tica se resume a esse olho por olho, dente por dente?
Quem são, afinal, os 300 Severinos?


retirado do post de quinta-feira, 17/02 do markun, que por sinal, continua matando a pau.

17 fevereiro 2005

phoder não é para todos

se fosse ser mais objetivo, diria que não é para ninguém; mas certamente uns estão muito menos preparados para recebê-lo do que outros. vide o caso do novo presidente da câmara, severino cavalcanti (quem?), do pp.

o pernambucano, representante do "baixo-clero" da casa, mal esquentou a cadeira e já disparou pérolas de fazer o macaco tião tomar guaraná com formicida: propõe, como plataforma, o aumento do salário dos confrades de 12 para 21 mil estalecas (igualando-o ao de ministro de estado); desaprova a redução do receso parlamentar de 90 para 30 dias; é contra o aborto (inclusive para vítimas de estupro com b.o. lavrado) e a união legal entre homossexuais; e, para coroar, sugere aumentar para seis anos, sem reeleição, o mandato do presidente, a quem se referiu como "dutra". pergunta: essa múmia consegue encontrar o próprio traseiro numa sala mal iluminada?

dessa vez, a oposição na câmara mordeu o próprio rabo. severino cavalcanti é a prova viva do retrocesso e do phoder corporativista do legislativo, e, pelo andar da carruagem, vai conquistar a antipatia da população em pouquísimo tempo. para mais informações sobre o caboclo, procurem o post de 15 de fevereiro do paulo markun, "os trezentos de severino".

até quando a gente vai deixar esses palhaços terem controle sobre nossa vida?

16 fevereiro 2005

preste atenção em quem te sacaneia...

qual não foi minha surpresa, ao tomar conhecimento da aprovação da medida que isenta a cobrança de estacionamento em shoppings, da astúcia do nobre deputado noel de carvalho, líder do garotinho na alerj:

As emendas apresentadas ao projeto foram de Flávio Bolsonaro (PP) que aumentou de 20 para 30 minutos o tempo de tolerância nos shoppings sem pagar estacionamento. A outra, apresentada por Noel de Carvalho (PMDB), retiraria do texto a obrigatoriedade dos shoppings exibirem cartazes informando do benefício, mas foi rejeitada.

a maioria de seus colegas era favorável à medida, que também teve apoio da associação comercial do rio de janeiro, e da associação de lojistas de shopping do estado, noel tentava beneficiar o lobby dos shoppings, levando cidadãos como eu e você à desinformação e ao prejuízo.

já sofri o desprazer de um contato indireto com esse senhor, e não poderia esperar outra atitude. não foi por acaso que, em 2003, ele foi acusado de manter trabalho escravo em uma de suas propriedades. retrato da corriola política que cerra fileiras com o casalzinho que se apossou do estado.

Casal Garotinho vai processar ator da Globo

15/02/2005 - 20h57m
Carla Rocha - O Globo


RIO - A governadora Rosinha Matheus e seu marido, secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho, decidiram processar o ator Eduardo Moscovis que teria dito, numa entrevista à Revista Veja, que se inspirou no casal para compor o personagem Reginaldo, o prefeito corrupto da fictícia Vila São Miguel, da novela Senhora do Destino, da TV Globo. O casal Garotinho já contratou o advogado Sérgio Mazzillo para processar Moscovis por calúnia e difamação.


se esses zinhos estivessem empenhados em governar, em vez de tentar criar uma imagem de oposição ao governo federal, com prejuízo para população carioca e do estado, isso provavelmente não teria acontecido. ora, vão trabalhar, vagabundos!

15 fevereiro 2005

conselho para a (morto) vivo

não adianta patrocinar mil eventos culturais, se a prestação do serviço continua sendo tratado como acessório.

a propósito, dessa operadora eu poso falar mal de carteirinha: deixei-a depois de ter meu saco esmigalhado pelo mau atendimento, pelo descaso com os clientes, e pelas tarifas extorsivas e nebulosas.

vivo, nem morto!

09 fevereiro 2005

malcolm x e a revolução negra

desde que vi o filme malcolm x, do spike lee, a figura do ativista negro me intrigou -- pela militância pelos direitos humanos dos irmãos de cor, e pelo fato de ser muçulmano. recentemente, em viagem de trabalho aos estadozunidos, comprei sua autobiografia, ditada ao jornalista alex haley, autor de um livro sobre suas origens africanas, raízes. é esse mesmo que você pensou, o que depois virou minissérie.

o pau comeu solto aqui em casa, porque sou totalmente favorável à política de fazer pressão, mesmo que isso implique em uso de violência (o que não foi o caso, nem aqui, nem com o malcolm x), e a tati, não. o negócio dela é martin luther king. sou um tipo irascível, que acredita que só se consegue peitar o poder pela força. um dia levarei isso para as minhas resoluções pessoais e profissionais, mas isso é outra história.

enfim, o fato é que, depois do livro, saí em busca de mais informações sobre "al-hajj malik al-shabazz", como o malcolm x se auto-intitulou depois da viagem à meca (a tradução do nome seria algo como "peregrino do senhor da terra sagrada").

uma das coisas que achei foi a canção niggers are afraid of revolution, do grupo "the last poets", cuja letra, um rap dos anos 70, com inserções de discurso do líder negro, reproduzo abaixo (é grande, mas foda-se, tomei algumas, e o que importa é o que importa):

Revolution - The Last Poets

Niggers are scared of revolution
But niggers shouldn't be scared of revolution
Because revolution is nothing but change
And all niggers do is change

Niggers come in from work and change into pimping clothes and hit the streets to make some quick change
Niggers change their hair from black to red to blond and hope like hell their looks will change
Nigger kill other niggers
Just because one didn't receive the correct change
Niggers change from men to women, from women to men Niggers change, change, change

You hear niggers say 'Things are changing? Things are changing?'
Yeah, things are changing
Niggers change into 'Black' nigger things
Black nigger things that go through all kinds of changes
The change in the day that makes them rant and rave Black Power! Black Power!
And the change that comes over them at night, as they sigh and moan: White thighs, ooh, white thighs

Niggers always goin' through bullshit change
But when it comes for real change,
Niggers are scared of revolution

Niggers are actors, niggers are actors
Niggers act like they are in a hurry to catch the first act of the 'Great White Hope'
Niggers try to act like Malcolm
And when the white man doesn't react toward them like he did Malcolm
Niggers want to act violently

Niggers act so coooool and slick causing white people to say: What makes you niggers act like that?
Niggers act like you ain't never seen nobody act before
But when it comes to acting out revolution Niggers say: 'I can't dig them actions!'
Niggers are scared of revolution

Niggers are very untogether people
Niggers talk about getting high and riding around in 'els'
Niggers should get high and ride to hell
Niggers talk about pimping
Pimping that, pimping what
Pimping yours, pimping mine
Just to be pimping, is a helluva line

Niggers are very untogether people
Niggers talk about the mind
Talk about: My mind is stronger than yours "I got that bitch's mind uptight!"
Niggers don't know a damn thing about the mind
Or they'd be right Niggers are scared of revolution

Niggers fuck. Niggers fuck, fuck, fuck
Niggers love the word fuck
They think it's so fuckin' cute
They fuck you around
The first thing they say when they're mad: 'Fuck it'
You play a little too much with them
They say 'Fuck you'
When it's time to TCB,
Niggers are somewhere fucking
Try to be nice to them, they fuck over you

Niggers don't realize while they doin' all this fucking
They're getting fucked around
And when they do realize it's too late
So niggers just get fucked up

Niggers talk about fucking
Fuckin' that, fuckin' this, fuckin' yours, fuckin' my sis
Not knowing what they're fucking for
They ain't fucking for love and appreciation
Just fucking to be fucking.

Niggers fuck white thighs, black thighs, yellow thighs, brown thighs
Niggers fuck ankles when they run out of thighs
Niggers fuck Sally, Linda, and Sue
And if you don't watch out Niggers will fuck you!
Niggers would fuck 'Fuck' if it could be fucked
But when it comes to fucking for revolutionary causes
Niggers say 'Fuck revolution!'
Niggers are scared of revolution

Niggers are players, niggers are players, are players
Niggers play football, baseball and basketball while the white man cuttin' off their balls
When the nigger's play ain't tight enough to play with some black thighs,
Niggers play with white thighs to see if they still have some play left
And when there ain't no white thighs to play with
Niggers play with themselves

Niggers tell you they're ready to be liberated
But when you say 'Let's go take our liberation'
Niggers reply: 'I was just playin'
Niggers are playing with revolution and losing
Niggers are scared of revolution

Niggers do a lot of shootin'
Niggers do a lot of shootin'
Niggers shoot off at the mouth
Niggers shoot pool, niggers shoot craps
Niggers cut around the corner and shoot down the street
Niggers shoot sharp glances at white women
Niggers shoot dope into their arm
Niggers shoot guns and rifles on New Year's Eve

A new year that is coming in
The white police will do more shooting at them
Where are niggers when the revolution needs some shots!?
Yeah, you know.
Niggers are somewhere shootin' the shit
Niggers are scared of revolution

Niggers are lovers, niggers are lovers are lovers
Niggers love to see Clark Gable make love to Marilyn Monroe
Niggers love to see Tarzan fuck all the natives
Niggers love to hear the Lone Ranger yell "Heigh Ho Silver!"

Niggers love commercials, niggers love commercials
Oh how niggers love commercials: "You can take niggers out of the country, but you can't take the country out of niggers"

Niggers are lovers, are lovers, are lovers
Niggers loved to hear Malcolm rap
But they didn't love Malcolm
Niggers love everything but themselves
But I'm a lover too, yes I'm a lover too I love niggers, I love niggers, I love niggers
Because niggers are me
And I should only love that which is me I love to see niggers go through changes
Love to see niggers act
Love to see niggers make them plays and shoot the shit

But there is one thing about niggers I do not love
Niggers are scared of revolution

05 fevereiro 2005

na mira

também tô baixando outro filme da diretora egípcia jehane noujaim (ver bostejo abaixo). é startup.com, documentário de 1999, sobre a famosa "bolha" da internet. a história é contada a partir de dois moleques que criam uma pontocom, que acaba por encarnar essa excrescência econômica em todas as suas fases -- começo mambembe, lucros exorbitantes sem razão de ser, e finalmente, estouro depois de um ano.

para quem estava lidando com algo parecido na época, a coisa promete. veremos.

mídia de guerra

acabei de assistir ao documentário control room, da cineasta egípcia jehane noujaim, sobre a cobertura da guerra do iraque pela rede de tevê al jazeera, do qatar.

trata-se de um importante registro sobre os bastidores de uma cobertura jornalística, sobre manipulação, propaganda (no sentido goebblesiano do termo) e objetividade. o período abordado vai desde os primeiros momentos da invasão até a tomada de bagdá. é interessante ver a primeira emissora independente do oriente médio espremida entre dois fogos, estadozunidense e iraquiano, acusada de parcialidade; e como, em retaliação, as forças do wc bullsh bombardeiam o escritório da emissora na capital iraquiana -- matando o correspondente tarik ayyoub -- e mais outras duas emissoras de tv.

na verdade, a má vontade de bullsh com a al-jazeera não é nova, tendo-se em vista que suas forças militares já haviam feito o mesmo no afeganistão. um trecho da notícia copiada do the guardian (o resto tá aqui):

The antagonism between Washington and Al-Jazeera goes back to the 2001 bombing of Afghanistan when, after the station showed a tape of Osama bin Laden, a US cruise missile hit the Kabul bureau. Then in April, after beaming pictures of Iraqi civilians mutilated by US air raids and tape of American prisoners in Iraqi hands, a US jet targeted the Baghdad bureau, killing a reporter. Al-Jazeera had earlier given the co-ordinates of the offices to the Pentagon to prevent any accidental bombing.

ah, só como curiosidade: apesar de ter papado um monte de prêmios, o filme não foi selecionado para o oscar. um doce para quem adivinhar o motivo... espero que não demore muito a estrear aqui.

02 fevereiro 2005

gênios da publicidade 2

dando segmento ao bostejo anterior, pergunto quem é mais beócio: o marketeiro que cria um slogan para café que diz "faça com amor, faça pimpinela", ou o cliente que o aprova?

UPDATE:
não é "faça com amor...", é pior: "faça bonito, faça pimpinela".


isso não pode ser sério...

01 fevereiro 2005

coisa de viado (gênios da publicidade)

o único seriado que eu assisto é csi (tenho um tesão declarado pela jorja fox, da versão "las vegas"). monk também é legal, mas nunca acerto o horário. enfim, o mesmo canal apresenta outro programa, que se passa nos cassinos da cidade. reparei que, no comercial deste, entre cenas de dados e roletas, aparecem uns maços de dinheiro, seguidos de legendas como "grana", "bufunfa" e "aqüé". o último nome me deixou intrigado, e fui procurar respostas com a mãe das inutilidades -- a internet. eis que descobri a palavra é de uso corrente no mundo gay. pesquisas com outras fonte me levaram à conclusões mais conclusivas: o jargão é de travestis.

acredito que o gênio paulista do marketing que bolou esse comercial deva estar bem familiarizado com a classe, para manjar do "bajubá". ou seja, ele provavelmente deve ser uma "kika" "encubada" acostumada a "morder fronha". mêda!