24 agosto 2003

Acontecimentos passados

Como o Velox andou de sacanagem comigo nos últimos dias, saindo do ar etc. Deixei de postar algumas paradas.

queria contar uma cena que vivi outro dia.

Vinha eu de uma consulta num médico, na Gávea, de tarde. Enquanto o 410 serpenteava pela área do Estácio-Rio Comprido, coalhada de morros, eu ia tranqüilão lendo meu Fante.

Na Campos da Paz - rua que já até me inspirou uma poesinha no colégio -, ao dobrar a esquina numa loja de ferragens bem na subida do morro de São Carlos, ouço duas pancadas, como se estivessem batendo com um martelo numa chapa de ferro.

um pouco adiante, vejo um cara em trajes civis, atrás de uma pilastra da loja, empunhando um baita fuzil. As pancadas eram tiros que ele dava em direção a uma quadra de futebol, lá no alto do morro.

O estranho - e, de certa forma, assustador -, é que essas situações não me dão medo. Como não sou o alvo, sinto uma curiosidade, uma atração hipnótica. E assim fiquei de olhos grudados na cena. Mas logo o ônibus afastou-se e não pude mais ver o que acontecia. Graças aos céus, ninguém atirou de volta, pois a possibilidade de levar um balaço era grande. Mais à frente, algumas pessoas observavam protegidas dentro de uma garagem de oficina.

O pior é que esta não é uma cena fora do comum por aqui. Todos os dias, e digo TODOS, sem exceção, escuto tiros daqui de casa. À noite, principalmente, mas de tarde também são comuns. já vi um carro metralhado poucos minutos antes de eu cruzar a esquina da Rua do Bispo com Haddock Lobo. Na Itapiru, várias casas ostentam placas de "vende-se".

Quando vim para cá, ouvia os pipocos e me assustava. Ia para a janela procurar de onde partiam. Vi algumas vezes balas traçantes cruzando o céu. Hoje o sobressalto é menor, mas não consigo me acostumar. Não quero me acostumar. Se achar isso normal, tenho a impressão de que perderei parte do que me caracteriza como humano. Terei caminhado um pouco mais para o estágio de besta.

E essa é uma experiência que dispenso.

O garoto com o espinho do lado

Hoje acordei tarde e dei de cara com um imeio fatal. Na hora, por sincronicidade, tava ouvindo uma música no computador. Não poderia ser mais catastroficamente perfeito. Ou, como diria o velho Crumb: "How goddamn perfectly delightful it is to be sure".

(Tentei traduzir, mas invariavelmente perde a sonoridade mântrica. Seriamais ou menos, "que maldição perfeitamente deleitosa é ter certeza".)

Mas tudo bem, à parte o travo amargo na língua, há a certeza de uma onda mais profunda que essa se formando no mar. Não é assim, Sting?

Vamos a letra. Salve, Calamaro!

Flaca

Andres Calamaro


Flaca no me claves
tus puñales
por la espalda
tan profundo
no me duelen
no me hacen mal

Lejos
en el centro
de la Tierra
las raíces
del amor
donde estaban
quedarán

Entre el no me olvides
me dejes nuestros abriles olvidados
en el fondo del placard
del cuarto de invitados
eran tiempos dorados
de un pasado mejor

Aunque casi me equivoco
y te digo poco a poco
no me mientas
no me digas la verdad
no te quedes callada
no levantes la voz
no me pidas perdón

Aunque casi te confieso
que también he sido un perro compañero
un perro ideal que aprendió a nadar
y a volver al hogar
para poder comer

Flaca no me claves
tus puñales
por la espalda
tan profundo
no me duelen
no me hacen mal

Lejos
en el centro
de la Tierra
las raíces
del amor
donde estaban
quedarán

...

É isso aí, pe-pe-pessoal!

22 agosto 2003

Herança maldita

Deu no Globo de hoje:

Testes descartam gravidez de Rosinha

Graças a Deus, seremos poupados de mais um rebento dessa linhagem.

João Ubaldo Ribeiro

E por falar em ABL, vale a pena reproduzir o libelo do Ubaldo contra FHC, por conta da reeleição deste. É uma das porradas mais diretas e classudas que alguém já deu publicamente. Deve ter estragado o domingo do hômi.

O artigo foi publicado pelo Globo em 98, mas o estadão, que também mantém uma coluna do imortal baiano, vetou o texto. Cen-su-rou-o.

Garanto que não é potoca de internet, como os textos atribuídos ao Ziraldo, Millôr, Mários Prata e Quintana, onde fica patente a falta de estilo. Esse é véro. Atesto e dou fé. Vamos a ele:

Ao senhor presidente

João Ubaldo Ribeiro

Senhor Presidente,

Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.

Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública - o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.

O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, tem Maquiavel na cabeceira da cama. O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.

Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.

Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vagabundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.

Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei deferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.

...

Deve ter doído um pouco nesse ego inflado, héin Efeagá? Tu bem que podias acabar o mandato em Paris sem essa, né?

Academia Brasileira de Letgas

Pára tudo! Marco Maciel é candidato à ABL!

Não é possível que o Lapiseira, o político sombra, que mantém-se sorrateiramente no poder há quase 40 anos, consiga infiltrar-se lá também.

Alô, Jaguar! Ovo nesse cabra!

Da série "notícias velhas"

Bem que o palco do Municipal podia ter caído com o Gerald Thomas em cima!...

21 agosto 2003

Bordunadas de volta

Estranho, as bordunadas misteriosamente voltaram às páginas. Estou mais tranqüilo agora, certo de que ninguém terá novamente o direito de comentar as besteiras que escrevo.

O melhor disco do Pink Floyd da semana

Não gosto mais tanto de Pink Floyd quanto no passado, quando o The Wall era capaz de expressar todas as minhas angústias adolescentes. Depois que cresci, aprendi que certas coisas na vida não precisam de tanto peso, e passei a achar o Roger Waters um mala sem alça. E o Pink Floyd ficou relegado ao hall das lembranças "carburadas".

Mas outro dia, sei lá porque, me deu vontade de ouvir o Meddle. É aquele que tem uma foto indefinível, mas abrindo a capa dupla do LP, via-se que era uma orelha. Se não me engano, submersa. é de 71, acho. Enfim, esse disco andou lá em casa há um tempão, emprestado por alguém. Devolvi-o, mas sem prestar muita atenção. Só lembrava que a onda era boa. E no geral, continua sendo.

Ele passa igualmente longe da chatice-psicodélica-interminável do começo da carreira, e da choradeira recalcada do Roger Waters no fim. Nessa época o Syd Barret, o grande responsável pelas "viagens", já tinha ido para o vinagre, piradão, mas ainda tem uns climinhas estranhos. O fim da Echoes é meio Bruxa de Blair misturado com Os pássaros e Arquivo X.

No entanto, há canções bem legais. Um pop melosinho gostoso, de tarde de mormaço. Estou preferindo ele ao Dark side of the moon, muito grandioso, mas que de tão tocado, perdeu um pouco o viço.

Destaque para San Tropez e Seamus, um bluesinho sem vergonha sobre um cachorro uivando para o poente. Se eu tivesse saco pra ter cachorro, daria o nome de Seamus (Xêimas, se diz).

Os pianos da minha vida

Estava agora ouvindo uma sonata do Brahms baixada do Kazaa que quase me leva às lágrimas (para ser mais exato, a Sonata No. 3, Op. 108 in D minor - II Adagio). E cheguei à conclusão de que tenho um xodó especial por pianos.

Debussy, as sonatas do Beethoven, Mozart, o cravo do Bach (ok, cravo é outra coisa). No jazz, Count Basie, Dave Brubeck, Oscar Peterson, Herbie Hancock, Bola de Nieve. E dos brazucas, Villa-Lobos, Tom Jobim, Egberto Gismonti e Hermeto Paschoal (por que não?). É claro que tem outras coisas, outros ritmos e instrumentos que gosto, mas pode-se dizer que há um padrão aí.

Não sou um grande conhecedor musical, mas me considero um curioso. Sempre que ouço algo que me interessa, tento descobrir o que é, perguntando e procurando. Às vezes só saio da sala de cinema depois dos créditos das músicas. Isso já me rendeu boas descobertas, como o ska gostoso do Desmond Dekker (Israelites, em Três formas de amar, nos créditos finais), o proto-rap-funk do Gil Scott Heron (The revolution will not be televised, no Ali e, se não me engano, Malcolm X), o raggae malandro do Third World (Reggae ambassador, de um filme do Ali G, um comediante inglês figuraça). E mais uma pá de coisas.

Para voltar aos pianos, as próprias sonatas do Beethoven eu descobri num filme dos irmãos Cohen, O homem que não estava lá. Acho que o único filme que eu vi com o Billy Bob Thorton. Triste, sombrio, preto e branco e, de uma maneira torta, bonito de doer. (Um dia falo da minha admiração pelos irmão Cohen.)

Descoberta feita, fui ao "São Kazaa" e comecei a procurá-las. E no meio, algum gaiato ou desavisado nomeu a sonata do Brahms como do Beethoven. E aí eu conheci o talento desse compositor, que até então era apenas um dos apelidos pra maconha. Como "brenfa", por exemplo.

Me lembrei (de que não se começa frase com pronome oblíquo) do Bruno Herman e do Marcio Tuchê, que ouviam Brahms fumando charutos e tomando chá.

Taí, quando me mudar, vou defumar o cafofo com um "puro" que ganhei de aniversário. Ao som de Brahms, lógico.

Mistééééério...

A área para comentários do blog sumiu. Por que? Vou perguntar pro Dude, my man on computers.

Não que ninguém tivesse feito comentário. É que ninguém tinha feito mesmo. Mas mesmo assim eu gostava de abrir a página e descer tudo, em busca de alguma luz nessa imensa suruba que é a internet.

Mas agora, cá estou eu de novo, na certeza da solidão que me consome a alma.

Paro, olho, penso e quase gosto...

20 agosto 2003

Lourenço Mutarelli

Falei no Cybercomix no post passado. Se ninguém (tem alguém aí...í...í...í...?) se dignar a linkar, procure as historinhas do Lourenço Mutarelli.

Topei com o trabalho do Lourenço lá pelo fim dos 80/início dos 90, na época em que a Abril publicava Moebius pra vender em banca de jornal! (Bons tempos da primeira bienal de quadrinhos...) Tinha revistas pipocando por todos os lados. Além da Chiclete (com Banana, para os não iniciados) e Circo, tinha Animal, Porrada, Abutre, e até umas revistas do Crumb, da editora Press, traduzidas em paulitês (é, be-lô!).

Enfim, fui no meio dessa salada que descobri o cara. E não gostei. Só pra ilustrar, o título mais light dele era "O cachorrinho sem pernas". Sem falar numas que tinham delírios suicidas, crises de depressão, psicose e coisas do gênero. Era pesado, os desenhos distorcidos, mais ainda assim, tinha uma ironia meio hipnótica. Sabe aquelas coisas grotescas que você tapa o rosto pra não ver, mas afasta um pouco os dedos pra deixar uma fresta? Pois é, assim era o velho Muta.

Depois dessa fase, passei anos sem ver nada seu. Até que a Trip publicou uma entrevista no ano passado. Muito boa, por sinal. Entre outras coisas, explicava a origem sombria dos desenhos. Tô sem saco de contar, mas no link acima tem umas pistas. O cara era saudado como novo fodão dos quadrinhos, premiado, o escambau. Além de ser um dos poucos que estava publicando álbuns, o que hoje no mercado editorial de hoje, é uma aposta forte.

Não resiti e comprei "O dobro de cinco". E gostei pracará. O cara tá muito bem, de traço & texto. É a primeira parte da trilogia com o detetive Diomedes, que como o autor, é aficionado por tangos argentinos. Tem umas coisas com tarô, outra paixão do Mutarelli. A esquicitice continua, mas direcionada, canalizada para o fluxo narrativo, mas ainda tá toda lá, nem um pingo foi diluído.

Faltam os outros dois. Mal posso esperar pra comprá-los.

Coisas que eu gostaria de ter escrito

Muito trabalho nos últimos dias. Apesar do pouco tempo de escrita aqui, creio que já posso desenvolver uma teoria. A quantidade de coisas copiadas é inversamente proporcional ao tempo disponível. Ou seja, não pude escrever, copio.

Ou vai ver eu não tenho muito o que dizer mesmo, o que é muito pior. Enfim, estava voando por aí e encontrei um texto interessante do Caco Galhardo. Pra quem não sabe, ele é o autor dos "Pescoçudos", uma tirinha publicada na Folha de São Paulo. Todos personagens na tira tem o pescoço jogado pra trás, o que os faz olhar pra cima o tempo todo. Estranho. No começo não gostava. Aquelas cabeças viradas me incomodavam e eu não entendia o porquê. Talvez seja alguma gíria dessa estranha cidade ao sul do Rio.

Só depois de insistir é que fui ganho pelo texto. E o traço do cara é original, justiça seja feita. De qualquer forma, já vi outras coisas dele e pude constatar que ele desenha melhor do que na tira. No Cybercomix tem uma mostra.

Mas vamos logo ao texto. Achei muito divertido. Tem gente que consegue se expressar bem de uma maneira, mas não consegue de outra. O Gil, por exemplo: faz lindas canções, tem um suíngue filadaputa, mas bota ele pra falar. Até que nos últimos tempos ele andou melhorando (liturgia do cargo?), mas antes era tão esquisito que o Chicanysio fez até um personagem imitando-o.

Já eu, por exemplo, escrevo médio e falo de forma um pouco confusa, principalmente para explicar alguma teoria das coisas do mestrado. Tem gente que sofre comigo, porque eu pego mesmo pra Cristo. E insisto. Mas o Caco manda bem de traço & texto.

Ei-lo:

A melhor comemoração de gol de todos os tempos

Caco Galhardo

Eu sempre penso que não deve haver emoção maior do que marcar um gol em um estádio lotado. O som da bola estufando a rede e no mesmo instante, milhares de pessoas explodindo com o grito de gol. Aí você sai correndo feito louco pelo gramado e é abraçado por um monte de gente. Dá de dez em qualquer orgasmo múltiplo.

Há várias maneiras de comemorar um gol, e cada jogador inventa a sua, fazendo dela sua marca registrada. O soco no ar de Pelé, por exemplo, virou uma imagem histórica. Já o aviãozinho do Ronaldo, confesso que acho meio bunda. O Bebeto embalando bebê então, chega a ser deprimente. Legal mesmo são as danças dos africanos na bandeirinha de escanteio.

Tem uma que é esquisita, a comemoração do Rivaldo. Ele cobre a cabeça com a camiseta e sai fazendo aviãozinho. É uma das mais feias de ver, mas cheguei à conclusão que deve ser a mais legal de fazer. Porque cobrir a cabeça, abrir os braços e sair planando pelo imenso gramado, não ver nada na sua frente e só ouvir a galera alucinada, deve ser uma das melhores coisas que alguém pode fazer na vida.

Então meu voto da "Melhor Comemoração de Gol" vai para o Rivaldo. É uma das mais feias, mas na minha opinião é a melhor. E quantas coisas na vida não são assim? Feias e boas pra cacete! Qualquer genitália está aí para comprovar!!!

Isso me fez lembrar de um episódio de uma série engraçadíssima chamada "Segura a Onda", que passa na HBO, em que um cara expõe sua teoria sobre a relação das mulheres com o pênis: o órgão masculino é tão feio, tão feio, que a única maneira de uma mulher se relacionar com ele é gostando muito do homem inteiro. Senão não dá. Por isso que mulher tem que gostar pra transar, senão não aguenta lidar com aquela coisa horrível!!!

Voltando à vaca fria, da próxima vez que entrar em campo para jogar bola, vou testar a comemoração do Rivaldo. Difícil mesmo vai ser marcar o gol, que sou aquele exímio perna de pau. Sou tão grosso que detono todo mundo. Não na maldade, é na ruindade mesmo, dando atropelão, cabeçada, canelada. Na última vez que joguei futebol, quebrei o nariz de um amigo. Eu parti com a bola dominada em direção ao gol e enfiei a testa no nariz do Felipe. Depois dessa, aposentei as chuteiras e nunca mais cheguei perto de uma bola.

Bem, acho que o mundo realmente não está perdendo nada com isso! E pronto! Beijo do pescoçudo e até a semana.

18 agosto 2003

Dedicatória

Alíás, o autor quase acertou no título de C.J. Eu diria C.G.

Mas tudo bem...

Dia cinza

Dia estranho. Bonito lá fora, cinza aqui dentro. Não dormi de noite, salvo cochilos esparsos. Saí da casa de mi madre a las cinco y media, tomei um ônibus e vim pra cá. No caminho, perguntas igualmente cinzentas:

Por que quem acorda mais cedo pra trabalhar é mais aviltado?
Por que a pobreza, além de sórdida é feia?
Por que é tão difícil fazer o que se deve, fazer o que é certo? (Agora, ao digitar essas mal traçadas, finalmente entendi o texto do Agha que falava sobre a liberdade de não se ter escolhas.)

A única coisa boa foi ter chegado em casa e descobrir que meu primo devolveu os CDs do Fito Paez e dos Fabulosos Cadillacs. Tava com muita vontade de ouvir este, que é La marcha del golazo solitario. Pra quem não conhece, é um grupo argentino autor de Matador, música que embala o trailer do filme do Homem do ano (que ainda não vi). É uma porrada!

O Bloco do eu sozinho, daquele grupo de rock formado por antropólogos amigos da Regina Casé, Los Hermanos Viannas, bebeu forte no La Marcha...

Tem algo que detectei - ou interpretei asim, se prefereirem - permeando mais ou menos o disco inteiro o tema da transformação. Todas as músicas tratam de nascer, lutar, triunfar pela felicidade, ressuscitar. Meio melancólico, mesmo quando é animado. Quase sublime.

De duas músicas que gosto muito. Alíás, de várias. Mas duas eu quero transcrever as letras. Duas, não: três. Cada uma, à sua maneira, com o estado de espírito que me vem embalando nos últimos tempos. Quem sabe, saberá. A seguir:


C.J.

Tengo un lugar lejos de todo
Lejos, nunca nadie estuvo ahí
lo guardo aquí
Dentro de mí
No hay tiempo, ni prisa, ni fin

Vivir allí con vos
Crecer juntos los dos
Olvidarnos todo, morir de amor
Saber si hay, vida normal
Afuera de mí, soledad

No le tengas medo al abismo
Es el vacío después de reír
Lo llevo aquí
Dentro de mí
No hay tiempo, ni prisa, ni fin

Vivir allí con vos
Crecer juntos los dos
Olvidarnos todo, morir de amor
Saber si hay, vida normal
Afuera de mí, soledad


Roble

Ya cayeron hojas secas
el frío del invierno va a venir
fué el otoño el último calor de abril
y el árbol duerme y muere
sin resistir, sin morir
sólo soñar con la lluvia lo lleva a revivir.

Ya no quedan hojas secas
el viento las llevó lejos de mí
veo al roble solo descansar del fin
y el árbol duerme y muere
sin resistir, sin morir
roble sin fin, vos sabés lo que es morir
descansa y duerme hasta que
el bosque azul de los robles sagrados
despierten de su sueño.

Y el árbol duerme y muere
sin resistir, sin morir
roble sin fin, vos sabés lo que es morir
descansa y duerme hasta que
el bosque azul de los robles sagrados
despierten de su sueño
y salga el sol.

Cebolla, el nadador

Braceo en aguas flojas
cruzo a nado el ancho mar
(a nadar, a nadar, a nadar)
voy a nadar, sin descansar.

Voy a bracear
a cruzar el ancho mar
y en la costa
me espera
mi vida.

Poner el cuerpo en rojo
en rojo
somos sólo un sentimiento
(a nadar)
como olas que vienen
(a nadar)
y que van
(a nadar)
(a nadar, a nadar, a bracear)
voy a nadar, sin descansar.

Voy a bracear
a cruzar el ancho mar
y en la costa
me espera
mi vida.

É isso aí, pe-pe-pessoal!

Amanhã será um outor dia, e esse sentimento de que a vida está escorrendo pelos dedos vai dar lugar a uma flor radiante. Minha vida.

16 agosto 2003

Madonna 3, o Retorno

Ei! Tem um clipe em que aparecem uns Mevlevi dançando! Tudo bem, os dervixes tão super-estilosos, de óculos escuros e o escambau, mas tão lá, rodando direitinho.

Pô, acabou o programa e não passaram American Pie. Não que eu goste assim da música, é que nele tem a Madonna saltitando, numa camisetinha sem sutiã que vou te contar...

Aliás, a camiseta feminina sem sutiã foi a contribuição mais valorosa e sensata dos estilistas ao mundo.

Sei que estou soando meio tarado hoje, mas em minha defesa saco da cartola o mestgue Nelson Rodrigues: “eu não seria nada sem as minhas obsessões”.

Madonna 2, a missão

E tem mais. Comecei a entender o valor dos pêlos no corpo feminino (qualquer pêlo, em qualquer lugar) naquele ensaio que a Playboy publicou da Madonna antes da fama.

Aquele sovaco cabeludo me atingiu com a luz de uma epifania. Posso claramente afirmar que minha vida, minha compreensão do sexo e da sexualidade divide-se entre antes e depois do sovaco da Madonna.

Até hoje as imagens estão marcadas a cinzel no meu cerebelo. nunca mais fui o mesmo, e posso afirmar que ali comecei a me perder...

Madonna

Tô na casa da mamma hoje. A MTV está exibindo um monte de clipes da Madonna, de todas as fases. Tem umas músicas até bem legaizinhas, mas o acontecimento mesmo é a própria. Tem seus méritos por estar há quase vinte anos a mídia etc., mas principalmente, por continuar um pitéu. Numa combinação entre vulgaridade ?tabefe-na-cara? e um certo toque de classe, Madonna é sempre um tesão.

Lembrei-me agora (de não começar frase com pronome oblíquo) da cena de abertura do Cães de Aluguel. Os caras discutindo sobre o significado de Like a Virgin é um clássico. Alguém levanta a teoria, bem plausível, de que a mulher está falando sobre um cara que tinha um pau tão grande, que faz com que ela se sita uma virgem de novo, ?tocada pela primeira vez?. Genial!

Não acredita? Vai ver a letra da música...

Pena que o estilo do Quentin Tarraqueta redundou num pastiche de si mesmo. Como um ator de vaudeville, caiu na besteira de dar ao público o riso fácil, mais e mais.

Ah, foda-se também. O cara tá com a burra cheiro de dinheiro, pagando nêgo pra coçar o saco dele, e eu aqui, a pão e laranja. Cada um sabe de si...

Mas os dentinhos separados da Madonna...hummm...

15 agosto 2003

Grandes micos do passado

Uma vez eu quase levei uma porrada de um galã em ascensão da Globo. Foi em 1993. Ou 94.

Eu e um grande amigo de infância estávamos na época namorando duas amigas. Numa sexta à noite, tínhamos marcado os quatro um encontro no saudoso Caneco 70.

Aproveitando o friozinho e onda de transgressão que atravessávamos, enchi uma garrafa de gueitoreide com uma vodca, tarrada lá de casa. E seguimos, os dois patetas, meu chapa e eu, às talagadas. Chegando lá, oi, e aí, tudo bem, dois beijinhos etc., e o chope começou a descer. E descia como água. De lá a uma meia hora, já estávamos a alguns graus de felicidade acima da humanidade.

Paga a conta, as meninas, claro, resolveram comer um docinho, e fomos para uma confeitaria que fica na rua entre a Pizzaria Guanabara e o Diagonal. Ela tenta passar um clima entre casa de vó de comercial de TV e café colonial, e tem uma varandinha com um banco de cada lado, marcando os limites da entrada. Enquanto meu amigo sentava-se com a namorada dele, eu ainda estava de pé, com a minha.

Aí aconteceu. Passou pela frente da loja o tal galãzete, acompanhado de um outro ator, cujo papel mais relevante foi ser filho da Betty Faria numa novela. Eu, no auge da virulência e falta de noção etílica, comento com a menina:

- Esse cara é o maior boiola da paróquia.

Ela, que também já não devia andar bem das pernas, foi até a calçada procurar o cara perguntando "ué, cadê o Fulano boiola?"

Quando ela voltou, não é que os dois vieram também? O tal boiola, que fez a versão jovem de um outro galã numa novela, partiu pra cima de mim e espetou o dedo na minha cara, gritando:

- Qual é, mermão?! Tá me chamando de boiola por quê? Tá afim de chupar o meu pau?

Bom, nessa hora o meu sangue parou de circular e a pressão foi parar lá no dedão do pé. Eu tirava um cigarro do bolso na hora, e enquanto o amigo dele tentava ser conciliador, falando "qualé, cara, admite que 'cê foi babaca!", só consegui babulciar:

- Tem fogo?

Aí o galã ofendido deu um tapa nos meus óculos, que voaram longe. Nesse momento, saí do meu torpor, mas micronésimos de segundos antes de reagir, dois pensamentos espoucaram na cabeça:

1- se esse cara pisar nos meus óculos, eu dou uma porrada nele. (Tinha acabado de ver aquele filme do Woody Allen em que ele faz um ladrão que tenta fugir de um presídio, mas sempre é recapturado, e um guarda tira os óculos dele e pisa. O que para mim virou sinônimo máximo de humilhação.)

2- se eu der uma porrada nesse cara, vamos criar um tumulto dos diabos. Aquela patrulhinha na esquina vai nos levar pra DP e amanhã já posso ver as manchetes do Povo: "Galã de novelas se envolve em briga com namorado ciumento". Não, obrigado. Isso não era para mim.

Ah, também pensei que se desse uma porrada, tinha que acertar na cara, para ele gravar a novela de pancake, disfarçando o olho roxo.

Para sorte de todos, ele foi embora depois do esporro. Meu porre também. Fiquei caretinha, caretinha. Nos olhamos e rimos, de nervoso. Aí meu amigo me sai com uma pérola:

- Quando ele veio vindo eu disse, não tenho nada a ver com isso!
- Ah, filho da puta! quer dizer que tu ia me deixar cair no pau sozinho, seu viado?
- Eu ia. Foi você que falou, pô.
- Mas se fosse o contrário eu te ajudava!

Ele ficou quieto. E apesar disso, continuamos amigos até hoje.

O galã fez mais algumas novelas e depois sumiu. nunca mais se ouviu falar dele. Coitado, não deve ter dado para as pessoas certas lá na Globo.

Bem feito.

Correção de post

Existe algo como a "síndrome da correção"?

Toda hora que entro na página, dou uma corrigidinha num texto, mudo uma palavra ou descubro um errinho de sdigitação.

Chega! Juro que de agora em diante só vou mexer três vezes em cada post.

Graduação pra cima

Dudu, mais conhecido como The Dude, meu brou e anjo da guarda informático, deu um trato na minha Borduna! (epa!)

Agora, ninguém que ler a página vai poder dar sua própria bordunada. E além de poder checar o blog dele e o que ele tem com a patroa, ninguém também vai saber um pouco com o que eu perco meu tempo quando estou na rede.

Se não fosse ele, eu jamais conseguiria sozinho. Uma salva de palmas, que ele merece.

Valeu, Dude! Vou te incluir sempre nas minhas orações.

Um beijo na...testa!

Quaquaraquaquá

Legenda de foto na página 30 do Rio Show:

"Cecil Thiré finge que é gay (sic) a partir de hoje no Teatro Leblon".

...


Ah, a peça é "O dia em que Alfredo virou a mão", do mestgue João Bethencourt.

14 agosto 2003

Muito além do dr. Roberto

Por conta do passamento do dr. Roberto, o Centro de Mídia Independente disponibilizou o documentário Muito além do Cidadão Kane, de Simon Hartog sobre a Rede Globo, produzido para o canal 4 da BBC.

Mas antes que a empolgação tome conta de vocês (tem alguém aí fora?), são quatro arquivos de marromenas 100 MB CADA! É, compadres, haja saco. Ainda estou nos 30% do segundo, com mais de meia hora de download. Com sorte, termino antes de completar 85 anos.

O doc tá fazendo exatos dez anos, e tem algumas informações meio defasadas, por ter sido realizado na pré-história da pulverização da audiência causada pelos canais a cabo. Mas apesar das deficiências, é muito bem produzido e, até onde eu vi, imparcial. É um documento fundamental, e na página para o download tem uns links contando a história de sua proibição no Brasil.

Uma das pérolas que pude assistir até agora é o depoimento do dr. Armando Falcão, Ministro da Justiça do governo Geisel (1974-1979) e autor da famigerada Lei Falcão, contando, textualmente, que "O Globo tinha uma posição de apoio aos governos revolucionários (sic), porque o Dr. ... o jornalista Roberto Marinho apoiou a revolução (sic) de março de 1964 desde antes de ela eclodir. Ele foi revolucionário (sic) de primeira hora."

Óbvio, mas não menos assustador. Ainda mais vindo de quem vem...E o melhor é ouvi-lo chamando o hômi de dr. e consertando-se em seguida.

Caso o CMI tire do ar, estou estou disponibilizando tudo no kazaa. Vale a pena ver e espalhar.

Cinema da retomada ou retomada no cinema?

Li hoje no Globo a matéria com o Claudio Assis, diretor do Amarelo Manga. Já li outras declarações suas, e pessoalmente, gosto do estilo. É ácido, debochado, sem papas na língua e, aparentemente, fala na cara.

(Se bem que eu achava isso do Lobão, mas quando a Trip botou ele e Caetano cara a cara, o tom conciliatório e rasgação de seda de ambos os lados dominou o encontro, deixando o fedor característico de briga marketeira.)

Mas voltando à manga amarela, a irreverência nervosa do Claudio Assis me lembra um pouco o Glauber Rocha. Não que eu saiba muita coisa deste, além do que li nas cartas compiladas em livro pela Ivana Bentes e no Rocha que Voa. Mas a impressão é de semelhança.

Ainda não vi o filme, mas pretendo assisti-lo assim que possível. Parece que tem uns lances meio escatológicos etc. Tomara que não seja estilinho gratuito pra chocar. Estou ansioso, mas não quero criar muitas expectativas.

De qualquer forma, acho mesmo que tirando Beto Brant, Carlos Gerbase e o Jorge Furtado, esses cineastas brasileiros estão precisando mesmo tomar uma retomada no escurinho do cinema.

Lista de livros

Tava lendo o blog do João Ximenes Braga (ê, moleque, trabalhar que é bom...), no Globo e pintou uma lista de livros. Fiquei tentado. Aí vai, por ordem de lembrança, e não de importância:

A sociedade contra o Estado, Pierre Clastres (esse é hors-concours, nem devia entrar), Ilíada, Homero; A Pedra do Reino, Susssuna; Viva o Povo Brasileiro, Ubaldo; Of Mice and men/ Cannery Row, John Steinbeck (tenho uma edição pocket com os dois); Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley; Pergunte ao Pó, Fante (infelizmente não li a tradução do Leminsky - ainda), tudo e qualquer coisa do Nelson Rodrigues (em especial o Óbvio Ululante), A Festa, Ivan Ângelo; Discurso da Servidão Voluntária, La Boétie; Vidas Secas, Graciliano Ramos, e um que me surpreendeu e pelo qual desenvolvi um carinho especial, Síndrome de Quimera, do meu amigo Max Mallman.

Certamente li muitas das Grandes Obras, mas acho que esses resumem essa mistura revoltada de pseudo-erudição e completa obviedade pop que sou.

Tem um outro, que não me listei mas que me marcou pelo resto da vida: "Era Urso?". Não sei quem é o autor, li quando ainda era bem pequeno, mas tanto a história quanto os desenhos foram determinantes na formação da minha personalidade. Podem rir. Estou à cata de comprá-lo de novo. Em outra ocasião falo dele.

Tim Maia Racional 2

O Tim gravou dois discos, em 1975 e 76, com o título de Tim Maia Racional, Volume 1 e 2. dali saíram pérolas que agora neguinho tá descobrindo e gravando. A Gal Costa quase conseguiu estragar Que Beleza, outro dia li que o Pedro Luís & Parede gravaram outra, e parece que o insosso Toni Garrido está fazendo ou fez um show com músicas dos discos. Perdoai-o, senhor, ele não sabe...

Apesar clima de fanatismo nas letras, as músicas transbordam melodias lindas, cheias de cordas, acordes maiores e suíngue boa onda. Mas, volto a repetir, as letras...veja abaixo.

Quem estiver se perguntando sobre que porra é essa de universo em desencato e cultura racional, pode dar uma fuxicada aqui , nessa matéria do Silvio Essinger ou pode procurar a matéria da Trip de outubro de 2001 sobre o Tim dessa época. Procurei na rede, mas neca.

Saca só o clima:

Que legal

A Cultura Racional
É cultura sem igual
É cultura do desencanto
É cultura transcedental

Linda cultura foi feita pra gente saber
De onde viemos pra onde vamos voltar
Linda cultura foi feita pra desencantar
Pra toda tristeza do mundo se acabar

Todo mundo vai saber
Muita paz, muita união
Universo em Desencanto
Venha logo, vamos irmão

Saber de tudo, de toda beleza real
Ficar integrado na fase que é racional
Venha comigo andar na estrada do bem
E com consciência livra-se de todo mal

Quem não quer vai ter que ler
Se não torna a nascer
Nessa vida de armaguras
Leia logo para saber

saia depressa dessa fogueira infernal
E vá habitar o seu mundo que é natural
Resolva logo, não fique parado a pensar
O que interessa é a gente se imunizar.




Tim Maia Racional

Pourra, eu já gosto de Tim Maia, mas nos dois volumes do Racional, da época do Universo em Desencanto, ele se superou. O cara tava mesmo ins-pirado. São o que há de melhor em suíngue, pau a pau com o melhor Sly & the family stone e genéricos.

Tá tudo no Kazaa. basta baixar e curtir. Como diria o Tim, não perca tempo. Até porque os discos, se vc os conseguir achar em sebo - em São Paulo - não saem por menos de 100 paus cada.

Então, meus velhos, pau no cu da indústria fonográfica.

Tourette na cabeça

Sempre pensei que se algum dia eu tivesse (ou tiver, nunca se sabe o dia de daqui a cinco minutos) que surtar, gostaria que fosse de uma síndrome de Tourette básica. Não vou dar grandes explicações científicas, porque sequer as tenho, mas na minha leiga ignorância, Tourette é um distúrbio que leva o sujeito a vários comportamentos compulsivos, como lavar a mão o tempo todo, não pisar nas riscas da calçada etc.

Mas o que mais me fascina é a capacidade de fazer barulhos estranhos e falar umas coisas fora de hora, geralmente palavrões. Do nada. Imaginem, o sujeito está indo comungar, chega na frente do padre e solta um "vápraputaquiupariu!". Genial!

Pois bem, ontem eu estava assistindo ao Jô Soares (pois é, ainda faço isso, já devia ter perdido essa mania) e uma das convidadas era a Luciana Vendramini. Quem está na faixa dos trinta, como eu, deve lembrar daquele pitéu que saiu na Playboy lá pelo fim dos 80/começo dos 90 do século passado. Caralho, século passado...

Apesar do sobrenome de remédio para enjôo, ela foi a musa de uma geração de punhe...ehrm, de jovens virgens e sonhadores. E ontem ela estava na TV, já um pouco sambada, mas ainda linda. Sambada não, é sacanagem. Menos quimérica, mais mulher de carne e osso. E que carne!

Além de contar que tinha apenas 16 ANOS! quando posou pra Playboy, falou de uma história que eu ouvira en passant (é assim?) há muito tempo: que ela teve uma espécie de Tourette. Um desequilíbrio físico-químico que a fazia traçar uma lógica absurda entre eventos e coisas.

Por exemplo, uma vez ela achou que devia sentar numa cadeira ao mesmo tempo em que uma porta era fechada. Então, fez a irmã fechar a porta umas 15 vezes, até que a sincronia entre o som da batida e a sentada fosse perfeita. O Jô perguntou do "Melhor, impossível", aquele filme com o Jack Nicholson. Ela disse que foi assistir por recomendação de amigos, mas que foi um problema: só podia sair da sala de projeção depois que os créditos terminassem, porque não havia música quando entrou, então tinha que esperar acabar para deixá-la. E por aí ia.

Tenho um certo fascínio por esse tipo de coisa. Traçar lógicas incongruentes, ver e ouvir pessoas que não existem, etc. Mas sei que é um tormento conviver com isso. Eu mesmo não tinha muita paciência com um amigo que passou um tempo meio Tourette. Ele roía a pele da articulação dos polegares, e às vezes repetia o que era falado, num som baixo e gutural. Ir ao cinema com ele era um inferno! O cara reproduzia os diálogos do filme o tempo todo. Putz, como a gente o sacaneava por isso. Não sei se foi a nossa pressão, mas um dia ele parou. Geral. E acredito, sem precisar tomar nada, o que é muito espantoso, tendo em vista que o problema é orgânico. Uma descompensação de enzimas, sei lá.

É isso. Se algum dia eu pirar, pode apostar que vai dar Tourette na cabeça!

13 agosto 2003

A fábula do contador de histórias africano

Tem coisas que só acontecem comigo...

Sábado uma amiga me convidou para assistir na Uni-Rio a uma oficina de um contador de histórias africano, que também trabalhava como ator na companhia de teatro do Peter Brook, o papa do teatro moderno. Apesar das minhas restrições com relação ao teatro moderno, provavelmente um ranço atávico tijucano, fui. Ainda mais sendo o camarada muçulmano, descendente de uma linhagem real lá no país dele etc., achei que podia aprender alguma coisa. (Aliás, já viram a programação do Teatro do América, na Campos Sales? Vale a pena; sempre é espetáculo infantil, Agildo Ribeiro, umas peças com gostosonas tipo Analista de Bagé, ou pérolas como "A revolta dos Ânus acabou em...nádegas!". Genial!).

Saltei do ônibus e só a vista daquele morro atrás da faculdade e o cheiro de mato molhado de chuva já estavam valendo o programa. À medida em que ia chegando, as lembranças dos meus dois anos de estudante de cenografia lá vinham fresquinhas: como a de uma peça em que fiz o figurino, quando na noite da única apresentação acidentalmente esbarrei num fio e apaguei todas as luzes do palco por quase um minuto. Ou da vez em que eu e outro camarada (de quem continuo amigo), SEM QUERER fugimos com o dinheiro arrecadado para comprar mais cervejas durante uma festa no DA.

A palestra era na Sala Branca, exclusiva para dança. Vários guarda-chuvas na soleira indicavam o local. A princípio fiquei grilado de deixá-lo com os outros, já que nem meu ele era. Ainda mais que guarda-chuva, sabe como é, bobeou, ou perdeu ou alguém levou. Acabei cedendo. Perto da porta havia um mar de sapatos, e por causa do piso de madeira. Ao tirar meus tênis, vi que tinha um par igualzinho, só que bem mais ferrado. Não que os meus estivesse tinindo, pelo contrário, as duas solas haviam começado a soltar-se, mas eu as colara com cola de sapateiro, que aprendi a manusear nos tempos de teatro de bonecos. (A verdade é que já fiz muita coisa, um dia eu conto).

Não era exatamente uma palestra. O curso já vinha acontecendo há quase uma semana, e naquele sábado, as pessoas meio que agradeciam as aulas apresentando alguma coisa. Quando cheguei tava a Letícia Spiller recitando umas poesias dela, uma das quais inspiradas no Rumi. Não prestei muita atenção: só me lembrava daquele filme em que ela fazia uma beata careca (esqueci o nome) e na época da Babalu, em que eu até assistia a novela de vez em quando só para vê-la de vestidinho curto, pousada sobre aqueles tamancões (fetiche!).

Teve um cara que cantou uma música no violão e deu pro professor umas sementes de algodão, pois aprendera com ele que todo mundo é uma árvore. Uma menina interpretou dublagem da cena da apresentação dos filhos do capitão (coronel?), do Noviça Rebelde. Apesar de detestar o filme, até que foi bem engraçado. Uma mulher chorou ao contar que sua maior criação havia sido o filho, e que, depois dele, toda a arte seria secundária. Depois de cada um, o africano fazia um comentário. Mas o que mais me impressionou não foi o que ele disse, e sim, suas mãos. Compridas, finas mas ao mesmo tempo calejadas, como que entalhadas em madeira. Uma vez, na sala Cecília Meirelles, vi um molde das mãos de alguma pianista (para variar, esqueci quem era). Achei curiosa a homenagem, mas as mãos não me pareceram tão expressivas quanto às desse cara. Elas sim, mereciam um molde.

A coisa foi seguindo, e eu mais prestando atenção nas pessoas em volta do que no que estava sendo apresentado. Afora uma menina ruiva, que no fim trocou de roupa com a porta do banheiro aberta, e ficou só de calcinha para quem quisesse ver (já tinha me esquecido da falta de pudores burgueses do povo "ligado a teatro"), as mulheres não chamavam muito a atenção. Muitos estavam vestidos com roupas meio rasgadas e comidas de traça, do tipo que não entrariam na minha casa nem como pano de chão, e havia um certo cheiro de morrinha no ar. (Meu deus, estou ficando um caretaço...) Isso para não mencionar as crianças...

Elas corriam de um lado para o outro, falavam alto e atrapalhavam quem se apresentava, sem que seus pais fizessem mais do que repreendê-las sem muita convicção. Cutuquei minha amiga e disse: "começo a achar Herodes natural...". Ela riu, achando que eu estava brincando, mas tive vontade de pedir para os pais mandarem as Dandaras, Odaras, Anauês, Cauês, Amoras, Esperanças, Luans etc. brincar lá fora.

Mas foi no fim que houve o terror: meus tênis NÃO ESTAVAM onde eu os havia deixado! Alguém os levou, deixado o par ferrado para mim. Meu sangue congelou e segundos depois ferveu. Com uma ponta de desepero, comecei a esquadrinhar o chão em busca dos pés das pessoas, mas qual: o lalau já havia se mandado há tempos. Voei até a porta atrás do me guarda-chuva. Busquei nos bolsos um cigarro para ver se me acalmava, mas lembrei que havia esquecido o maço na casa da minha mãe. Não me restou alternativa a não ser calçar aqueles trapos. Não sei se há sensação pior que usar sapato dos outros. É tão invasivo quanto vestir uma cueca de alguém, com o agravante que sapatos nunca são lavados com a mesma freqüência de cuecas. Ou estarei enganado?

Para piorar, os sapatos ainda eram um número menor que os meus! Fui ficando puto, e minha amiga nada de ir embora. Eu queria contar-lhe minha tragédia, mas ao mesmo tempo não queria que ninguém ouvisse.

Quando enfim saímos de lá, ela estava maravilhada pela palestra, e eu, puto com a perda, ou melhor, com a porra do roubo dos meus tênis. Enquanto eu só pensava em aparecer lá no dia seguinte com um taco de beisebol para acertar a cabeça do filho da mãe, ela caminhava nas nuvens. E começou com um papo de "como as pessoas no Ocidente estão carentes de um mestre".

- É por isso que seguem qualquer besta quadrada com um discurso mais ou menos articulado sobre o universo e a natureza, grunhi. Não estava nem um pouco convencido de ter estado à frente de um "iluminado". - A culpa é dessa maldita cultura de individualismo desenfreado. Neguinho foi tão estimulado a acreditar que pode resolver tudo sozinho que perdeu totalmente a noção de comunidade. Aí se sentem perdidos, e acham que qualquer idiota que consiga juntar um grupo é um santo homem.

Foi mais ou menos asim que falei. Ela quis argumentar, mas a simples visão daqueles sapatos estropiados me fazia o sangue latejar nos ouvidos e perder a razão. Então, a partir daí eu ia embaralhando o que a gente dizia de tal forma que, em pouco tempo, só havia um novelo de idéias absolutamente confusas. É um talento que eu tenho, o de acabar com uma discussão tornando-a incompreensível. Quando o blá-blá-blá terminou, eu despejei minha ira contra o mundo. Reclamei da chuva, de toda aquela baboseira sentimentalista que ouvira à tarde inteira, das crianças piolhentas e de seus pais deslumbrados com o Sutiguê.

- O nome dele é Tiguê, ela corrigiu.
- Não, é SU-tiguê! Eu ouvi todo mundo falando. Até o cara que estava traduzindo, que parecia o bonequinho do arroz brejeiro, chamou ele assim, respondi.
- É Tiguê! É porque chamavam ele de Mon-SIEUR Tiguê! O som te confundiu.

Aí eu dei uma gargalhada. A explicação era ridícula, e fiz questão de deixar bem claro. - Então eles deviam era chamar ele de Seu Tiguê! Aê, Seu Tiguê, me vê dois quilos de laranja lima! Seu Tiguê, desce mais duas cervas pra nós! Pô, Seu Tiguê esse pastel só tem vento!

Ela agüentou com as minhas palhaçadas e riu também. Eu continuava, me dirigindo a um inerlocutor invisível:

- Pô 'cê não sabe. No sábado eu fui lá na Uni-Rio, na palestra do Seu Tiguê. Não, rapá, não é o Seu Jorge do Farofa, não. É o Seu Tiguê, lá do Peter Brook. É, aquele mesmo. O nome dele à vera é Tiguê. O "seu"´é uma deferência, é porque o cara é importante! Sério, mané!uma amiga jura de pé junto! Então, tava eu lá no Tiguê, aí porra, aquele negócio de teatro, né, aquela firula. Tinha que tirar o sapato pra entrar. Pois é, e 'cê acredita que no final acabaram levando meu pisante e deixando um outro igual, todo fodido e ainda por cima um número menor!!!

Rimos muito dessas besteiras. Mas todas as vezes que eu repeti Sutiguê naquela noite ela expirava o ar numa risadinha de desdém, pela minha ignorância do nome do sujeito. Fiquei quieto. Há anos nos conhecemos, e toda vez que surge uma questão desse tipo, ela faz questão de sustentar uma opinião contrária à minha, por mais errada que esteja.
Por exemplo, naquela cena do Pulp Fiction em que o John Travolta vai dançar com a Uma Thurman, o apresentador pergunta o nome dois dois, mas ELA mesma responde por ele, imitando sua voz. Pois bem, uma vez ouvindo o CD, comentei isso, mas mesmo ela ouvindo a voz da Uma Thurman, sustentou o contrário. Não houve santo que a convencesse.

Pois bem, dessa vez eu não estava disposto a ceder. No dia seguinte, entrei na Internet e busquei a notícia no Globo. O nome do cara é Sotigui. Sotigui Kouyaté.
Mandei para ela anexada a notícia depois desses comentários, que comemoravam triunfantemente a vitória da informação sobre a crença:

"Aí, não te falei que o nome do negão é Sutiguê!
Lê a notícia aí embaixo.
Monsieur Tiguê! Quáquáquáquá!!!! Monsieur Tiguê é o cacete!"

Vingança, afinal!


Bom, como isso foi escrito com o título de fábula, como tal, ela deve ter uma moral no fim. Como não havia pensado nisso antes, resolvi parafrasear o Nietzsche (tomara que ele não venha me puxar o pé de noite):

"Vais ao teatro? Não esqueças o chicote! E também de manter os sapatos calçados!"

"FOM"

Resolvi finalmente tomar vergonha na cara e começar a escrever. Normalmente só escrevo profissionalmente (mal) e às vezes, quando quero impressionar alguém (pior ainda). Mas pô, internet, essa facilidade de publicar, né? Por exemplo, se eu conseguir botar pelo menos um troço desses para rodar por dia, as chances de que algum dia saia algo que preste aumentam.

Isso me lembrou uma história em quadrinhos do Manara publicada na falecida ANIMAL. Um humano e uma criatura de outro planeta, membros de uma mesma tripulação, estão presas num planeta chamado Borges Profeta (hahaha, fina ironia), onde só tem um computador gigantesco, que fica incessantemente produzindo livros que não passam de amontoados de letras, sem obrigação nenhuma com as palavras, muito menos com o sentido.

Enquanto o humano se entrega ao niilismo e à cachaça, o outro inca venusiano fica procurando nos livros uma forma de deixar aquele planeta. Sua teoria é a de que, se tudo estava sendo escrito, em algum momento, algum livro ia dizer como eles podem escapar de lá. Enquanto isso, encontra obras magníficas e coisas incompreensíveis.

Dito e feito. O marciano encontra o tal livro e vai procurar o humano. Eles seguem as instruções, e com alguns percalços (por causa de erros de digitação, que alteram a realidade no que está escrito) eles conseguem botar a nave toda fodida para voar de novo.

Depois que saem da órbita de Borges Profeta, o humano, sempre de saco cheio, pergunta como é que o livro acaba. O lemuriano então solta um suspiro. O livro não tem fim. Tem FOM.






Para quem não entendeu, eles vão ficar eternamente girando no espaço. Legal, né?

Mas idéia é essa: quanto mais escrever, melhor. Alguém ter saco de ler é lucro.

Deu certo!

Legal! Deu tudo certo na publicação. Embora eu tenha achado as letras meio grandes. Não sei se é do tipo de template que escolhi. Vou apurar e ver se dá para mudá-las. Mas no geral, gostei. Agora só falta aprender a postar fotos. Me aguardem!

Testando: um, dois três...câmbio!

Isto é apenas um teste, um texto, um testemunho de como as coisas vão ficar na página.
Não entrem em pânico, permaneçam em seus lugares e eu garanto que tudo vai começar bem.

Essa já é minha segunda tentativa de iniciar um blog. Na primeira, inventei nome, cadastrei, mas tive problemas com acentos, cedilhas e que tais. Assim, até descolar um dicionário de HTML, medrei. E o tempo passou, e eu esqueci o nome escolhido, endereço, password e senha (na verdade, o nome eu não esqueci, mas vai que alguém dá um copyleft na minha idéia...). Enfim, ridículo total. Depois dessa confissão, acredito que vai ter gente (vai ter gente?) parando de ler aqui mesmo, porque, afinal, para que perder tempo com um energúmeno esquece o próprio password? Bom, uma vez também já quis dizer pia e tinha esquecido como se dizia pia, ou melhor, qual era o nome daquela cuba com duas torneiras em cima. Mas isso é outra história, e já estou divagando de novo.

O caso é que estou me aventurando por um terreno sobre o qual não tenho muita noção. Outro dia li num blog que não lembro o nome (desculpem, isso pode acontecer com frequência, mas sempre que possível direi a fonte), que blog sem tema é o primeiro passo para o fracasso. Que seja, então. Não sei ao certo porque comecei com isso, mesmo. Mas deu vontade, e escrever para si mesmo é meio chato. Mesmo quem faz diário deve ter um tesão encubado de que o encontrem para que seus segredos sejam descobertos, né? Ou será pelo exemplo da Clarah Averbruck? Não sei, ter um livro publicado é legal, mas pela fotos que vi, no momento preferia tê-la a tê-lo.

Bom, por enquanto é isso. Preciso ver como o texto vai ficar publicado. Antes tenho que salvá-lo para poder entrar com o HTML caso comecem a aparecer cifrões, asteriscos ou outros símbolos bizarros...E pensar no mole que eu dei quando nos quiseram ensinar HTML na faculdade e fizemos tanto escarcéu que o programa de aulas teve que ser alterado. Apertem os cintos, pé em deus e fé na tábua (se eu fosse judeu diria "fé nas tábuas", hahaha). Alea jacta est!